Pequenos passos

Lucas Choe
Iandé
Published in
3 min readNov 25, 2019

Tudo começou há2 anos, eu tinha acabado de fazer 18 anos, oficialmente um adulto. Certo dia minha mãe veio a mim perguntando se eu não queria estagiar numa escolinha de uma conhecida dela, dizendo que eu tinha aptidões para lidar com crianças. De início não vou mentir, eu recusei educadamente para minha mãe dizendo:

-Mãe eu estou num cursinho, não sei nem cuidar da minha vida direito, o que diria dos outros.

Mas depois de muito bate-boca com a minha mãe, e reflexão, decidi dar uma chance e fui visitar o local para saber como era o ambiente e o funcionamento dali. Ao chegar no local, inesperadamente fui muito bem recebido, a amiga da minha mãe (minha atual chefe) era bem simpática, me conquistou com o café da manhã dali oferecido, porém o que mais me interessava era o próprio local em que eu futuramente poderia trabalhar e com quem, então fomos a sala, a minha primeira impressão que tive foi pensando:

-Meu Deus o que é isso??? São uma, duas, tres, gente é muita criança. Gente o menino está botando 50 legos na boca, isso no chão é chocolate? Por favor que seja chocolate.

A faixa etária que eu iria trabalhar era de 3 a 7 anos de idade. Um período de idade onde a energia está lá em cima e a noção do mundo lá em baixo. Após ver aquela cena eu hesitei em topar o estágio, mesmo com café da manhã tentador, ou uma chefe super simpática, para mim aquilo não parecia uma sala de aula, mas sim uma zona de guerra. Porém minha chefe insistiu em eu pelo menos ficar um pouco para conhecer as crianças, então fiquei, e por mais estranho que pareça de certa forma eu gostei das crianças, suei e fiquei cansado ao brincar com eles, mas foi divertido, não me sentia desse jeito a muito tempo. Acabei topando estagiar.

Primeira bronquinha (tentei)

O começo foi a fase mais difícil que seria o processo de adaptação, mas conforme foi passando o tempo aprendi a me adaptar melhor no ambiente e a saber lidar com mais facilidade alguns problemas, como brigas, e com tempo acabei cada vez mais tendo outras perspectivas sobre tudo em minha vida. Muitas vezes na vida a gente subestima muito, eu principalmente subestimava muito as crianças pela sua inocência, e pela falta de percepção do mundo a fora, porém convivendo frequentemente com essas crianças percebi que assim como eles aprendem comigo, eu também aprendi muitas coisas com eles. Anteriormente não tinha uma mínima noção de responsabilidade, ou empatia direito, porém ao trabalhar com a criançada percebi que estava responsável pelo futuro não só de uma via mas de várias, todos eles em minhas mãos, qualquer atitude que tomasse ou falasse poderia influenciar pelo resto da deles, e comecei a refletir isso em mim mesmo, e na minha vida cotidiana. Não só poderia influenciar a vida de crianças mas também poderia influenciar ou ser influenciado pelas pessoas ao meu redor.

Hoje em dia sinto que não sou mais o garoto que era a dois anos atrás, pois de início ao entrar naquela escolinha, eu não conseguia imaginar eu com aquelas crianças, porém agora eu não consigo me imaginar sem aquelas crianças.

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