Diversidade em Conselhos

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3 min readMar 8, 2018
Tarsila Ursini, head do comitê de sustentabilidade da Duratex

O IBGC, o IFC e o WCD estão preparando uma reformulação em seu programa para promoção da diversidade nos conselhos. Em breve, serão anunciadas as novidades em relação ao programa de mentoria para mulheres executivas que almejam se tornar conselheiras de administração.

Neste dia internacional das mulheres, entrevistamos Tarcila Ursini, head do comitê de sustentabilidade da Duratex e uma das participantes do programa de mentoria em 2017.

IBGC: Como foi a sua experiência com o processo de mentoria?

Tarcila Ursini: Foi uma experiência bárbara participar desse programa que o IBGC, o IFC e WCD promovem. O processo foi muito rico. Mesclando reuniões em grupo, com as outras mulheres mentoradas, e as reuniões com o mentor. Criamos uma identidade entre as participantes do programa e continuamos em contato até hoje debatendo, via Whatsapp, sobre assuntos ligados à vanguarda nos negócios. Ao final do programa, saímos com a certeza que existe um conjunto de mulheres muito preparadas para fazer a diferença em conselhos. Outro ponto de destaque é o processo de escolha do mentor para cada uma das mentoradas. A minha mentora, Vivien Rosso (CEO do A.C. Camargo), fez um trabalho incrível. Nós marcávamos nossos encontros, sempre ao final do dia, para podermos alongar nas nossas conversas. Ela me provocou bastante, me ajudou a fazer uma análise ampla e profunda da minha carreira, planejar onde eu gostaria de estar e entender onde a minha expertise poderia agregar mais em um conselho. Hoje, a Viven continua minha amiga até hoje.

IBGC: De que formar uma maior diversidade na alta administração, em especial nos conselhos, pode melhorar a atuação das empresas?

Tarcila Ursini: Eu gosto de olhar a diversidade para além da questão de gênero. É claro que existe uma questão feminina que precisa ser olhada, e isso é no mundo inteiro. Ter formação distinta, opiniões, backgrounds e gêneros diferentes também contribuem. Porque a diversidade dá lucro. Ela aumenta a condição da empresa ter uma opinião mais apurada da sociedade onde a empresa atua. Nós vivemos a quarta revolução industrial e nós temos certeza que vários negócios desaparecerão em breve, se continuarem a elaborar as suas estratégias da maneira como o fazem hoje. Para mudar a maneira de planejar, é necessário um conselho mais moderno, mais ativo, que possa extrapolar as reuniões formais de conselho, que possa interagir com outros atores da sociedade, que entenda que as mudanças hoje. E é sempre bom que a gente reflita a sociedade em que estamos. Neste aspecto, a diversidade, inclusive de gênero, é muito bem-vinda. E há pesquisas que apontam que quando você coloca uma ou duas mulheres no conselho, as empresas dão resultados positivos por conta de uma riqueza maior de informações e de maneiras de tomada de decisão. No caso específico das mulheres, é sempre importante lembrar que nós somos a principal voz na decisão das compras das famílias. Eu estranho muito um conselho de uma empresa com relação com consumidor final que não tenha nenhuma mulher.

IBGC: De que forma você acha que o número de mulheres em conselhos pode crescer?

Tarcila Ursini: Acho que existem muitas iniciativas. Uma delas é expandir esse programa de mentoria junto com IFC e WCD, porque ainda há muitas mulheres capacitadas e que querem participar, principalmente de uma nova geração. Outro ponto é ajudar a construir e reunir evidências de que conselhos mais diversos têm bons resultados. Manter esse tema na pauta dos eventos, como o Congresso Anual e o Encontro de Conselheiros, e realizar debates qualificados sobre o assunto também pode contribuir. Uma ação pouco explorada, ao meu ver, é influenciar headhunters e consultores de governança, que são quem selecionam e montam os conselhos nas empresas. Trabalhar com esses públicos pode ter um grande impacto caso se consiga que eles passem a ter uma visão mais ampliada e profunda de como deve ser um conselho na quarta revolução industrial e a era digital. E também para que eles ampliem o seu networking e conheçam um maior número de mulheres preparadas para assumir posições nos conselhos. Ou seja, programa de mentoria de mulheres é uma ação fantástica, mas que precisa fazer parte de uma série de ações para melhorar diversidade nos conselhos.

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