Daniel Blucher
Iandé
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4 min readApr 23, 2019

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Mapa da Trilha Salkantay

Saímos como fugitivos de Cusco, 3300m acima do nível do mar, antes do sol nascer. Após algumas horas na van e uma soneca nada satisfatória nas estradas de terra, paramos no pequeno vilarejo de Sayllapata. Tomamos um café da manhã delicioso, tudo com ingredientes locais. Seguimos em frente e, em meia hora, chegamos ao ponto de partida da nossa trilha.

Dia 1

O primeiro dia foi um choque de realidade. Percorremos 13 km em aproximadamente 6 horas mas o terreno era razoavelmente plano, acompanhava um antigo aqueduto Inca escavado na montanha. O equilíbrio entre o sol e ar frio da montanha permitiu que caminhássemos com vestimentas mais leves e refrescantes. O verdadeiro desafio foi após alcançar o primeiro camping, uma subida de 500m para o lago Humantay. Por 1 hora e meia subimos, tiveram momentos que senti meu coração batendo em minha garganta, como se estivesse pronto para abandonar meu corpo. O sofrimento fui justificado.

Aqueduto
Camping 1
Lago Humantay

Dia 2

O segundo dia seria o mais intenso de todos. Teríamos que concluir 22km durante um período de 9 horas mas diferentemente do primeiro trecho, este seria sinuoso e cheio de subidas e descidas. Após um chá de coca e um café da manhã no escuro, saímos e dedicamos 4 horas para alcançar o ponto mais alto a 4600m acima do nível do mar. A subida inicial era tão íngreme que se igualava mais a uma escalada do que uma caminhada, tendo que encostar meu joelho no meu peito para ultrapassar alguns dos obstáculos. O grupo parou por alguns minutos para observar o sol empurrando o frio e a escuridão para longe.

Para mim a parte mais difícil foi a descida. O terreno era de pedras soltas e o tempo estava muito seco, o risco de se machucar era alto. No final da caminhada o desafio era mais mental do que físico, a cada curva esperava ver a linha de chegada mas ela não aparecia.

Dia 3

O terceiro percorremos 16km por 5 horas, a cada metro que descíamos a temperatura aumentava e a paisagem se transformava. A caminhada ainda demandava muita energia mas a já estávamos mais acostumados com a exerção. Acompanhamos a montanha em uma beirada com menos de 2 metros de largura.

Dia 4

No quarto dia foram 19km em 6 horas até finalmente chegarmos à base da montanha e seguirmos trilhos de trem de até a cidade de Aguas Calientes, na base da montanha em que fica a cidade perdida de Machu Picchu.

Estátua de Manco Capac em Aguas Calientes

Dia 5

No quinto dia novamente acordamos antes do sol e saímos para a base da montanha de Machu Picchu. São mais de 3000 degraus até o pico mais alto, ao final sentia todas as fibras nas minha coxas. Chegamos ao topo por volta das 6 da manhã, antes das multidões, e podermos aproveitar a cena das nuvens partindo e revelado a cidade. Exploramos por algumas horas e continuamos nossa subida para o pico da montanha. Quando chegamos nos deparamos com, nada. A montanha estava cercada por neblina e não era possível ver além de poucos metros a frente mas a satisfação não foi reduzida. Após descer a montanha nossa jornada se concluiu.

Machu Picchu

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