Sensações térmicas

Um poema sobre a última onda de calor sem precedentes que tomou São Paulo

Franco Cavezale
Iandé
1 min readNov 30, 2023

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Foto tirada por William Cardoso para o Jornal Metrópoles

Sensações térmicas

Sob a luz do sol, dourado e intenso,
Banha tudo em seu caminho, saturado e radiante.
Um cenário brilhante se desenha, imenso,
O calor, como manta, envolve, toca, incessante.

O ar ondula, distorce visões distantes,
Como olhar através de vidro aquecido.
O horizonte agitado, metrópole em movimento, vibrante.
Agora obscurecido, miragem de calor no firmamento,
Concreto e sentidos

O céu, azul intenso, vastidão ardente,
Reflete raios solares, paisagem urbana.
No toque, o calor abraça,
Desconfortavelmente íntimo, envolvente
Infiltrando-se até os ossos, calor que não acolhe.

A brisa, um suspiro quente, momentâneo alívio traz,
Mas consigo carrega o calor,
Anula qualquer paz.
Todas as superfícies emanam calor,
Pontos de toque quase ardentes, sensações incessantes.

Nas ruas, o asfalto absorve, atmosfera abafada,
O som pulsante da cidade, agora, parece atenuado.
Passos ressoam lentamente, murmúrio em cadência preguiçosa,
Como se a cidade mesma buscasse uma trégua silenciosa.

Cores da cidade, sob influência do calor que domina,
Edifícios em tons quentes, fachadas que brilham.
Caleidoscópio de brilhos, que cegam e oprimem,
Enquanto aguardamos a trégua, o frescor que redime.

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