Uma Mudança…

Pauline Hansen
Iandé
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4 min readOct 17, 2018

Morei em Florianópolis 11 anos de minha vida, e nunca imaginei que um dia eu quisesse sair de lá. Quando eu tinha 16 anos de idade, estava em busca de alguma aventura, aprender uma nova língua, conhecer novas pessoas. Eu achava que isso tudo seria muito fácil e o que eu mais queria era me tornar independente, mas mal sabia o que isso significava. Conversei com a minha família, e a idéia era que eu fosse pra algum lugar diferente dos que eu já havia ido então sugeri a Suíça. Sabia pouca coisa sobre esse país, mas o que mais me chamava atenção é que nele, se podia falar 4 línguas. Decidi (junto ao meus pais) que queria ir para parte Italiana, e eles concordaram. Houve todo um preparo da minha família para que eu pudesse ir, o medo da minha mãe de eu estar indo sozinha e muito nova e o medo do meu pai de eu estar enganada sobre o que era independência.

Enfim… Acabei indo para uma cidade chamada Lugano, era perto de tudo, perto de algumas cidades que eu queria conhecer, perto de Milão e falava italiano. Porém fui parar em um internato, onde você dorme, janta, almoça e estuda em um mesmo lugar. Eu dormia em um dormitório chamado Montitchelo. Me lembro de tudo que havia dentro do pequeno quarto que dividia com uma colega Mexicana, Maria. Lembro-me de no inverno, ao acordar sentir o cheiro de pinho queimado, lembro-me do cheiro do metal da sacada molhado pela neve, lembro-me do beliche largo que mal cabia no quarto minúsculo no qual eu e Maria dividíamos. Era tudo novo, tudo bom.

Pensei que continuaria tudo assim, até que me deparei com situações comuns que me desesperaram, por eu ter tudo sempre na mão. Levar a roupa na lavanderia, com neve até os joelhos e carregando-as em um saco, já era muito desesperador. Ter hora para chegar, hora para sair, estudar mais do que nunca tinha estudado na minha vida…. Nada disso estava em meus planos. Achei que iria viajar, conhecer o mundo e ser "independente ".

Depois de 8 meses que eu já estava na quela situação, tinha feito grandes amizades, mas demorou um pouco. Percebi que eu ainda não sabia o que era ser independente, mas se tinha alguma coisa que estava me ensinando, era conviver com aquelas coisas que eu achava tão difíceis e realmente sair da minha zona de conforto. Me modificar para conhecer novas pessoas, estudar para fazer com que aquela experiencia valesse a pena, viver dentro do mundo em que eu decidi ficar por 1 ano. Por mais que eu já soubesse falar inglês e a minha escola fosse americana, na cidade eu tinha que falar italiano, e isso já foi uma grande experiencia de independência para mim, e eu achava que isso iria ser consequência e não um marco.

Aprendi então, que no tempo que eu passei fora, as coisas mais simples foram as que eu mais iria me lembrar, que mais me fizeram crescer e que faltava muito para eu ser uma pessoa totalmente independente, mas que eu estava no caminho certo pois tudo aquilo que eu vivenciei levo até hoje no meu coração e meus melhores amigos são aqueles que eu fiz nessa viagem e os tenho até hoje.

3FPN20182

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