Mariando do verbo Mariar

Amanda Thomaz
Iandé
Published in
7 min readMay 2, 2020
Maria Eduarda Thomaz Freitas

Dia 04/04/2019 nasce quem seria a grande fonte de luz, força e energia em minha família, minha sobrinha Maria Eduarda.

Voltando para um mês mais ou menos antes do nascimento da Madu, minha irmã voltou para a casa da nossa mãe, onde também moro, para que nós pudéssemos ajuda-la mais na reta final de sua gravidez, e também porque meu cunhado trabalhava o dia todo fora e ela ficava muito tempo em casa sozinha fazendo home office.

As semanas foram se passando, e a 40º semana parecia nunca chegar. Minha irmã queria muito tentar o parto natural e também conseguir completar as 40 semanas de gestação. Ela virava a contagem das semanas toda quarta-feira, e no dia 03/04 foi à obstetra ver como estava a sua dilatação, já que naquele dia completava o ciclo seguro para o nascimento da bebê.

As notícias não foram as mais esperadas: ela não tinha dilatação nenhuma. Por recomendação de sua obstetra, ela saiu da consulta e foi para a maternidade para induzirem o parto, assim havia uma grande chance de conseguir o parto natural que era tão desejado.

Logo após sua internação, ela nos mandou notícias de que estava tudo bem e que já estavam instalados no quarto da maternidade. Por volta de umas 21 horas, eles começaram a induzir o parto, mas minha irmã só começou a sentir as dores de contração por volta das 2 horas da manhã do dia 04/04, quando o remédio começou a fazer efeito e a dilatação começou a subir.

Chá Revelação organizado por mim e pela minha mãe

Eu e minha mãe dormimos juntas naquela noite! Estávamos muito ansiosas e animadas para a chegada da anjinha que estava a caminho. Não conseguimos dormir muito bem, pois minha irmã pediu que nenhum de nós fossemos até o hospital antes de ela completar 7 cm de dilatação, então passamos a noite super ligadas no celular, e qualquer barulhinho já corríamos pra ver se estava tudo bem.

Levantei da cama por volta de 8 horas da manhã, mas minha mãe, vovó de primeira viagem, já estava de pé desde as 6 horas. Eu estava mais calma, fui meditar, fazer meus exercícios físicos e começar a me preparar para quando recebêssemos a ligação irmos até maternidade.

Estávamos em contato o tempo todo com meu cunhado, que acompanhava tudo de dentro da sala de parto, nos dando os updates do que estava acontecendo. Tranquilizadas, decidimos almoçar em casa pois o processo estava lento e ainda levaria mais um tempo.

Convidamos a mãe do meu cunhado para almoçar com a gente para irmos todas juntas à maternidade. Não muito tempo depois que a sogra da minha irmã tinha chego, Tia Fátima, fomos sentar na mesa para comer e depois juntarmos as lembrancinhas para levar, até que no meio do almoço recebemos uma ligação muito emocionada do Anderson, meu cunhado, dizendo que já podíamos ir pois a Madu estava chegando ao mundo.

Rapidamente terminamos de comer, juntamos tudo e pedimos um táxi! Lembro que não demorou muito para chegarmos na maternidade pois pegamos o corredor de ônibus vazio e logo estávamos lá para presenciar o nascimento de quem eu arrisco dizer, hoje, ser o serzinho mais importante e especial das nossas vidas.

O outono já se fazia evidente naquele dia. Chegamos lá e fomos logo para o quarto arrumar as lembrancinhas da visitas, e deixar o quarto decorado para quando minha irmã chegasse com a Maria. Era mais ou menos 14:30 e ela ainda não tinha conseguido dar a luz. Ficamos preocupados porque achávamos que estava demorando muito, pois ela já estava em trabalho de parto há 10 horas e achávamos que a neném já estava nascendo, uma vez que meu cunhado já havia autorizado que fossemos para a maternidade.

Todos estavam muito ansiosos, e ficar esperando dentro daquele quarto parecia mais torturante ainda, então descemos minha mãe, tia Fátima e eu para tomar um café. Confabulando na cafeteria sobre as várias possibilidades do “porque” ela ainda não tinha nascido, recebemos uma mensagem de meu cunhado dizendo que ela estava indo para a cesárea, mas estava tudo bem com ela e a Maria.

Primeira vez que foi na pediatra. Madu tinha 5 dias de vida!

Finalmente pudemos acompanhar por vídeo o nascimento da minha sobrinha e ela indo direto para o colo da minha irmã. Às 16:56 se iniciava aquele que foi sem sombra de dúvidas, o melhor dia da minha vida até hoje.

Mariana, mamãe de primeira viagem, demorou um pouco para ir para o quarto, pois era protocolo da maternidade, já que ela tomou anestesia para fazer o corte. Por volta das 21 horas, a porta do quarto se abre e vem em direção minha irmã em cima da cama segurando a minha sobrinha. É como se fosse hoje, vejo essa cena em câmera lenta na minha cabeça, e o único registro é a minha memória, é só fechar os olhos que a imagem vem. Larguei tudo o que estava fazendo para viver o momento presente e respirar toda aquela atmosfera de proteção, amor e aconchego que foi criado. É inexplicável ver a sua irmã carregando a filha que foi tão desejada. A imagem que tinha da minha irmã foi sendo reconstruída a partir do nascimento da Maria Eduarda, pois ali nascia uma mãe também, que foi guerreira na gestação inteira apesar de todas as dificuldades esperadas e se mostrou imbatível em suas 12 horas de trabalho de parto.

Férias de Janeiro de 2020. Maria completava 9 meses de vida!

Não existe nada mais especial do que carregar a filha da sua irmã no colo, de olhar um ser humano tão pequeno e tão frágil, e só querer amar. Junto com a Maria nascia várias certeza também: a certeza da esperança de que dias melhores viriam, de que eu preciso dar o meu melhor para construir um lugar melhor para ela viver, de que eu precisava me cuidar mais e me olhar mais, pois só assim conseguiria enxergar o outro, de que fazer o que ama de fato tem muito valor, de que ser nós mesmos é muito libertador, de que a vida é feita de escolhas e que se agarrarmos as oportunidades que nos são dadas faremos sempre escolhas mais conscientes.

No começo do mês de abril, Maduzinha completou 1 ano, e vejo como as coisas mudaram e se adaptaram. Esse último ano aprendi que a vida ganha um sentido e um propósito muito maior com a chegada de uma criança, que a força que achávamos que não tínhamos mais se renova de uma forma única. Aprendi a ser mais paciente, menos egoísta, a dar ao problema o real tamanho que ele tem e principalmente estar mais presente na vida, porque o tempo passa voando e gastar ele em redes sociais é um grande desperdício. Percebi que nós adultos, nos nossos delírios, achamos que temos muito a ensinar e pouco a aprender, pois eu diria que o contrário é a mais pura verdade.

Por muitas vezes a sensação que tinha era de que eu era a gestante, que eu iria dar a luz, que eu sentia as dores. Talvez por acompanhar muito de perto a gravidez da minha irmã e também ter o desejo latente de me tornar mãe um dia, vivi tudo muito intensamente. Sabia tudo sobre o processo de trabalho de parto, de posições de amamentações e até remédio caso os seios ficassem com fissuras.

Essa foi a experiência mais incrível e arrebatadora de toda a minha vida, a mais intensa e mágica, mostrando pra mim como sou capaz de amar infinitamente alguém que não nasceu da minha barriga, mas sim do meu coração. Ser presenteada com o batismo da Maria Eduarda só me dá mais certeza do quanto a minha fé se renova na espiritualidade, e o quão grande e especiais podemos ser nessa vida. Maria veio para fazer e ser a diferença no mundo. Ela já é a diferença na minha vida e espero sempre ser a diferença na vida dela também.

Escrevi esse poema para ela, que é a minha dose de inspiração diária:

Eu Mario

Tu Marias

Ele Maria

Nós Mariamos

Vós Mariáis

Eles Mariam

Vamos Mariar o que há de bom!

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Amanda Thomaz
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Estudante de Rádio e TV, atriz e verdadeira amante das artes, sejam elas quais forem