Poço Imaginário
Por Nicolas de Camaret — 3FPN
Nenhuma visita a Portugal está completa sem conhecer a vila de Sintra, um ‘Freguesia’ única de Lisboa. Sintra parece mais uma cidade que um bairro (Freguesia) de Lisboa, situada nas montanhas, com vistas panorâmicas e um clima único, Sintra foi durante muito tempo o refúgio da aristocracia e família real de Portugal. Sintra foi designada um Patrimônio mundial da UNESCO por causa dos seus palácios e arquitetura romântica predominantemente do século XIX.
Eu fui para Sintra em julho desse ano, uma experiência especifica me marcou. Os poços “iniciático” e “imperfeito” no Palácio da Quinta da Regaleira. O Palácio da Quinta da Regaleira é um dos cartões posteis de Sintra, Junto com o Palácio Nacional de Sintra e o Palácio da Pena. Há uma diferencia fundamental entre esses três palácios, O Palácio da Quinta da Regaleira é único no mundo por causa dos seus poços. O Palácio Nacional de Sintra e o Palácio da Pena podem ser comparados com outros palácios na Europa (Windsor na Inglaterra e Schloss Neuschwanstein na Bavaria por exemplo). O poço iniciático tem 27 metros de profundidade e ira usado em rituais de iniciação da maçonaria. Cada andar do poço representa um dos nove ciclos do inferno em Divina Comédia de Dante.
Os poços são interligados através de uma rede subterrânea de túneis, com varias entradas espalhadas pelos jardins do Palácio. Os túneis chegam em lugares diferentes dos poços, alguns chegam perto da superfície, e outros no fundo. Foi dentro de um desses túneis que começou minha experiência nesse lugar magico. Procurando o famoso poço “iniciático” cheguei num poço que parecia ser o “iniciático”, parecia muito com as fotos que tinha visto na internet. Fiquei impressionado com a calma, beleza e paz desse local. Não tinha muitas pessoas visitando, as que tinham, conversavam em um baixo tom, que produzia um eco único, não parecia que estavam conversando, e sim, rezando em latim. A única fonte de luz no poço é a luz natural na abertura do poço. Meus olhos demoraram a acostumar com a falta de luz, porem, conforme foram acostumando, mais impressionando fiquei com o local que estava.
Andando pelo poço encontro uma placa “poço iniciático — Siga em frente”, essa placa me pegou de surpresa, até então acreditava estar poço “iniciático”, porem não estava, na verdade eu estava no “imperfeito”, uma versão menor e inacabada do poço “iniciático”. Eu sigo as placas, dentro dos túneis subterrâneos escuros e finalmente chego no poço “iniciático”, novamente fico chocado com sua beleza e magia. Depois de um tempo, percebo que não é o “iniciático” e sim um outro poço, um terceiro poço. Como eu tinha andado 15 minutos numa direção, não passou por a minha cabeça que poderia ter dado uma volta e estar de volta no poço “imperfeito”. Passei acreditar que tinha 3 poços no palácio. Só quando cheguei em casa, e fui pesquisar no Wikipedia sobre o palácio que percebi que só tinha dois, e que na verdade eu visitei o mesmo duas vezes.
Por estar subterrâneo, com baixa visibilidade, num local desconhecido a nossa habilidade de identificar locais e objetos é muito inferior ao normal. Dependemos muito da nossa visão, de tecnologias com Waze para dizer onde estamos, esse local me ensinou a usar os meus outros sentidos para me localizar, e não depender tanto da visão e tecnologia.