O PRAZER DE UM OLHAR

Stephanie Scroback
Iandé
Published in
4 min readOct 17, 2017

Você conhece o sabor de um olhar?

Resolvi debater como experiência estética meu próprio cotidiano. Um tanto quanto egocêntrico? Talvez, mas usarei uma perspectiva diferente, para dividir alguns sentimentos.

Em uma história que irá se iniciar pelo final, vou contar um pouco mais sobre; quem eu sou, o que eu faço e o mais importante, o que isso me faz sentir.

Falando sobre: o que eu faço, á alguns meses tenho feito de um “hobbie”, meu trabalho. Cozinhar é uma paixão prazerosíssima, que me encanta, alegra, acalma e até mesmo se relaciona direta e perfeitamente com o que chamamos de auto-estima. Esse fato muitas vezes visto de forma negativa ou sinônimo de dificuldade - pelas pessoas que se sentem inseguras até mesmo em esquentar uma água - me trouxe de volta olhares que eu havia perdido.

Adicionando um pequeno detalhe ao quesito quem sou eu; vou deixar de lado minhas características físicas, psicológicas e habilidades — como a de cozinhar — e ressaltar um pequeno detalhe, chamaremos de relacionamento; este que por si só seria uma grande experiência estética, será somente a base dessa mágica dos sentimentos. Esse pequeno fato me afastou de alguns parentes queridos e fez com que minha vida perdesse alguns olhares importantes.

Imagem tirada em julho de 2017, no evento público do Caranguejo da Juju.

Utilizaria belos “parênteses” para acrescentar uma observação, mas farei a mesma com o privilégio de um parágrafo completo e concedido somente a ela; a palavra prazer. Eu explico, partindo do pressuposto de que viver é muito mais do que existir, e que o sentido mais profundo da palavra prazer pode ser encontrado em todo e qualquer acontecimento durante a vida; as dificuldades, os aprendizados ou as comemorações, devem ser interpretados sempre de modo positivo. Tudo a nossa volta esta para evolução, assim como estamos para aprender, e a magia do prazer em ser cada vez mais, pode e deve ser visto como o impulso para perseverar e conquistar.

Voltando ao breve resumo do que foi perdido, nomeá-los seria perda de tempo, visto que estou aqui para contar sobre o reencontro após tal perda.

Como de costume a maioria das famílias pontua o almoço de domingo como o momento de reunião familiar, talvez como obrigação prazerosa, e em meio a esta união, posso dizer que “mergulhei na cozinha” sem formação gastronômica, pelo simples fato de ter encontrado o melhor dos sentidos em paralelo a tal obrigação: o prazer.

A família de minha avó paterna vem de Manaus, onde ela — minha musa inspiradora — nasceu e cresceu envolta de costumes e receitas de sua terra. Passando por gerações e aprimorados por cada uma delas, as famosas Patinhas de Caranguejo, encantaram familiares e amigos durante anos, a ponto de nos render algumas histórias para contar.

Em julho de 2017 dei inicio a um projeto especial, um restaurante itinerante nomeado de Caranguejo da Juju. O nome por si só foi uma homenagem que arrancou lagrimas de felicidade, dessa mulher que veio para São Paulo, criou quatro filhos, acolheu algumas noras e genro, amou adoradamente seis netos e que faz, até hoje, o possível e o impossível para reunir sua família em sua mesa na sala de jantar.

Imagem tirada em julho de 2017, no evento público do Caranguejo da Juju.

Ao nascer, a missão deste projeto era; se estabelecer em diferentes lugares e dividir um sabor sem igual com amigos, conhecidos e todos aqueles que se interessassem pelo sabor diferente de uma especiaria nortista. Hoje, a missão se reinventou, e temos como objetivo: unir amigos e familiares, conhecidos e muito distantes, para desfrutar de uma experiência gastronômica que tem como tempero principal, o prazer em sediar reuniões harmoniosas rodeadas de carinho e muita troca de experiência.

Posso afirmar, sem duvida alguma, que dividir essa receita que sempre foi motivo de união em minha família, com todas estas pessoas de diferentes lugares, até mesmo com aqueles que eu jamais havia visto e ainda, ser reconhecida por elogios que se repetem e se misturam a esse encontro, muitas vezes chamado de acolhedor, se tornou não somente o meu maior prazer, mas com certeza me devolveu olhares.

Evento privado com o Caranguejo da Juju, em agosto de 2017.

--

--