RENT — WILL I?

Rafael Vasconcelos
Iandé
Published in
3 min readOct 8, 2018

Por: Rafael Vasconcelos de Oliveira

Uma experiência sensorial forte que eu tive foi ao ouvir a música “Will I” do musical RENT, quando este estava em cartaz em São Paulo, que me emocionou por sua letra extremamente forte e pela melodia bem trabalhada, atingindo os sentimentos mais profundos do espectador.

Foto de divulgação da adaptação brasileira do musical “RENT” (Caio Gallucci)

RENT possui roteiro e músicas criadas por Jonathan Larson, que se baseou em experiências pessoais para contar a história de um grupo de jovens lutando com a sexualidade, com as drogas, com a AIDS e com a dificuldade financeira de pagar o aluguel. A história se passa em Nova York, no final de 1980.

O autor conta que em uma reunião de seu grupo de suporte a vida, para pessoas que possuem AIDS, um homem se levantou e disse que não tinha medo de morrer, mas sim de perder sua dignidade. Esse momento o marcou tanto que essa frase se tornou a primeira da canção “Will I” no musical RENT, em inglês “Will I lose my dignity?”, expressando a dor e o medo de se viver com essa doença.

A música “Will I?” se diferencia de todas as outras músicas do musical. Enquanto a maioria possui uma batida rock, muitas vezes com letras complexas e versos acelerados e sobrepostos, em que se é difícil entender o que está sendo cantado, expressando a confusão que este propõe, nesta em questão utiliza-se uma melodia lenta, onde os versos mais simples são repetidos diversas vezes pelas personagens, enfatizando o sofrimento deles.

Na adaptação brasileira de RENT, as músicas foram versionadas para o português, porém, sem perder a força da versão original. Assisti a esse musical diversas vezes enquanto este estava em cartaz em São Paulo, em que cada vez me sentia tocado de uma maneira diferente, intensificando os sentimentos que estava tendo naquele momento. Porém, a mais marcante e a que motivou essa experiência estética foi quando estava com alguns amigos e passando por uma semana muito difícil e triste. A sessão inteira foi emocionante, porém, quando começou “Will I?” comecei a chorar, pois apesar de não estar passando pelo mesmo momento que os personagens, lembrei dos acontecimentos tristes daqueles dias e relacionei com as frases que estavam sendo cantadas, como “(…) Quem vai se importar? Desse pesadelo, vou acordar”, nunca havia me emocionado de tal forma e chorado ao assistir algum musical.

A adaptação brasileira me incentivou a assistir também a versão cinematográfica de RENT, de 2005, em que seis atores do elenco original original da Broadway reprisam seus papéis. O filme cumpre seu papel de emocionar tanto quanto a versão teatral, porém, de forma diferente, algumas músicas foram cortadas, reposicionadas ou utilizadas de outra maneira, o que não é o caso de “Will I”, que se mantém inserida durante uma sessão do grupo de suporte a vida, em um momento muito emocionante do filme.

Cena do filme “RENT”, música “Will I?”

Recomendo fortemente esse musical, para que outras pessoas também se emocionem, se transformem e tenham experiências estéticas e sentimentos diversos ao assisti-lo, seja na versão cinematográfica ou na teatral da Broadway, que possui uma filmagem profissional lançada comercialmente.

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