Meu quarto e suas camadas arqueológicas

João Corbett
Iandé
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4 min readDec 2, 2019

CARACA MANO META PACARALHO

Isso vai fazer sentido depois.

Eu tenho muita dificuldade de jogar coisas fora, mesmo que elas não tenham importância nenhuma, o resultado é meu quarto, tão lotado de coisas velhas e que eu nem gosto mais tanto, que da pra fazer um estudo arqueológico sobre mim. As minhas coisas de cada época, afinal, ainda estão guardadas.

Quadro que meus pais fizeram pra mim, antes de eu nascer
Marca de infiltração
Um geral que será ampliado. Câmera que desisti de usar pra tirar as fotos.
O “térreo” da foto acima. Escondidos, estão meus materiais do cursinho Anglo(TM) e um potinho com muitos elásticos pequenininhos.
Primeiro andar. Lego, Simpsons, coisas e um chapéu que segura duas latinhas e tem canudo embutido( eu que construi :) ).
Cobertura( é um prédio bem baixo). Um monte de coisa. Algumas delas( as mal acabadas) eu fiz quando tinha uns 12 anos.
Primeiro subsolo. fios, caixas e coisas que não sei onde mais colocar.
Segundo subsolo( muito estacionamento pra pouca habitação). Mais alguns fios, pulseira da qual me envergonho, cadernos quase em branco, Simpsons de novo, jogos de PSP e outros.
Em baixo da minha cama. Eu realmente era aficionado por Simpsons.
Tamborzinho que ganhei na Bahia, armarinho e caixa colorida.
Abertos. Um fone de ouvido, um telefone prateado com formato de caveira, coisas aleatórias, googles e mais lego.
Os armários, agora.
Estação mochilas e dois travesseiros estranhos. Uma caixa que chegou no correio para minha mão resolveu ficar por aqui.
Estação casacos e afins. Boa parte do que ta ai não é meu.
Estação sapatos. Ganhei vários de presente, alguns nunca usei.
Estação malas e coisas feitas para guardar outras coisas. Mochilas, necessaires, malas de instrumentos e derivados convivem aqui.
O trem se perdeu. Eu tenho uma caixa de super poderes e você não. O trem, desorientado, segue a diante, sem muita direção.
O trem, em um ato de resignação, aceita seu destino, deslocado e com pensamentos fatalistas. Nesse estranho ponto final, canetinhas, um telefone, uma caixa de googles, caixas alheias e meus decks de Pokemon e Magic vivem em harmonia. Poderá esta ser a nova casa do trem?
O outro lado do armário.
A parte de cima: cobertores, uma sacola cheia de livros( preciso reespalha-los pelo quarto ainda), um travesseiro de arroz, duas ressonâncias magnéticas de duas fraturas diferentes. Três caixas, uma delas foi decorada por um amigo com o tema Naruto. Isso faz uns 8 anos, na época tive vergonha e escondi.
Logo abaixo: calças, camisas, cintos, uma caixa que ganhei de presente, como não gostei da camisa dentro, esqueci ai. Tem um carrinho de massagem escondido. Não uso boa parte.
Mais abaixo: minhas incontáveis medalhas, luvas e coisas.
O mais baixo que o baixo: é como diz a imagem :( .
Nas profundesas: você está preparado para uma experiência estética? Para uma viagem no mundo da moda? Aperte os cintos.
Não sei nem descrever o que vejo.
Abismalmente profundo: pijamas e roupas de frio, uma calça que foi figurino de uma peça, roupas de meu pai, uma calça rasgada.
Fundo pra caralho: meus shorts, uma capa de chuva, camisetas e meiões de futebol de quando era pequeno. Protetores de ouvido podem ser retirados no canto superior esquerdo. Seu uso é recomendado, vista a pressão atmosférica em ambientes tão profundos.
Minha parede cheia de coisas. Quem entender o nexo, favor me avisar.
Meus instrumentos. Quero vender o baixolão, mas não conta isso pra ele. A guitarra e o amplificador tão namorando.
Vamos à mesa, começando pelo lado direito( de quem entra).
Na Plataforma A eu deixo minhas coisas de foto( lembra da câmera que não usei, la do começo? deveria estar aqui) e vários dicionários. Tem uma ocarina guardada ali também. Barbantes e garrafas estéticas e vazia também ficam por aqui.
A Plataforma B tá meio lotada. Expandir.
Parte 1: garrafa térmica, raquete de mosquitos que não funciona, óleo mineral pras cordas da guitarra, a mochilinha da minha câmera( aquela que eu não usei, la do começo), materiais pra aula de música, Gombrich e apostilas.
Parte 2: caixinha com fios que não sei da onde são, livros que já li, livros que quero ler, livros que não vou ler, livros teóricos, romances, de ficção, música, cinema, foto, revistas de artes plásticas e caderninhos de exposições.
A Plataforma C é bem eclética.
Na Plataforma D ficam as coisas afiadas e “do rock”. O controle e as coisas de limpar câmera tem que conviver sem reclamar.
Nem tenho a coragem de me aventurar na Plataforma E, mas ela consiste de trabalhos que minha mãe fez na faculdade de cinema e papel. Muito papel, de todo tipo e origem.
Agora a parte do meio da mesa( de quem sai). Colei esses adesivos quando tinha uns 11 anos, estou juntando coragem de tirar ele.
Esse é o espaço reservado exclusivamente para estudo e leituras. Também serve de primeiro depósito de tudo que eu não sei onde colocar.
Lado direito da mesa. Sim, eu tenho um homem aranha gigante na parede, um dia eu cheguei em casa e meu pai tinha prendido na parede. Acho que, quando eu tirar, ele vai ficar triste.
Distrito 1: computador e arredores. A tecnologia digital é suportada pela arte moderna do século XX.
Livros que quero muito ler, Nosferatu( que tá na minha mesa faz meses porque tenho medo de assistir), uma palheta e uma vassourinha( bigode, se em ambiente profissional).
Atrás do meu computador. Essa caixinha tem uma pedrinha colorida que “da sorte e equilíbrio físico. Harmoniza e fortifica o corpo e a mente. Atrai riquezas, amor e abundância.” Devo tudo a ela. Aquela coisa estranha no fundo é um microfone.
Foto de mim e de uns amigos em um Bar Mitsvah, um ovo de páscoa e minha garrafa d’água.
Distrito 2: estante 1. Perceba o homem aranha de ferro na estante. Também é do meu pai.
Distrito 3: estante 2. Já fui um verdadeiro nerd e li muito mangá.
Distrito 4: estante 3. Livros que não sabia onde colocar, insetos, coleção de DVDs do Asterix e capacete de esgrima.

Com isso, dou por encerrada a exploração do meu quarto. Espero que tenham gostado e espero que não achem que sou um acumulador maluco.

Resumo simplificado: como nunca tiro nada do meu quarto, tem coisa que eu gostava e queria ter no quarto a 9 anos atrás. Muitas dessas coisas eu não gosto mais e quero tirar.

Moral da história: tenho que arrumar meu quarto e jogar algumas coisas fora.

Eu, me achando a pessoa mais engraçada do mundo e com vergonha do homem aranha.

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João Corbett
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O homem que consegue falar mal de tudo e todos, a qualquer momento