Tempo Líquido

A busca pela estética sonora perfeita

Gabriela Zatta
Iandé
2 min readDec 15, 2022

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A audição, sem dúvidas, é o sentido que mais conversa com o meu íntimo. Perceber os diferentes sons, cada um com sua singularidade, com seu tempo e com seu ritmo, me transporta para um lugar que sinto que é verdadeiramente meu. O espaço da produção musical, no sentido da música eletrônica, é hoje o meu maior refúgio e encontro. Tempo líquido, é a música que resulta de um mergulho de cinco horas, junto com Leon Fernandes. A ironia e comicidade que reside nesta experiência estética, está no fato de que minha projeção criativa mental, realizada a priori, é bem diferente do produto final. Este tipo de experiência exige o desapego da expectativa. O que me coloca diante de uma das questões que nasceram neste processo criativo — Temos mesmo controle acerca daquilo que produzimos? Durante a construção dessa música, diversas portas se abriram, o que em alguns momentos modificava radicalmente a sonoridade do que vinha sendo construído. E o convite que o som nos faz é seguir junto com ele. A música quer falar por nós. Ela é magnânima, nós, somos apenas instrumentos. Cada elemento que compõe esta construção caminha em seu tempo, cada pequeno universo com suas próprias leis e funcionamentos, colocados em um contexto coletivo, construindo algo novo, fundindo o inesperado. Cada qual em seu tempo, mas, paradoxalmente, todos falando juntos. Perceber o individual se juntando no coletivo e fazendo nascer algo novo, algo único… Esta é, sem dúvidas, uma das experiências estéticas que mais aprecio.

OBS.: Altamente aconselhável escutar com um bom fone de ouvido!

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