Os Movimentos Dizem Muito
por Reiwá Mitsuo Ishii Torigoi de Oliveira
Eu sempre admirei a dança, mas nunca a coloquei em relevância em meus interesses, na maioria das vezes, eu apenas a apreciava, ocasionalmente, de bem longe, achava que não era pra mim, consiga ver todo o esforço e o valor que dança representava aos outros que a viviam, porém eu não a entendia.
Até que um dia, eu e minha família propusemos de ir em espetáculo de dança contemporânea que nós chamou a atenção pelas suas imagens expressivamente fortes, que encontramos no jornal.
Essa obra se trata de um filme e um balé, que foi construído, baseado e inspirado no poema de João Cabral de Melo Neto, publicado em 1950, com o nome, O Cão sem plumas, que o espetáculo também leva no nome, a história que se constitui em rimas que falam do rio Capibaribe, da vida ribeirinha, da dificuldade de ser homem e de ser cão no sertão.
Nos corpos, as metáforas amplificam tudo isso. Os bailarinos são homens-caranguejos, cobertos por lama. E atrás deles passa o filme, no qual eles e outros personagens são retratados nas cores brancas e pretas, em um jogo de constrastes entre uma sombra e uma luz muito forte, com a intenção de carregar o visual, para que a platéia sinta a força e a mensagem crítica, a qual ela tentam retratar.
Com a junção da obra cinematográfica e da obra coreográfica, criada pela Deborah Colker e sua companhia, o espetáculo se torna extremamente forte, carregado, sofrido e tocante, cada movimento que um dançarino fazia era carregado de emoções a flor da pele, dava para sentir a força, a suavidez e o compromisso que eles tinham em transformar seus corpos em sentidos e instrumentos para que a mensagem seja passada de forma simples porém árdua, além disso, as cenas que passavam no telão, atrás deles, eram como uma lupa que apenas amplificavam cada emoção das mensagens que queriam passar.
No decorrer, senti várias emoções como tristeza, alegria, surpresa, espanto e as vezes umas mescla deles, o que me deixava confuso em vários momentos, certos acontecimentos só consegui entender, depois de digerir por um bom tempo em meus pensamentos, outro ponto que me maravilhei foi a habilidade deles de estarem tão conectados uns com os outros, em uma composição grupal, que pareciam ser apenas um ser só.
A partir das experiências que passei nesse espetáculo, eu acabei desenvolvendo um olhar diferente e um amor enorme pela dança, comecei a ver mais sobre a dança e suas ramificações, entrando cada vez mais de cabeça no mundo da dança e com isso, a praticar cursos de dança, me doando ao máximo, para transformar meu corpo naquilo que eu presenciei naquele dia, o corpo como meio de expressão robusto.