Heloisa Bedicks explica como, e por que, inovação foi escolhida como a agenda temática de 2018 para o IBGC

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Published in
5 min readMar 19, 2018
Heloisa Bedicks, superintendente geral do IBGC

Durante 2018, o IBGC vai orientar seus debates e atividades em torno do tema da inovação, disrupção, perenidade das organizações, sempre os relacionando com a governança corporativa e seus órgãos. Para explicar a escolha dessa temática e em quais atividades e produtos do IBGC ela será tratada, conversamos com a superintendente geral do instituto, Heloisa Bedicks.

Neste ano, o IBGC terá a”inovação” como tema que norteará as suas ações. Por que a escolha dessa agenda temática?

Inovação é um tema extremamente importante, com o qual os conselhos de administração e alta gestão das empresas têm de estar atentos. É preciso que haja um awareness, uma preocupação, por parte dessas pessoas para que não aconteça o que já aconteceu com empresas como a Blockbuster, a Blackberry e a Kodak, que entraram em um processo de decadência, porque seus produtos não evoluíram de acordo com o mercado. Nós também observamos o outro lado, com a Uber, o Airbnb, a Netflix e o Spotify, empresas que criaram processos disruptivos e mexeram com os setores em que passaram a atuar. Além disso, inovação é um tema atual e vem sendo discutido em outros institutos congêneres ao IBGC, que atuam em outros países. O tema do ano 2018, que balizará o conjunto de ações do instituto, será: “Ecossistema da governança, inovação, disrupção e perenidade”. Ou seja, dentro do ecossistema da governança, que é a área de atuação do instituto, nós abordaremos a inovação. E, especificamente neste tema, vamos debater a questão da disrupção, mas também a continuidade no longo prazo das organizações.

Um ponto que é preciso esclarecer é que a inovação e a disrupção não precisam partir apenas de empresas recém- criadas. As empresas mais tradicionais também podem se adaptar ou criar produtos que mudem o mercado?

Sem dúvida. Quando fizemos a Jornada Técnica para a Alemanha em 2015, visitamos empresas familiares com centenas de anos. Uma das que conhecemos já estava na sétima geração, ou seja, mais de 600 anos. Quando falamos de perenidade no nosso tema é nesse sentido. As mudanças não significam que a empresa vai acabar, mas a administração dela precisa ser inteligente para entender a mudança no mercado e, então, adaptar-se, inovar e evoluir. O que não pode é ela ficar parada. Voltando para o exemplo da Kodak, é interessante lembrar que a empresa chegou a desenvolver, antes da concorrência, uma câmera digital. Dentro da companhia existiam funcionários que defendiam essa mudança para o digital, mas a alta administração do negócio decidiu ficar no negócio analógico de filmes e revelação. Eles não evoluíram. O que aconteceu é que o filme que era o flagship da companhia, praticamente acabou. Só os saudosistas usam. A mensagem é que a empresa tem de evoluir junto com o mercado. Sua planta, suas unidades fabris precisam fazer a mesma evolução.

Como acontece a escolha da agenda temática anual do IBGC? Como se define um tema do ano no IBGC?

O IBGC tem uma Comissão Temática, formada por nossos associados, que elabora sugestões de temas, que, por sua vez, são apresentadas ao conselho de administração. A definição final é feita na reunião do conselho, após um processo de debate. Ao longo do ano, nós trabalhamos com esse tema nos diversos eventos, fóruns e workshops, e ele acaba se refletindo nos dois grandes eventos que realizamos anualmente: o Encontro de Conselheiros, que neste ano será no dia 11 de junho, e o Congresso Anual, que ocorrerá nos dias 01 e 02 de outubro.

Mas poderemos ver o tema da inovação em outras atividades ou mesmo outros produtos do IBGC?

Sim. Por exemplo, no ano passado criamos um grupo de estudos sobre inovação e outro de startups. Além disso, a escolha do destino da jornada técnica deste ano para o Vale do Silício foi, exatamente, para conhecermos e estudarmos temas como: inteligência artificial, transformação digital, governança da robótica, cyber security, internet das coisas, blockchain, Big Data, nanotecnologia, inovação digital, utilização de serviços cognitivos, como Watson da IBM, nas mais diversas áreas. Escolhemos o Vale do Silício por ele ser o principal centro de tecnologia do mundo. Portanto, a Jornada Técnica deste ano reflete essa questão da inovação. Além disso, duas semanas atrás, antes do Carnaval, os jornadeiros de edições anteriores escolheram o destino da Jornada Técnica de 2019: Israel. E essa escolha foi pensada como uma sequência da viagem para o Vale do Silício, já que esse país é considerado o segundo polo de inovação digital, lar de muitas startups como o Waze. Provavelmente, a Jornada Técnica para Israel, deve acontecer em maio de 2019. Ao longo deste ano e do próximo, o tema da inovação aparecerá em fóruns de debates e outros eventos que o IBGC organizar. Queremos sempre trazer pessoas que tenham expertise e vivência com inovação e disrupção.

O livro anual também deverá tratar de inovação, correto?

Exatamente, até porque neste ano, o livro volta a tratar do mesmo tema do Congresso IBGC.

Existem inúmeras maneiras de abordar a relação entre inovação e governança corporativa. Como o IBGC vai analisar essa conexão?

Os conselheiros precisam estar preparados para ter essa visão futurística, dentro das estruturas de governança. Quando colocamos a inovação no centro dos debates, queremos mostrar para estes conselheiros que é preciso ter um olhar atento para essas mudanças muitas vezes disruptivas, que acontecem numa velocidade cada vez mais rápida. E os conselheiros precisam responder a essas mudanças e acompanhar essa aceleração. Isso está intrinsecamente ligado à responsabilidade com a estratégia das empresas, que é uma das responsabilidades do conselho. É o papel do instituto educar esses conselheiros para que eles tenham esse olhar inovador dentro das empresas em que atuam.

E conselheiros preparados para tratar de inovação nas suas empresas podem ajudar o país?

Há quarenta anos que o Brasil não tem avanços tecnológicos nas suas exportações com relação a outros países. Ficamos mais “commoditizados” em nosso perfil de exportador. Não estamos nem de longe realizando a contento a transição rumo a uma sociedade de uso intensivo de tecnologia, como a China está fazendo. Eu acredito que educação é igual a inovação, que é igual a empreendedorismo. E o Brasil não está fomentando essa equação. Compete aos conselhos levar essa questão para dentro das empresas em que atuam. E também é nesse momento que entra toda a parte de educação que trabalhamos no IBGC. Por isso, nossos programas de treinamento também devem passar a incluir esse olhar inovador, com mais instrutores e palestrantes com vivência nesse assunto.

(Pedro Malavolta)

Publicado originalmente em 23/02/2017 no Instante IBGC, newsletter exclusiva para associados do instituto.

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