Para você, casa

Uma carta para aquela que guarda meus anseios e desejos mundanos

Gabriela Suguinoshita
Iandé
3 min readMay 19, 2022

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Por Gabriela Fernandes Suguinoshita

Registro do dia 15/07/2021. Por Gabriela Suguinoshita.

Eu queria escrever sobre este sentimento faz algum tempo. Voltar para você. O lugar que me guardou por todo esse tempo. Quem imaginaria que tudo mudaria? Nós costumávamos passar muito tempo juntas. O som do riacho. Os pássaros. Minha avó fazendo comida. As árvores. Terra. Verde. Calmaria. Paz. De repente, tudo mudou. Mudou tão rápido que quase não tive tempo de sentir. Buzinas. Sirenes. Prédios. Faróis. Gente. Frenético. Agonia. Cinza.

Voltar para você tem sido um sentimento singular. Nunca tinha vivido ou experimentado algo parecido. Antes eu fazia minhas malas para outros lugares. Agora eu faço malas para você, casa. Um novo. Um desconhecido. Um diferente. Mas não se preocupe. Quero que saiba que tudo vem se encaixando muito bem. Bem melhor que eu imaginava.

Dias memoráveis vêm rodeando a minha cabeça. Os dias chuvosos quando eu ficava em minha cama assistindo um filme qualquer. Os dias ensolarados na varanda almoçando em família ao som de Lagum ou Skank. As tardes que eu estudava e tirava um tempinho para espionar a minha avó. Das caminhadas de manhã nas ruas do condomínio. As manhãs de sábado estudando inglês. O café da tarde com bolo de cenoura. As manhãs meditando na rede debaixo do pinheiro. Momentos que se eternizaram. Momentos que se perduraram. Momentos que se acorrentaram em meu ser. Tenho todos bem guardados. Você ainda se lembra?

Eu vivo o que eu sinto. Nostalgia que passa despercebido em um mundaréu de gente. Mas na parada de uma estação, as lembranças voltam à tona. Por isso eu agradeço. Agradeço por ser aquela que me abriga, casa. Agradeço por cuidar tão bem de mim quando eu não sabia o que fazer. Agradeço por sempre estar de braços abertos quando eu volto. Porque por todos os cantos de onde eu for, eu sempre lembrarei do seu cheiro e da sua cor.

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