Tudo, menos vazio
Todo lugar é assunto, mas no final o assunto sou eu…
Era domingo à tarde, e eu queria sair para algum parque ou museu pra tirar algumas fotos, mas não queria ir sozinha. Convidei meu pai, ele disse que não podia mas pediu que eu o acompanhasse no trabalho porque ele queria organizar o espaço, eu tinha uma certeza de que não teria nada pra eu fotografar lá — erro meu. Quando eu cheguei estava totalmente de mau humor, meu pai tentou colocar uma música, mas dessa vez era a que eu quisesse, coloquei alguma da banda “O Terno” provavelmente, e tentei fotografar algo. Comecei a olhar com outros olhos aqueles prédios envolta do consultório do meu pai, eu não achava interessante lá, mas o sol que batia nos prédios trazia tanta informação, a luz do sol naquele momento tava falava comigo, o lugar podia estar vazio, mas eu sentia ele completo.
Em seguida, após olhar para cima, olhei para baixo, e me deparei com mesas sem vida, não tinha ninguém ali, por que eu teria de fotografar? Comecei a criar alguma narrativa na minha cabeça, na qual aquela mesa e as cadeiras se tornaram personagens, assunto, e elas tinham sentimentos, elas se sentiam excluídas, sós, mas mesmo assim, se elas viraram personagens, aquele lugar não estava mais vazio.
Parei para refletir e entendi que todo lugar eu posso fotografar, todo lugar eu posso ressignificar ou aceitar ele do jeito que ele é, mas, claro, mesmo assim, sei que não estarei falando dele, e sim de mim.
