Reconectando

Pandemia

Luana Chaves
Iandé
3 min readMay 25, 2020

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Isolamento. Empatia. Autoconhecimento.

Com essas palavras eu inicio meu depoimento diante desses dias um tanto caóticos e difíceis. Acordar em uma quinta-feira de uma semana rotineira e comum com notícias de que a situação tinha se agravado não foi fácil. Uma mistura de sentimentos: medo, confusão, tristeza.

Confesso que nas primeiras horas eu ainda não havia entendido muito bem. Foi quando vi a faculdade fechar que tomei a decisão de ir para a minha casa no interior, onde mora toda a minha família. Levei uma mala com roupas suficientes para passar um final de semana, mal sabia que isso iria se prolongar para mais de meses.

Nasci e cresci no interior, rodeada de uma abundância de natureza e sempre esteve presente nos meus dias a apreciar e observar. Ao me mudar para a cidade grande, viver essa diferença de realidade e de ambiente me fez sentir falta da conexão que eu tenho com o céu, as plantas e o sol.

Ao chegar em Sorocaba, tomei consciência de que o melhor a se fazer, não somente a mim, mas ao coletivo, seria ficar em casa. E pessoalmente, minha ansiedade começou a tomar conta de mim. Foi nesse momento, que eu tomei a decisão de me desligar dos noticiários e usar esse tempo para me conectar a mim mesma.

Criei uma rotina que priorizava o autoconhecimento. Mas acima disso tudo, aproveitei a minha situação para nesses dias explorar e reviver aquele amor que nunca deixou de existir: assistir ao pôr do sol.

Sorocaba — 14/04/2020, 18:08 (acervo pessoal)

Então, todos os dias, por volta das cinco da tarde, eu pego minha bicicleta e vou até o meu lugar favorito dentro do meu condomínio, que para muitos pode não passar de um terreno abandonado, mas quando eu me sento ali e observo o céu, são os minutos mais poderosos e transformadores do meu dia.

Sorocaba —16/04/2020, 17:59 (acervo pessoal)

As diferentes cores que pintam o infinito, as diferentes formas das nuvens, a diferente intensidade da luz do sol. Cada dia, um quadro novo surge em frente aos meus olhos, único, especial e para mim, terapêutico.

Essa experiência estética de estar inserida em ambientes totalmente diferentes, visual e energeticamente, fizeram com que ao retornar para aquilo que eu aprecio verdadeiramente, partes de mim que nem eu mesma imaginaria que poderiam ser tão importantes foram despertadas

Sorocaba — 20/04/2020, 18:21 (acervo pessoal)

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