ROSOCOR
Me entrego a você
Com tudo o que tenho
Sigo aberto, descampado
Sempre desnorteado
.
Antes de sair de casa
Pego minha máscara
Treino as minhas faces
E preparo os disfarces
.
Vivo uma farsa
Tudo é vazio
Cansei dessa lorota
Mas duro em minha rota
.
Perdido, sigo
Não há mais sentido
Quando nada mais se sente
Não há nada em minha mente
.
Cadê o estímulo?
Vivo sem motivos
Sem mais sensações
Para onde foram as ambições?
.
Cama, melhor amiga
Confortável, bem quentinha
Sempre ao meu lado
Nunca me deixou desapontado
.
Me poupo, me defendo
Meu escudo é o disfarce
Nele eu me escondo
Apenas pressupondo
.
Quando será a próxima crítica
Gaiola não só prende, aperta
Pressão da sociedade
Almejando a liberdade
.
Procuro me entender
Me auto-analisar
Mas caio na mesmice
Da tão falada tolice
.
Transparência machucava
Inocência dissimulava
Solidariedade magoava
Intensidade condenava
.
Me torno descartável
Completamente instável
Nada faço, só lamento
E julgo seu comportamento
.
Sempre nos extremos
Sentia puramente
Relação entre ódio e amor
Ambos acarretavam dor
.
Energia pesada
Dia e noite passam
A angústia cresce
O medo permanece
.
Ligado no automático
Não vivo, existo
Procuro paz
Sou incapaz
.
Me apego ao simples ver
Sem ao menos conhecer
Tento me desprender
Por mais difícil parecer
.
Não é um jogo
Com isso não se brinca
Não diga o que não sabe
Aqui isso não se cabe
.
Tudo misturado
Overdose de pensamentos
Orgasmo de emoções
Me trazendo oscilações
.
Tic tac, tic tac
Tempo passa sem parar
Num piscar de olhos tudo muda
Não há ninguém que me acuda
.
Linda, livre, leve e solta
A bomba explodiu
Quando você menos esperou
Como assim já superou?
.
Amor é febre
Pra alguns passa
Pra outros mata
Injustiça inata
.
As lágrimas escorrem
Deixam cicatrizes
A dor no peito é forte
Chega a ser pior que a morte
.
Alívio eu anseio
Cego em tiroteio
BANG, sem receio
Venceu o sorteio