Bate-papo com Oscar Malvessi, professor da FGV-SP e um dos coordenadores da publicação Monitoramento de Desempenho Empresarial

Comunicação IBGC
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3 min readMar 5, 2018

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Oscar Malvessi, professor-adjunto do Departamento de Finanças da FGV-EAESP

O capítulo Minas Gerais do IBGC realizou, na noite de 13/12/2017, a palestra “O Papel do Conselho de Administração no Monitoramento Empresarial”. Durante o evento, ocorreu o lançamento regional da publicação Monitoramento de Desempenho Empresarial.

Na edição de 08/12/2017 do Instante IBGC, conversamos com Oscar Malvessi, professor-adjunto do Departamento de Finanças da FGV-EAESP e um dos coordenadores da obra. Malvessi é um dos grandes difusores do conceito da metodologia Gestão Baseada em Valor ou VBM (da sigla em inglês Value Based Management). A relação desse conceito e o monitoramento empresarial foi um dos principais temas da entrevista, que pode ser lida a seguir.

Como deve ser construído um processo de monitoramento empresarial?

O processo deve ser organizado com muito cuidado e critério para que seja possível construir princípios comuns para a avaliação do desempenho. Todos os níveis da companhia precisam saber o que será monitorado. No entanto, é muito comum que a comunicação desses critérios não seja bem feita e setores inteiros não saibam como serão avaliados. É claro que esse processo parte de um debate sobre a missão e a visão da empresa, e também de quais são os seus objetivos de curto, médio e longo prazo.

O senhor defende que o monitoramento efetivo das empresas precisa refletir a Gestão Baseada em Valor (Value Based Management — VBM). Como definir o que é o VBM?

Para qualquer organização existir é preciso ter recursos financeiros ou capital, seja dos acionistas ou de terceiros via empréstimos bancários, que são aplicados nas operações da companhia. O conceito de gestão baseada no valor, o VBM, considera as empresas como ativos financeiros e, como consequência, entende que eles precisam criar valor, remunerando todo o custo do capital investido. Isso inclui o custo de oportunidade do acionista (o quanto esse recurso poderia render se aplicado em outros ativos). Os conceitos tradicionais de balanços financeiros, criados logo após a Segunda Guerra, não consideram em seus cálculos o custo de oportunidade de capital dos acionistas nos resultados das companhias. Ou seja, a empresa pode apresentar um lucro, mas esse lucro pode não ser suficiente para remunerar o custo de oportunidade do acionista. Logo, a atuação da empresa destruiu em vez de criar valor. No Brasil e no mundo, as demonstrações financeiras tradicionais estão muito mais alicerçadas em legislação tributária e societária. Já o conceito de VBM é um conceito gerencial, criado para fazer com que os conselheiros, os gestores e os trabalhadores entendam melhor a companhia. Acredito que olhar a empresa por meio desde conceito melhora os processos de monitoramento.

Quais são as questões que um conselheiro precisa fazer para garantir o monitoramento?

Em primeiro lugar, é necessário que exista um alinhamento de interesse entre todos os interessados da companhia: os acionistas, o conselho e a gestão. Porque, a partir daí, você elabora uma linguagem comum. Ou seja, o conselheiro recebe informações estratégicas dentro da mesma linguagem que a gestão usa. Esse é o verdadeiro monitoramento. O objetivo do monitoramento empresarial, como nós descrevemos no caderno, é fazer essa integração de tal forma que o alinhamento de interesses esteja definido e claro. E um sistema de monitoramento que leve em consideração o VBM, ajuda a entender e transmitir o alinhamento de interesses para todos os envolvidos.

(Pedro Malavolta)

Publicado originalmente em 08/12/2017 no Instante IBGC, newsletter exclusiva para associados do instituto.

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