ISA Floripa 2017 | Um novo modelo mental

Bruna Ferencz
Ideativodesign
Published in
6 min readNov 21, 2017

Depois de 3 dias entre 8 ilhas de conhecimento, cases de mercado, talks acadêmicos, empresas como SAP, Spotify, IBM, Booking, Facebook, Huge entre tantas outras e, palestras, palestras e mais palestras, enfim vivemos o Interaction South America Floripa 2017.

A maior edição de todos os ISAs. Este não foi apenas o maior evento dedicado a UX da América do Sul, mas também do mundo! Não foi brincadeira mesmo.

IG ISA 2017

E o que ficou disso tudo?

Trouxe para casa alguns aprendizados, reencontros, inspirações e uma expressão latente: novo modelo mental. Tema que permeou, mesmo que discretamente às vezes, grande parte das apresentações.

Machine Learning, Inteligência Artificial, Bots, Design Thinking, Liderança, Brand Experience… estão estritamente ligados a necessidade da construção e da condução de novos modelos mentais.

Design está muito além da solução visual ou estética, sabemos disso. Está relacionado a forma como resolvemos problemas, atualizamos processos ou então, concretizamos inovações. Dito isso, faz sentido que novos modelos mentais sejam essenciais.

Grandes temas

Nessa mesma linha, ao invés de citar na íntegra algumas apresentações, quero falar sobre três temas que, entre tantos, se destacaram considerando o contexto que temos trabalhado.

Chatbots

Esses robozinhos super legais que são programados para conversar de maneira autônoma com os usuários, foram citados algumas vezes durante o ISA.

A abordagem mais importante no meu ponto de vista, surgiu por meio de uma pergunta:

Para quê um chatbot?

Chatbots são muito legais, podem ser muito úteis, há diversas forma de fazer, mas antes de tudo, precisam fazer sentido.

Isso reforça que pensar o problema vem antes de discutir sobre a solução. É mesmo um chatbot que resolverá seu problema? Tenha certeza disto antes de começar o desenvolvimento.

E se um chatbot faz sentido para a solução do seu problema, quais são os aspectos para o seu desenvolvimento?

Em primeiro lugar, é preciso entender esse novo modelo mental de conversas autônomas. Basicamente, você pode projetar de duas formas: considerando uma árvore de decisão pré-definida ou usando Inteligência Artificial (AI). O que nos levará ao próximo ponto, mas calma, já já.

Não esqueça que seu chatbot precisa de uma personalidade, tempos de resposta adequados e uma estratégia de pontos de apoio. Você não quer seu usuário perdido sem saber o que fazer quando a resposta não for bem aquela. Além, de utilizar um bom tom de voz e cuidar da linguagem, o que vai te levar a estabelecer uma parceria com um redator durante o projeto.

Duas referências bem legais:

Warren

Warren (https://oiwarren.com/)

Polly do Slack

Polly (https://www.polly.ai/slack-poll)

Machine Learning (ML)

Muito tem se falado sobre machine learning e isso é mesmo muito legal. Para começar a ensinar uma máquina, basicamente você fornece algumas informações que a partir de então, ela usará para fazer comparativos.

Veja um exemplo:

Eu digo para a máquina "Isso é uma maça" e mostro esta imagem:

Em seguida digo "Essa também é uma maça, mas ela é verde" e mostro essa outra imagem:

Após avaliar algumas imagens, a máquina me pergunta "Isso é uma maça?"

"Não, isso é um pêssego!" eu respondo em seguida.

Assim a máquina aprende, coleta mais informações e com o tempo sabe comparar, distinguir e avaliar. Lindo, não?

É claro que o exemplo é simplório, mas sua criatividade é o limite! Que tal fazer sua máquina reconhecer padrões do usuário para direcionar conteúdos mais relevantes, que por sua vez irão aumentar suas taxas de conversão?

Bons exemplos que utilizam machine learning são o Booking, Netflix e Spotify. Aposto que você adorou aquela playlist de linha do tempo que o Spotify lançou há pouco tempo. Rever seus clássicos da adolescência (quando a plataforma sequer existia), só foi possível por causa de uma maquininha que conseguiu aprender com seus dados.

ACESSIBILIDADE

Com caixa alta porque é um tema que precisa de destaque. Mais destaque, todo o destaque que pudermos.

“Para pessoas normais a tecnologia torna as coisas mais fáceis. Para pessoas com deficiência, a tecnologia torna as coisas possíveis.” Lucas Radaelli

Existem muitos mitos sobre projetar de maneira acessível. Que custa caro, que demora mais, que atender a um tipo de restrição já é suficiente, etc. O que nós vemos na prática, não é bem isso.

O número de pessoas com restrições fixas ou temporárias é muito significativo para ser deixado de lado. No total, cerca de 12% da população latino-americana e caribenha vive com pelo menos uma deficiência, o que envolve aproximadamente 66 milhões de pessoas.

Segundo o censo de 2010 feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística — IBGE 45.606.048 de brasileiros, 23,9% da população total, têm algum tipo de deficiência — visual, auditiva, motora e mental ou intelectual.

Devemos fornecer acesso a informação para todos. Um ato simples na decisão do projeto, um impacto tremendo para a vida das pessoas.

Para isso, é importante definir diretrizes de acessibilidade já no início do projeto. Quando boas práticas são adotadas por todo o time: conteúdo, design, front e back-end, os resultados são incríveis.

Para começar a projetar de maneira acessível, indico 3 leituras:

W3C Brasil
Cartilha de Acessibilidade na Web

ADA (The Americans With Disabilities Act) Compliant Website
ADA Compliant Website Checklist

Diretrizes Irlandesas
Diretrizes Irlandesas de Acessibilidade Web

Checklist prático de ouro

Para agilizar a vida, também deixo aqui um checklist básico, mas que pode te ajudar a vender e organizar essa ideia internamente com a equipe e a gestão dos projetos.

Comece observando e seguindo esses pontos:

  1. Garanta que fontes e ícones tenham formatos facilmente reconhecíveis.
  2. Use ícones com texto auxiliar.
  3. Não dependa apenas de cor para passar informações importantes.
  4. Teste contraste, versão PeB e tipos de Daltonismo nas telas desenvolvidas.
  5. Use alt text em imagens com descrição.
  6. Localize o usuário dando acesso fácil ao conteúdo e mostrando a ele onde ele está com títulos claros.
  7. Não dispare sons automáticos.
  8. Transcreva vídeos e áudios.
  9. Use textos simples e claros, deixando disponíveis explicações para termos difíceis, siglas e acrônimos.
  10. Evite instruções longas e complexas com blocos de texto muito grandes. Divida o texto em blocos pequenos e de preferência contextualize com subtítulos.
  11. Em listas, numere ao invés de usar bullets.
  12. Saiba que nem sempre o usuário vai navegar com mouse. Permita que as funcionalidades sejam utilizáveis por teclado ou outros tipos de navegação (por voz por exemplo).
  13. Deixe o código organizado e estruturado pra leitores de tela.
  14. Sempre identifique o idioma no HTML.
  15. Todas as instruções precisam ser claras para evitar erros. As telas de erro também precisam explicar o que houve claramente.

Nada tão complicado ou difícil que encareça o projeto, certo? O mais importante é adotar e ter isso em mente logo no começo.

Por uma cultura em que projetar para acessibilidade seja como fazer a revisão textual no conteúdo: indiscutível!

Organização

O Ideativo teve o desafio e a responsabilidade de estar na linha de frente da organização do evento. Nossas queridas Patrícia e Aninha, líderes locais do IxDA assumiram essa bronca e o resultado foi realmente incrível!

Parabéns meninas, o evento foi um sucesso por toda a dedicação que vocês colocaram para que ele acontecesse!

Em 2018 o ISA será o ILA, que além da América do Sul, agora será agregando toda a América Latina. Que venha o Interaction Latin America 2018!

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Bruna Ferencz
Ideativodesign

Designer, facilitadora de Design Sprint e co-fundadora da Kofe.