Uma nova rotina

Gonzaga
Iandé
Published in
3 min readMay 16, 2020

Desde que tinha 4 anos eu sempre sonhei em ter um cachorro. Hoje, quase 16 anos depois, eu tenho seis. Ganhei Charlotte de presente dos meus pais quando tinha 13 anos, e Charlotte me deu de presente de 16 anos cinco bebês. Quando os filhotes finalmente nasceram, logo percebemos que não teríamos coragem de doá-los então logo comecei a dar nomes para cada um deles. Assim surgiram Mario, Luigi, Gaia, Kenai e Koda.

Da esquerda para a direita: Charlotte, Luigi, Kenai, Koda, Gaia e Mario.
Da esquerda para a direita: Charlotte, Luigi, Kenai, Koda, Gaia e Mario.

Amo todos incondicionalmente, mas assim que Koda se entendeu por cachorro, ele acabou por se tornar meu fiel escudeiro. Fazemos tudo juntos quando estou na minha cidade. Muito parecido comigo, Koda pode ficar incomodado se encurralado, então respeito o seu espaço tanto quanto ele do meu.

Eu e Koda em 01/2020, quando finalmente voltei para casa.

Quando precisamos de carinho, um é a primeira pessoa — ou cachorro — que o outro busca, e assim somos muito felizes quando juntos. Por esta razão, Koda foi e continua sendo o membro da família que mais sente minha falta desde que eu me mudei para fazer faculdade, acredito que até mais que os meus pais e irmã, já que estes sempre podem me visitar.

Não é de se estranhar que todos os meus cachorros estejam muito felizes com a minha volta para Marília desde o começo da quarentena, entretanto, Koda está especialmente fascinado com me ver andando pela casa, tanto que decidiu criar uma nova rotina para mim.

Alguns dias atrás eu estava dormindo, e como é de praxe, minha família havia deixado minha porta aberta para que os meus cachorros tentassem, sem muito sucesso me acordar. No entanto, este dia foi diferente. Já havia notado que a porta estava aberta à algum tempo, não saberia dizer quanto, mas podia ver a luz amarela do corredor entrar pela fresta. Não fiz muito caso disso, tentando ao máximo me agarrar aos últimos minutos de sono que teria naquele dia antes de começar a ser um ser humano funcional e com responsabilidades, até que, no fundo de um último sonho eu pude ouvir um único e muito comedido latido, o tipo de latido que não é nada além de uma forma de dizer “eu estou aqui”.

Tentei me forçar a abrir os olhos e pude ver uma pequena silhueta no chão, paciente e ansiosamente aguardando o meu despertar. Achei que pudesse ser sonho então fechei os olhos mais uma vez, só para no mesmo instante ouvir um novo e levemente mais grave latido de aviso. Nesse momento notei que quem me esperava com uma grande inquietação era ninguém menos que meu melhor amigo felpudo. Dei bom dia para ele e perguntei se gostaria de se deitar por mais alguns instantes, resposta que recebi prontamente com Koda pulando na cama e se aconchegando comigo. Assim ficamos por algum tempo até começarmos mais um dia, criando juntos este pequeno ritual que vem se repetindo desde então, um que me dá forças para continuar firme e forte em meio ao medo e pânico que estamos vivendo.

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