Reencontrando Shakespeare

Eduardo Aliberti
Iandé
Published in
2 min readMay 31, 2020

Com a perspectiva de “um ano perdido” pela quarentena, as últimas semanas não foram muito animadoras para mim. Então recorri para algo que nunca falha em me trazer esperança: a arte. Afinal, quando precisamos ficar trancados dentro de casa não há muito mais a se fazer do que assistir a um filme ou ler um bom livro.

Como meu professor costumava dizer, ler é como fazer amizades com pessoas mortas (embora alguns dos meus livros favoritos sejam de autores vivos), portanto, me pareceu uma boa ideia recorrer a essa relação em tempos em que o nosso contato é escasso. Comecei o meu projeto a muito tempo adiado de terminar todas as obras de Shakespeare e percebi que por mais distante que seu trabalho antes me parecia, havia uma série de ensinamentos que poderiam me fazer viver melhor esse período. Vamos passar por tempos difíceis, mas podemos lidar com isso de formas mais positivas se, assim como os renascentistas, tivermos uma ampla valorização da cultura. Certamente poucas coisas podem ser piores que a comédia de erros que estamos passando.

E assim tem passado os meus dias na quarentena, percorrendo as ruas de Duplin com Leopold Bloom, comendo baratas com GH e entrando em batalhas com Macbeth. Graças ao trabalho desses grandes artistas posso firmar um pacto com o diabo sem sair do meu sofá. Espero que, assim como Jeffrey Beaumont de “Blue Velvet”, assim que atravessarmos esse período turbulento possamos valorizar as coisas mais simples da vida como o canto dos pássaros ou uma boa obra de arte.

Por isso, ao invés de falar sobre quão verde era o meu vale, resolvi escrever esse texto em homenagem aos artistas que tornaram minha quarentena mais aturável. Espero que com isso você também fique um pouco mais contente em relação à sua.

--

--