O Peixe Pugilista
Francisco Costa
O peixe pugilista
Poc Poc bate no vidro o peixe pugilista.
Poc o som incessante em um ritmo irritante
Mas por que?
Briga o peixe contra o próprio reflexo?
Poc um gancho de nadadeira!
Poc uma cabeçada feroz!
Está ele a espera de um gongo para descansar?
Persistente o peixe pugilista pouco pensa em parar.
Apago a luz para que em silêncio durma.
Poc Poc continua a lutar.
Poc Poc ainda mais irritante é o som no meio do breu.
Poc poc bate no vidro o peixe pugilista.
Contra quem briga agora se nada vê?
Não há mais reflexo.
Não há mais nada além do breu.
Poc poc será que eu tenho um peixe demente? Poc poc. Burro inconsequente faça silêncio!
Poc Poc está me desafiando? Poc Poc sou eu que quer enfrentar?
Poc Poc não me vencerá!
POC POC! Chega!
Ascendo a luz e finalmente percebo.
Não é a mim que desafia. É o aquário que enfrenta.
Não bate mais no vidro o peixe pugilista
Peixe? Peixe? Percebeu enfim que não pode vencer?
Percebeu em fim, que a redoma é invencível,
Que seu reflexo seria adversário mais frágil
Peixe? Responda seu insolente!
Nada? Cadê o Poc costumeiro? Desistiu?
Covarde!
Vejo que finalmente o peixe pugilista
boia em silêncio.
Boiando junto com seu reflexo.
Trim toca o gongo libertando o peixe de sua luta.