Vim para julgá-lo, salve-se
Passei por uma experiência que aconteceu durante meu intercâmbio em Taiwan. Presenciei um festival de purificação, feito para todos os moradores de um vilarejo que foram presos e buscavam um perdão máximo. Para mostrar a comunidade que estavam prontos para encarar o ódio da sociedade.
O “The Bombing of Master Han Dan Festival” consiste em homens, que cometeram crimes no passado, devendo subir em um pedestal e ser carregado entre as pessoas, enquanto estas atiram sobre eles bombas e fogos de artifício.
Esse ato serve para provar que sua coragem perante a dor supera sua covardia do passado, além de aguentar o julgamento e toda a dor que a sociedade o queira infligir. A mesma dor que ele um dia cometeu…
Eu só pensava naquela tradição chinesa, a dor salva? A dor purifica? Precisamos ser crucificados para sermos salvos? Qual o limite para testar se alguém aprendeu com seus erros? Por que se submeter a dor e ao medo para provar e ser aceito? Por que desejamos ver alguém que errou sofrendo? Somos tão vis a esse ponto? Quem merece ser salvo, ele ou eu? Quem tem o direito de falar quem está errado em uma história?
Salvar-se pelo machucado
A dor impregna
Mas os crimes perdoados
E a vida se torna digna
Salvar-se não vem fácil
Não cai por mérito também
É uma passagem difícil
Que com a dor se obtém
Um pecado pode ser esquecido?
Um acerto conserta um erro?
Como o perdão eu descerro?
Como consertar o que foi partido?
É possível perdoar?
É possível se salvar?
Será?
Apenas penso que o futuro dirá
A morte não escolhe nem julga
Ela nos leva e disso não há fuga
Apenas buscamos o pódio
Infligindo sempre a dor
Nos matamos pelo ódio
Esquecemos de viver pelo amor…