O Amor tem nome composto

Maria Gabriela
Iandé
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4 min readMay 16, 2020

O José chegou em nossas vidas em Agosto de 2018, quando minha mãe decidiu ajudar uma amiga que, assim como ela, também resgata animais. Zé foi encontrado junto aos seus irmãos em um parque repleto de cachorros que acabavam por atacar os gatos que ali viviam. Ivanise, amiga da minha mãe, cuidava dos animais do parque e pediu ajuda, pois estava com a casa lotada de gatinhos, que também haviam sido abandonados, e não tinha como acolher mais cinco. Então, fomos buscá-los e, logo que cheguei, ele veio direto para meu colo.

Foto: Os cinco filhotes juntos.

Minha mãe sempre diz que, para adotar um gato, deve existir conexão, encaixe de energias, tanto que diz que eu e o Zé temos muito mais que isso, temos uma química incrível.Me apaixonei na mesma hora por ele, mas sabia que, quando crescesse e ganhasse peso para ser castrado e vacinado, ele seria doado.

Foto1: Nosso primeiro contato ainda na casa da Ivanise/ Foto 2: Zé nos primeiros dias em casa

Assim que os levamos para a primeira consulta no veterinário, descobrimos que estavam lotados de parasitas e com uma doença que atacava o sistema gastrointestinal e, em especial o José, estava com o peso muito abaixo do esperado (o peso dele era tão pouco que não aparecia na balança). Com o passar dos dias, notei que somente ele não melhorava, estava cada vez mais fraco e menos ativo, além de não conseguir segurar a temperatura sozinho. O veterinário chegou a dizer que muito provável, o menor não “vingaria”. Fiquei muito triste com toda a situação e cheguei a dizer para minha mãe que não queria mais cuidar dele, pois já estava muito apegada e o mesmo não aguentaria.

Mas não foi isso que ocorreu: cuidei dele, um dia por vez, com remédios, vitaminas, e papinhas para levantar a imunidade. Ele dormia comigo para que conseguisse segurar o calor, além de usar uma roupinha improvisada feita de meia. Enquanto isso, os irmãos cresciam saudáveis e cada vez mais fortes. Passaram-se semanas e ele saiu do perigo, ainda era o menor dos irmãos, o menos ativo, mas seu progresso foi considerado um milagre. Meu pequeno grande milagre.

Foto: José era tão pequeno que cabia na mão
Foto: Diferença entre o tamanho dele comparado aos irmãos

Escolhemos, então, nomes para eles, sendo todos nomes compostos: José Alfredo, João Lucas, Maria Clara, Maria Isis e Maria Augusta.Depois de tanto cuidado, tanto carinho, foi impossível apenas colocá-lo para adoção, ele seria meu. Porém, foi muito difícil convencer meus pais, pois já tínhamos muitos outros petz, mas consegui. Os irmãos, então, foram cuidadosamente doados para famílias maravilhosas e recebemos notícias até hoje.

Foto: José e eu em 2018

O Zé chegou em momento bem estressante da minha vida: estava cursando o 3º ano do Ensino Médio e tinha acabado de perder minhas duas cachorrinhas idosas, a Sofia, de 17 anos, e a Mel, de 11, no começo do ano. Sua companhia me ajudou muito a manter o foco e não me desesperar. Hoje, em meio a pandemia, ele é meu maior companheiro, assiste as aulas no Zoom comigo, dorme comigo e até me espera no banheiro enquanto tomo banho. Inclusive, está ao meu lado enquanto escrevo este trabalho.Ele se tornou meu ponto de referência quando se trata de ter esperança e manter a fé, pois, quando penso que algo é impossível, me lembro que um dia pensei que ele não melhoraria e hoje ele está comigo, com quase 6kg de puro charme.

Foto: Zé com as imãs, João Lucas já havia sido adotado,2018
Foto 1: dormindo comigo em 2018/Foto 2: dormindo comigo em 2020
Foto: José Alfredo com seus 5Kg e 800 gramas em 2020

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