Minha primeira vez no Muro das Lamentações

Victoria Rosset Weinberger
Iandé
Published in
3 min readApr 16, 2018

Por: Victoria Rosset Weinberger

Como judia, desde pequena, tanto na escola quanto em casa, sempre ouvi muito sobre Israel e sua importância para a religião judaica. Para o povo judeu, o país é extramamente sagrado, além de ser o único lugar do mundo onde a maioria da população é seguidora do judaísmo. O cristianismo e o islamismo também têm presença significativa de fiéis, um dos motivos que torna a visita à cidade de Jerusalem uma experiência tão inusitada.

A primeira vez que visitei Israel foi no ano de 2007. A viagem foi programada por conta do Bar Mitzvah de um primo da família. O Bar Mitzvah é a comemoração religiosa que acontece quando o menino judeu completa 13 anos de idade. É a partir deste momento que, perante a religião, ele se torna responsável pelos seus próprios atos. De acordo com a tradição, o menino sobe à Torá (bíblia judaica) e assume um compromisso com D's. É muito comum que judeus celebrem essa etapa no sagrado Muro das Lamentações.

O Muro das Lamentações, localizado em Jerusalem, trata-se do único vestígio do antigo Templo de Herodes, erguido por Herodes o Grande no lugar do Templo de Jerusalém inicial. É a parte que restou de um muro de arrimo que servia de sustentação para uma das paredes do edifício principal e que em sí mesmo, não integrava o Templo que foi destruído pelo general Tito, que depois se tornaria imperador romano.

Durante os preparativos da viagem, meus pais passaram a me mostrar fotos, a contar histórias e a dividir suas experiências, já que já haviam ido à Israel. De tudo o que me contavam, havia uma questão que me despertava forte curiosidade: o famoso Muro das Lamentações. Nunca entendi o porque de todos falarem que sua energia era inexplicável, que o lugar era especial, que lá você se sentia mais conectado com D's. A verdade, é que para mim, na época, o local não se passava de um simples muro.

A viagem começou e logo no primeiro dia, em Jerusalém, já fomos para o Kotel (outro nome para o Muro das Lamentações). Um fato curioso é que o Muro é "separado" em dois. De um lado é o lugar sagrado para os judeus e do outro se encontra uma das principais mesquitas dos árabes. Essa questão me marcou bastante. Me lembro de conseguir ver a cúpula de ouro da Mesquita enquanto rezava na parte sagrada judaica.

O Kotel era muito movimentado e meus pais contam, que quando cheguei, fiquei em choque por alguns segundos. A energia do lugar era realmente incrível. Milhares de pessoas rezando, colocando papéis com seus desejos entre as pedras (o que é um costume, já que dizem que quando se faz um pedido no Muro das Lamentações, ele se realiza), pessoas cantando, dançando e comemorando. Foi um momento realmente muito especial e de muita reflexão.

Após minha primeira vez no Muro, percebi o quão inútil foi ter criado qualquer tipo de expectativa. É impossível prever um sentimento ou sensação quando se trata de um lugar de tamanha espiritualidade. A verdade, é que hoje sei como nenhuma preparação é suficiente. Nem com todas as histórias, fotos, aulas, filmes… nada me tornou preparada para a realidade do Muro das Lamentações.

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