Meu aniversário de 19 anos
Se tem uma coisa que é certa é que eu nunca fui uma pessoa que gostava de organizar e dar festas, tampouco dar uma festa de aniversário minha. Mas em 2017 eu quis em experimentar, já que não tinha feito sequer uma mínima comemoração dos meus 18 anos no ano anterior.
Só de tomar a atitude de pensar “vou organizar tudo” já foi um turbilhão de emoções e sensações. De maneira precoce, eu só coloquei todo mundo em um grupo de WhatsApp, sem nenhum plano nem local, somente na intenção de reunir todos. A data se aproximava cada vez mais e todos me cobravam cada vez mais para que eu tivesse uma resposta que de fato eu não tinha. Só me restou adiar, para assim enfim conseguir posteriormente organizar tudo, com local, horário, um plano concreto. A sensação do fiasco da minha festa já havia sido instaurado.
O grande dia D chegou. A festa seria no salão de festas de uma amiga, com bebidas e comida. A antecipação era apavorante. Será que vai dar bebida para todos? Será que a comida vai ser suficiente? E o dinheiro, será que vou conseguir pagar o salão no final das contas? Bom, já era tarde, tudo estava organizado e o horário da festa havia começado.
Como toda festa, as pessoas demoraram para surgir. Hábito tipicamente brasileiro. Porém, completamente ansioso com a festa, mais desespero se instaurou na minha mente demasiadamente preocupada. Felizmente, como o esperado, todos começaram a chegar.
A festa corria extremamente bem, diferentemente do que eu imaginava que fosse acontecer. Eis que me surge um momento que, em meio de uma roda de amigos, onde cantávamos músicas ao som do violão do meu bom amigo Alfredo, eu me senti mais leve. Eu olhei em volta, na roda, dentro do salão, na região externa do salão. Eu pude observar como todos estavam alegres naquele exato momento, e por conta de uma reunião que eu propus. Eu consegui reunir todos, e melhor ainda, por uma causa extremamente pessoal: meu aniversário.
Em meio desse momento, me ocorreu uma epifania. O principal motivo pelo qual eu não quis fazer uma festa de aniversário aos meus 18 anos foi pelo simples fato de me faltarem pessoas para convidar. Não que eu não conhecesse pessoas suficientes, mas não me sentia confiante de que elas viriam. Em questão de um ano, lá estava eu, ao som de boa música, rodeado de amigos que estavam felizes por estarem por perto, e que se reuniram por mim.
O mosaico de pessoas presentes, a música, o carinho — o álcool também, não podemos desconsiderar -, tudo me veio à tona. Inundado de emoções, me desabei em lágrimas. Mas pela primeira vez em muitos anos, eram lágrimas de extrema alegria. A sensação de dever cumprido, junto com a sensação de finalmente se sentir acolhido era algo que eu nunca senti tão plenamente. Em meio dessa emoção toda, todos se abraçaram, me abraçaram. Eu encontrei meu lugar em meio dos meus amigos.
