SP — Sem Perdão

Um grão de areia no meio de outros 12 milhões grãos de areia.

Vitor Hugo Sales
Iandé
3 min readApr 23, 2019

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São Paulo.. “a cidade que nunca dorme”… Está sempre acesa, em movimento, sempre gritando para que todos possam ouvi-la.

Pólo econômico, industrial, que em 2018 foi a cidade que mais recebeu turistas no país e ainda hoje é vista por muitos como o grande sonho, a oportunidade, a realização.

Imagem da internet

Bar, balada, cinema, museu, show, exposição, tudo pronto para ser vivido, intensamente, a qualquer hora.

Do Itaquerão ao Autódromo, da Vl. Carrão a Vl. Madalena, na Ipiranga com a São João.. cada curva sua esconde o desconhecido.

Ruas e mais ruas voltadas puramente para o lazer, para o amor e para a experiência.

E ai a madrugada chega, as luzes dos apartamentos se apagam e os prédios te engolem.

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Para você que mora no meio dessa loucura, o ônibus parou de circular, o metrô fechou e as avenidas se esvaziaram.

A cidade agora fala com ela mesma. São poucos os que ainda estão ali. E mesmo esses que estão, seguem seu destino, não olham para o lado.

Um grão de areia no meio de outros 12 milhões grãos de areia.

O Uber que só quer chegar em casa depois de 15 horas dirigindo, os poucos funcionários da prefeitura que não vêem mais os filhos acordados faz tempo. E você tendo como única companhia os prédios e mais prédios.

Prédios esses que diante de tanta frieza se tornam personagens dessa narrativa tão inconsistente que é morar em São Paulo.

A segunda de manhã já te presenteia com alguém querendo passar por cima de você com sangue nos olhos. 8 da manhã e já é olho por olho.

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Pela janela do metrô, apenas rostos borrados por conta da velocidade com que tudo acontece.. mais uma vez um grão de areia no meio de tantos outros.

Mais uma vez os prédios, os trilhos, os elevados e as pontes dialogam com você.

Tá aí uma cidade que talvez tenha mais vida do que seus próprios moradores.

Porém jamais esqueçamos que existe sim amor em SP. Só é preciso garimpar bem.

Uma vez li a seguinte frase:

“Não venham a São Paulo, queremo-la só para nós. Há segredos que não merecem ser revelados a quem não estiver preparado”.

No final das contas, é uma frieza que aquece.

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