Afinal, bitcoin é uma fraude?

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3 min readJul 27, 2018

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Na história da humanidade, é a primeira vez que damos valor (do ponto de vista econômico/financeiro) a algo completamente intangível. No passado, usamos sal e até mesmo pedras como ativos financeiros para trocar bens e serviços. Hoje, temos milhares de moedas (atreladas à seus países) e outros bens, como ouro e diamante, que fazem esse papel de “guardar” valor. Se pararmos para pensar, o valor que esses ativos tem para nós não passa de uma grande crença; aceitamos um papel em troca de produtos e serviços e acreditamos que certos compostos da natureza (pela sua escassez e beleza) possuem valor. Algo muito similar ocorre com as criptomoedas; a humanidade está acreditando que elas tem valor, mesmo sendo completamente digitais e, portanto, intangíveis. Mas afinal, as criptomoedas são uma grande fraude criada por hackers? O bitcoin será conhecido no futuro como uma das maiores fraudes digitais da nossa história?

Vamos iniciar essa conversa falando sobre o ouro. Não há dúvidas que o ouro tem valor não só por sua escassez. O mercado de jóias fatura bilhões todos os anos desenvolvendo e vendendo objetos que são percebidos como de alto valor (financeiro e emocional) pelas pessoas. Por outro lado, boa parte do ouro existente no mundo está guardado em cofres. E o mais intrigante é que muitas pessoas que investem em ouro, jamais viram ou tocaram no seu metal; muito investimento em ouro é feito através de certificados de propriedade desse ouro. Ou seja, acreditamos que possuímos ouro pois alguém escreveu isso em um papel. Por acaso, fomos até a instituição conferir se de fato o nosso ouro está lá? Como temos certeza de que temos esse ativo? Indo ainda mais longe, mesmo verificando que o ouro encontra-se no cofre, como sabemos se de fato aquilo é ouro verdadeiro?

Vamos agora tentar traçar um paralelo com o bitcoin. Sabemos que há um limite de produção desta criptomoeda (21 milhões). Conseguimos provar que um bitcoin é de fato um bitcoin (basta aplicar alguns cálculos matemáticos). Além disso, por conta da estrutura da blockchain conseguimos ter certeza que de fato uma pessoa possui uma certa quantidade de bitcoins e que eles são, de fato, verdadeiros. Quando você compra ou vende um bitcoin, não há dúvidas de que o que você transacionou foi um bitcoin. É tudo matemática, e é tudo verificado por uma grande estrutura que é virtualmente inviolável: a blockchain.

Em suma, o bitcoin:

  1. É escasso: não é possível existir mais do que 21 milhões deles;
  2. É verificável: qualquer um pode ter certeza de que aquilo é um bitcoin;
  3. É de fácil movimentação: por ser digital, conseguimos facilmente transferir um bitcoin para o outro lado do planeta em minutos.

Então, se olharmos do ponto de vista de um ativo financeiro, o bitcoin é mais seguro, mais simples e mais prático do que o ouro. Obviamente, o bitcoin não pode ser carregado no pescoço, orelhas e dedos para ser exibido para outras pessoas. Mas isso é outra história. De fato, o bitcoin não carrega (ainda) essa carga emocional. Por fim, diferente do ouro, que já está estabelecido no mercado à séculos, as criptomoedas ainda precisam “se provar” e se estabelecer.

Respondendo diretamente a pergunta do título deste artigo: não! Bitcoin não é uma fraude. É, talvez, o resultado de uma das maiores revoluções tecnológicas dos últimos tempos depois da internet. Agora, é questão de tempo para o mercado maturar e mudar a forma como transacionamos bens e serviços.

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