Webcomic? História em quadrinhos?

Weena S. G.
Iandé
Published in
4 min readApr 21, 2019

A experiência que decidi falar sobre trata-se da semana em que li uma história em quadrinhos na internet chamada Homestuck.

Existem diversas histórias em quadrinhos, também conhecidos como “webcomics”, na internet. A grande maioria feita de fãs do meio para outros fãs, com uma grande variedade de temas e formatos. Mas nada exatamente como Homestuck. Essa peça de mídia é um… monstro. Com suas incríveis 8.000+ páginas, além de um epílogo sendo postado nos últimos dias, Homestuck não se trata apenas de um webcomic, ele se trata de uma jornada. Durante a leitura, você vai se deparar com redações de textos, desenhos incríveis, animações de até 20 minutos, jogos e sites interativos, fazendo essa “história em quadrinhos” bem diferente das outras com o mesmo nome. Homestuck trata de diversos temas durante sua grande extensão, entre eles amizade, família, “coming of age” (se tornar adulto e amadurecimento), a sociedade em que vivemos, sexualidade, aliens, a criação do universo e várias perguntas fáceis de responder, como: Por que existimos e para onde vamos? Como e quando nós somos nós mesmos? Por que as coisas são como elas são e será que podemos mudar?

Esse webcomic sozinho já pode ser considerado uma experiência estética, seja pelo seu tamanho ou seus temas, ou quantas vidas ele mudou desde 2009, quando começou a ser postado na internet. A experiência que eu gostaria de mencionar foi a semana em que eu comecei e terminei essa história fascinante.

Era uma semana de aula, nos últimos meses do meu 3º ano do colegial. Eu estava um pouco perdida na vida, não tinha certeza do que eu estava fazendo, ou o que faria assim que saísse da escola. Minha vida estava passando na minha frente feito um filme na época. Foi nessa época que descobri Homestuck. Ou melhor, redescobri, uma vez que já tinha ouvido falar da história ridiculamente grande que havia tomado conta da internet em 2012. Homestuck começa de um jeito bem… Único, simulando e parodiando jogos de comandos, onde os leitores colocavam ordens nos comentários, e o autor escolheria qual deles o personagem faria para continuar a história. Esse fato havia deixado uma pequena eu de 12 anos confusa, então eu não havia continuado a ler na época. Me arrependerei disso durante toda minha vida. Voltei a ler Homestuck apenas em 2017, mas gostaria de ter passado pela experiência que muitos fãs ávidos passaram, que foi crescer lendo Homestuck.

Uma pena, porém ainda assim, a semana que eu passei indo para a escola de manhã, dormindo a tarde toda e lendo durante a madrugada foi uma das semanas mais divertidas da minha vida. A primeira vez que “trocar o dia pela noite” não foi só o modo de falar para mim. Nas manhãs eu ia mais animada que nunca para escola, contando para todos meus amigos a experiência que eu estava tendo ao ler Homestuck, e implorando para eles tentarem ler também. Acho que nunca fui tão chata minha vida inteira.

Mas o que eu poderia fazer, eu tinha acabado de descobrir o que eu queria fazer do resto da minha vida e não podia dividir com ninguém. Ri e chorei sozinha durante a madrugada no meu quarto, me apaixonando pela história e seus personagens, tendo a primeira experiência de conseguir me enxergar em alguns deles, coisa que nenhuma mídia que consumi todo a minha vida tinha conseguido.

Quando a semana acabou eu estava pasma com o mundo inteiro, revoltada mas muito, muito feliz. Eu não sabia para onde eu ia exatamente, mas eu sabia o que eu queria fazer. Eu queria criar histórias que deixassem as pessoas passarem por experiências como a que Homestuck me trouxe. Eu precisava trazer o senso de direção e entendimento que eu recebi assim que eu terminei a história, não sabia como, mas algum dia eu precisava alcançar e devolver para o mundo o que eu senti lendo essa mídia.

Desde então eu sinto que aprendi a gostar das coisas de verdade. Falar de coisas que eu gosto passou a ser minha atividade preferida, isso, e criar minhas histórias, que antes eram só um passatempo, mas agora são muito mais. São minha vida e meu motivo de viver, desenhar e criar histórias são tudo o que eu faço, e não vejo como eu poderia me arrepender de dedicar minha vida a isso, nunca.

Por Weena Shiratsuchi Gonçalves

*As imagens colocadas são arte oficial da história e do álbum de Homestuck.

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