Minha quarentena…

Bruna Katarivas Vivolo
Iandé
Published in
3 min readMay 2, 2020
https://www.bbc.com/portuguese/geral-51219194

Estamos vivendo uma anormalidade. Isso é um fato. Várias pessoas interrompendo suas rotinas e se adaptando a novos meios de vida visando um bem coletivo. Imagino que não tenha sido fácil para ninguém no começo de tudo isso e continua não sendo. Imagino também que a ansiedade tenha atacado muitos, uma vez que paramos de fazer aquilo que ocupava nosso tempo e nossa mente.Falo isso porque foi assim que me senti.

No começo da quarentena, por conta do novo coronavírus, eu me senti bem mal. Durante uma grande parte do tempo me senti inútil por não estar fazendo nada, o que estava me deixando extremamente nervosa . Com certeza o impacto se deu pelo fato de estar muito ativa e do nada parar tudo. Esse período de adaptação gerou em mim muito desconforto e senti um aumento na minha ansiedade que me fez cair no choro algumas vezes.

Quando isso aconteceu, li alguns artigos falando justamente sobre esse processo de adaptação do nosso corpo até entender o novo formato que passaríamos a ter que encarar sem saber da data pra acabar, e então comecei a perceber que aquela irritação e ansiedade eram normais naquele primeiro momento, mas era tudo uma questão de tempo.

Após mais ou menos uma semana minhas aulas na faculdade voltaram, o que acabou gerando em mim uma certa tranquilidade por estar caminhando para uma nova rotina. Aos poucos comecei a me acalmar e naturalmente as coisas começaram a mudar.

O tempo foi passando e os sentimentos passaram a se acalmar. Parece chato e insensível falar que esse momento não está sendo de todo mal, uma vez que muitas pessoas estão sofrendo com essa doença, mas já que isso está ocorrendo na minha visão é preciso tirar o melhor da situação. Comecei então a perceber coisas que não tinha notado até então e focar muito nas minhas necessidades internas.

https://albertodellisola.com.br/do-que-e-feita-a-consciencia/

Comecei a lembrar de coisas que eu gostava de fazer. Coisas pequenas como fazer um brigadeiro no final da tarde, ligar pra amigas pelo FaceTime ou jogar jogos com as pessoas que estão com você em casa. Tudo isso e várias outras coisas me fizeram perceber que por mais que haja distância entre as pessoas que costumamos ver diariamente, acabei me aproximando de verias delas. É impressionante o quanto a falta nos faz percebermos o quanto gostamos uns dos outros e não valorizamos tanto um encontro de amigos ou uma reunião em família.

Acredito muito que as pessoas, depois de tudo isso, vão viver uma vida com outra perspectiva. O olhar para as coisas com certeza vai ser com mais empatia e cuidado, além de valorizarmos bem mais o afeto e os encontros depois disso. Com certeza eu estarei bem mais preparada para enfrentar os problemas do dia a dia com mais confiança de quem sou, uma vez que esse momento trouxe muita autorreflexão e confiança de quem sou e o que preciso mudar em mim para me sentir melhor e conviver melhor com as pessoas.

Para concluir, sinto que querendo ou não muitas pessoas precisaram dessa pausa para pensarem em suas vidas e aprenderem muito sobre elas mesmas. Crises nesse momento são normais, mas vejo com um olhar de respeito, pois é o seu tempo de transformação e aprendizado.

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