Quarentena solidária:

Por Beatriz Musolino Dabul E Silva

Beatriz Musolino
Iandé
3 min readApr 8, 2020

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Jamais imaginei que chegaria o dia em que o mundo iria praticamente parar. Nunca pensei que fosse presenciar tamanho pânico e desorientação geral em todas as áreas. Como é possível, olhar pela janela do meu quarto às nove da manhã e ver a avenida Santo Amaro sem trânsito? Como qualquer pessoa poderia imaginar que um dia um vírus, denominado Corona e que provoca a doença COVID-19, pararia o mundo em pleno século 21, isolando e trazendo as pessoas para uma reflexão sobre solidariedade, saúde, respeito e empatia? Uma reflexão sobre a vida que estamos vivendo…

No início do isolamento fiquei preocupada, o que eu iria fazer nos próximos dias? Como manter uma rotina? O meu mundo estava de cabeça para baixo, mas fui me dando conta dos meus privilégios e fiquei pensando: como eu poderia ajudar as pessoas que mais sofrem, pois além da crise de saúde , temos um reflexo caótico sobre a economia mundial.

Ao ler os jornais e ver os noticiários, observei que o número de desempregados e de moradores de rua estavam subindo, e a fome , que já era um grande problema, se agravando. Dias depois, uma grande amiga me mandou uma mensagem, disse que estava extremamente comovida com as notícias e queria fazer algo a respeito.

A sua família, que tem um buffet e que a cozinha está paralisada em virtude da pandemia, se prontificou a fazer marmitas para distribuir para moradores de rua e famílias carentes. Apoiados por uma ONG conseguiram traçar todas as rotas de distribuição e organizar os alimentos a serem doados.

Quando minha amiga veio me contar eu pensei: essa é a hora de eu retribuir todos os privilégios que eu tenho. Abracei a causa como nunca, resolvi que precisava ajudar e ofereci a minha ajuda. Comecei doando e compartilhando a idéia com pessoas próximas e o retorno veio rápido, como a situação atual exige.

As pessoas começarem a contribuir e precisamos ampliar o nosso projeto. Hoje sou a responsável por toda a divulgação e marketing digital. Outros estão na cozinha, outros nas ruas entregando as marmitas e outros recolhendo as doações, pequenos gestos que somados fazem um bem maior. Um bem a quem recebe maior ainda pra quem pode doar!

E nosso projeto inicialmente tímido, não para de crescer, recebemos mais doações dia a dia e alimentamos com muito amor uma quantidade enorme de pessoas necessitadas.

No começo eu achei que eu que estava ajudando os necessitados, mas percebi que eles me ajudavam também, me mantendo ocupada, me traziam uma sensação , uma magia que preencheu meu coração de alegria ao saber que , dividindo estávamos multiplicando.

Estou muito envolvida pelo projeto e tem sido um alento nessa situação tão caótica que vivemos. Um sentimento de gratidão ao ver as pessoas colaborando e querendo ajudar. Hoje percebo que quanto mais cresço, mais eu agradeço por estar envolvida . Hoje, parte dos meus dias são dedicados a cuidar das redes sociais e da divulgação desta rede de solidariedade que acabamos formando, e isto me dá a certeza que eu quero ser publicitária , pois através da minha profissão posso ajudar o mundo a se tornar um lugar melhor.

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