Vim para julgá-lo, salve-se

Lucas Iotti Zago
Iandé
Published in
2 min readApr 26, 2019

Passei por uma experiência que aconteceu durante meu intercâmbio em Taiwan. Presenciei um festival de purificação, feito para todos os moradores de um vilarejo que foram presos e buscavam um perdão máximo. Para mostrar a comunidade que estavam prontos para encarar o ódio da sociedade.

O “The Bombing of Master Han Dan Festival” consiste em homens, que cometeram crimes no passado, devendo subir em um pedestal e ser carregado entre as pessoas, enquanto estas atiram sobre eles bombas e fogos de artifício.

Esse ato serve para provar que sua coragem perante a dor supera sua covardia do passado, além de aguentar o julgamento e toda a dor que a sociedade o queira infligir. A mesma dor que ele um dia cometeu…

Eu só pensava naquela tradição chinesa, a dor salva? A dor purifica? Precisamos ser crucificados para sermos salvos? Qual o limite para testar se alguém aprendeu com seus erros? Por que se submeter a dor e ao medo para provar e ser aceito? Por que desejamos ver alguém que errou sofrendo? Somos tão vis a esse ponto? Quem merece ser salvo, ele ou eu? Quem tem o direito de falar quem está errado em uma história?

Salvar-se pelo machucado

A dor impregna

Mas os crimes perdoados

E a vida se torna digna

Salvar-se não vem fácil

Não cai por mérito também

É uma passagem difícil

Que com a dor se obtém

Um pecado pode ser esquecido?

Um acerto conserta um erro?

Como o perdão eu descerro?

Como consertar o que foi partido?

É possível perdoar?

É possível se salvar?

Será?

Apenas penso que o futuro dirá

A morte não escolhe nem julga

Ela nos leva e disso não há fuga

Apenas buscamos o pódio

Infligindo sempre a dor

Nos matamos pelo ódio

Esquecemos de viver pelo amor…

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