O Show Que Nunca Acabou
por Guilherme Martins
Eu diria que como experiência estética a minha memória mais proeminente foi do show de teatro musical que, agora olhando para trás e refletindo, mudou completamente minha vida, eu com certeza não seria quem sou se não fosse aquele espetáculo…
Tudo começou em julho de 2012, eu era um pequeno aprendiz de 13 anos de idade, e junto da minha família viajei à Nova Iorque pura e simplesmente por lazer, é uma cidade que minha mãe é apaixonada e por isso esse era o destino. Mal eu sabia toda a repercussão que essa viagem teria.
Até o dia do espetáculo tudo parecia normal, mas quando formos até a casa de shows devidamente eu lembro de me sentir nervoso, como se alguma coisa muito importante fosse acontecer, mas não dava a menor bola porque o que eu mais queria era sair dali e comprar videogames… O espetáculo se chamava: Rock of Ages (mais tarde naquele mesmo ano sairia um filme desse espetáculo). Meu pai sempre foi muito fã de música, desde pequeno foi exposto aos Beatles, Red Hot Chili Peppers, Black Sabbath e outras bandas clássicas que eu gostava muito mas meio que parava por aí, então eu não estava lá esperando muita coisa desse musical, apesar de já ter tido aulinhas de violão quando menor naquela época.
Mas de repente fui pego de surpresa quando o show começou, a trilha sonora inteira era baseada nos grandes clássicos dos anos 80 que meu pai era muito fã e conhecia todas as músicas como Whitesnake, Bon Jovi, Quiet Riot e outros titãs do rock daquela época. Isso me fez vidrar naquele espetáculo, eu nunca tinha visto tantas pessoas se divertindo tanto com alguma coisa, aquilo me deixo perplexo e minha mãe até hoje brinca comigo por causa da cara que eu fazia de maravilhado olhando para o palco.
O show foi seguindo e a cada solo de guitarra absurdo que eu ouvia da banda ao vivo ao fundo da narrativa eu me sentia mais conectado com aquilo. Até que finalmente acabou o espetáculo para todos, mas para mim, aquele era só o começo. Eu meus pais e minha irmã estávamos saindo do prédio que hospedou o show, meus pais e irmã conversavam animadamente sobre o show e coisas legais que haviam visto e percebido, mas eu apenas encarava o chão pensativo.
Meu pai claramente percebeu que havia algo estranho e perguntou se eu estava bem, mas tudo o que eu consegui responder foi: Pai, assim que voltarmos ao Brasil, você vai me comprar uma guitarra. E, apesar de eu ter sido um tanto quanto exigente, meu pai apenas sorriu e aceitou a ideia.
Desde então eu comecei a jornada que nunca mais vai acabar até o final da minha vida, eu acirradamente me dediquei a isso e me dedico até hoje o máximo possível e é um fator que me define como ser humano e por incrível que pareça me ajudou muito nos momentos que eu menos esperava. Eu amo com todo meu coração música e guitarra, e se não fosse esse dia esses elementos talvez não estivessem fazendo tanta parte da minha vida.