Não é Tão Ruim Assim

Isabelle Izoldi
Iandé
Published in
3 min readApr 25, 2019

Em Janeiro de 2017, abandonei a faculdade. Enquanto arrumava minhas coisas no final do semestre e as colocava no carro, lembro que não conseguia parar de chorar. Tudo o que eu tinha trabalhado por toda a minha vida estava desaparecendo diante dos meus olhos, e tudo que senti foi um vazio causado por minha própria incompetência. O que eu deveria fazer a seguir? Olhando para trás o ano e meio que passei no Mount Holyoke College, em Massachusetts, não foi tudo em vão. Eu conheci pessoas e passei por coisas que talvez eu realmente precisasse para chegar à pessoa que eu precisava ser. Mas não deveria ter sido tão caro, literal e figurativamente.

Mount Holyoke College: bela, porém perigosa
Metendo o louco, como sempre.

Eu nem queria estudar economia. Eu descobri que gostava de ir a festas e meter o louco, às vezes um pouco demais. A morte de tantos amigos durante esse período não ajudou a situação; algo que só o tempo me ajudaria a aceitar. Fui ao velório do meu amigo com cabelo verde e fiquei no fundão, pois a igreja estava tão lotada. Eu não consegui ir ao enterro dele. Eu não fui a nenhum dos enterros deles. Porém eu não considero eu ter ido àquela faculdade uma escolha errada. Embora muito tenha acontecido, sinto que precisava acontecer.

Quando saí, voltei a morar com os meus pais. Trabalhei sem parar durante quase todo o ano, trabalhando em dois empregos, antes de decidir me mudar para o Brasil, para tentar entrar em uma faculdade aqui. Eu esperava que desta vez fosse diferente, que desta vez eu seria capaz de agir da maneira certa. Talvez desta vez eu não tenha tido tantos namorados terríveis, ou pular em um lago congelante no meio do inverno. Apesar de ter me dado uma boa dívida financeira, freqüentar, e logo sair, do Mount Holyoke College foi a melhor coisa que poderia ter acontecido comigo.

Panorama 28/7/2017

Eu fui a um concerto, tipo o Lollapalooza, em Nova York com meu amigo algumas semanas antes de partir para Brasil. Foi o primeiro dia em que não trabalhei por vários meses. Eu estava tão ansioso em me mudar, e o que eu deveria fazer em seguida com a minha vida, e no final da noite eu não estava mais. Tudo o que eu precisava era de um dia bom, um dia inteiro em que nada desse errado, para que o peso dos anos fosse tirado dos meus ombros, pelo menos por um momento. Enquanto estávamos sentados naquela lanchonete às três da manhã, comendo nossa comida repugnantemente barata, eu me sentia melhor do que tinha desde que eu tinha 15 anos. Desde então, sinto que tenho feito melhor. Isso pode ser de amadurecer com o tempo, mas eu escolhi pensar de outra forma. Eu tento levar as coisas um dia de cada vez, porque amanhã é sempre outro dia. Onde estou agora deve sempre ser melhor do que onde eu estava antes. Ser um “dropout” não é tão ruim assim.

NOME: Isabelle Izoldi Waldman

TURMA: 3BPM20191 (9h20)

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