Ideias diferentes para criações incríveis: conheça o nosso Comitê de Diversidade & Inclusão! (Parte 1)

Mariana Jó
7 min readJan 16, 2019

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Da esquerda para a direita: Andrei Oliveira, Mariana Jó, Anaína Josaphat e Henry Schmitz

O que acontece quando as pessoas não podem ser elas mesmas no ambiente de trabalho? Quando levamos apenas uma parte de quem somos, jogamos fora também parte do nosso potencial.

Especialmente em empresas que buscam a inovação, esse potencial desperdiçado é algo muito ruim. O quanto você realmente está inovando se não tem contato com ideias diferentes? Podem haver pessoas incríveis ao seu lado, mas elas não vão poder criar coisas incríveis se não tiverem espaço para ser quem são.

A idwall já começou com essa ideia de que precisamos trazer o melhor da gente, independentemente do que seja, e que temos que aceitar os pensamentos diferentes. Isso vai fazer com que a gente crie coisas diferentes e mais incríveis.

É um privilégio para nós que essas ideias tenham vindo dos próprios fundadores. Embora eles não sejam de grupos minoritários, sempre foram muito abertos a essa discussão. Já falávamos disso lá atrás, desde que eu entrei na empresa, em 2016, quando ela tinha somente 3 meses de existência. Era muito legal ver que, quando tinha um evento de diversidade no Google Campus, as outras empresas levavam um representante, enquanto a idwall aparecia praticamente inteira.

Quando eu entrei a empresa ainda não tinha RH, e quando abrimos a área um dos requisitos foi que essas novas pessoas se preocupassem com Diversidade e Inclusão e em trazer pessoas alinhadas com esse pilar. Afinal, por mais que a empresa inteira tenha esse alinhamento cultural, o setor de RH acaba sendo o que está mais à frente na hora de fazer ações afirmativas.

Apesar de toda essa consciência, sentíamos falta de fazer algo mais concreto, e também fomos percebendo que, por mais que a idwall seja um ambiente em que as pessoas discutam e gostem de diversidade, de forma alguma estamos isentos de ter problemas relacionados a isso. Podem e vão acontecer coisas que são desagradáveis e que a gente não gostaria que acontecessem. O que podemos fazer para amenizar isso?

Esse é o contexto em que, na metade de 2018 (ano em que triplicamos a equipe), a idwall resolveu dar início ao Comitê de Diversidade e Inclusão. Eu já tinha experiências anteriores de ativismo, e já lia e me interessava muito pelo assunto de opressões sociais, desigualdades e o que isso tem a ver com tecnologia. Sabendo disso, o Lincoln me fez o convite para iniciar o Comitê e logo em seguida também convidamos o Andrei Oliveira.

A importância e o desafio da didática

Nossa primeira ação foi um questionário de perfil. Apesar de olharmos à volta e automaticamente sabermos que não somos uma empresa diversa, nunca podemos inferir como as pessoas se identificam.

Dessa forma, era fundamental que tivéssemos dados e que esses dados fossem o mais fiel possível à realidade, a como as pessoas se sentem — e não como as enxergamos. Só uma pessoa da empresa não respondeu, foi um engajamento muito grande para uma coisa que não era obrigatória, que não ia afetar diretamente o dia a dia de ninguém — era só uma pesquisa. Foi muito legal ter essa receptividade do nosso trabalho dentro da empresa.

Era um questionário simples, mas com muita coisa por trás. Cada pergunta colocada ali foi fruto de uma pesquisa diferente. Queríamos fazer perguntas da melhor maneira possível, sem criar vieses ou fazendo qualquer pré-suposição. Tanto que acabamos fazendo uma questão que ficou ambígua, e tivemos que pedir para a empresa inteira responder o questionário novamente após o reformularmos.

Assim a gente percebeu que a coisa mais simples do mundo — um questionário no Google Forms — já era um desafio. Isso foi um choque de realidade para mim; as coisas não seriam tão fáceis. Quando você trabalha com Diversidade e Inclusão, você não está lidando com questões meramente profissionais. Você está lidando com como as pessoas são, como elas se identificam, como elas se sentem.

Nós assumimos uma premissa no Comitê: sempre iremos usar a educação como ferramenta de transformação. Não só para as outras pessoas da empresa, mas para nós mesmos, dentro do Comitê. Foi muito importante começar pensando “Nós não sabemos de nada”. Não é porque fomos convidados a iniciar o Comitê que temos todas as respostas, que estamos isentos de errar nesses assuntos. Estamos diariamente aprendendo como fazer tudo isso.

Atualmente, mais de um terço da empresa está envolvida com o Comitê!

As várias diversidades

Estamos sempre buscando aprender mais, mesmo dentro dos nossos grupos de afinidade. Quando você fala de Diversidade, você pode abranger coisas que nem imagina. Tivemos muitos inputs de outras pessoas dando ideias de diversidades que podemos abordar, como autismo, por exemplo.

Vamos colocando essas ideias no nosso backlog para trabalharmos elas em algum momento, porque estamos olhando um pouco para todas as coisas e tentamos não criar hierarquias. Existem grupos que têm uma comunidade maior na idwall — como movimento negro, feminista e LGBT — , mas têm grupos que não.

Muitas empresas escolhem um tipo de diversidade para ser uma métrica. Nas nossas primeiras conversas, optamos por não priorizar um grupo.

Outra coisa que foi legal desde o começo, e que continua assim, é que os founders sempre deram bastante autonomia para o Comitê. Por mais que eles gostem do assunto, eles mesmos não se veem em uma posição de tomar conta desse projeto. Não que uma pessoa que não seja de grupos minoritários não possa tomar ações em relação a Diversidade & Inclusão — tanto que nosso grupo é aberto a qualquer pessoa que queira participar — , mas pessoas desses grupos vão ter um outro olhar. Outra questão é a representatividade.

Além do meramente profissional

Eu tento deixar um espaço mínimo na minha agenda toda semana para atividades e demandas do Comitê, mas isso depende muito da minha agenda e das tarefas na minha função principal na idwall.

É uma coisa a mais que a gente faz, só que é um sentimento diferente do que se eu tivesse duas funções na idwall que fossem meramente profissionais. E isso é porque é uma coisa em que eu acredito muito e que está ligada aos meus valores, independentemente dos valores da empresa. É uma coisa que eu faço porque eu quero muito fazer, e eu considero um privilégio poder chamar isso de trabalho. Muitas pessoas estão nessa luta e nesse ativismo simplesmente porque estão.

Todas as empresas com quem conversamos falam que quanto antes você começar a trabalhar diversidade, melhor. Não existe cedo demais porque, quanto mais a empresa cresce, mais difícil fica. Se eu tenho 10 pessoas na minha empresa e 5 são mulheres, tenho 50% de mulheres. Agora, se são 100 pessoas na minha empresa, eu preciso ter 50 mulheres para ter 50%. É uma conta muito óbvia, claro. Mas quanto mais você quer melhorar suas métricas de Diversidade, mais pessoas de perfis diversos você precisa ter no seu funil. E isso é um baita desafio.

Hoje, além de mim e do Andrei, contamos com a Anaína e o Henry na coordenação do Comitê, mas a participação é aberta a qualquer pessoa da empresa. Fazemos reuniões quinzenais de alinhamento, onde todas as pessoas podem trazer ideias e ações, contribuir para botar a mão na massa e fazer as coisas acontecerem — nosso grupo do Slack, hoje, possui 26 pessoas. Isso soma mais de um terço da empresa e, para mim, é um número incrível de pessoas engajadas em nos ajudar a mudar.

Garantindo um ambiente seguro

Ao olhar para a idwall, percebo que minhas vivências de fora me ajudaram na geração de empatia. Independentemente dos meus grupos de afinidade, também consigo olhar para grupos de que não faço parte.

Fora daqui, tive experiências muito recompensadoras nesse sentido, que me ajudaram e me ajudam muito em como eu olho para as coisas dentro do Comitê e dentro da idwall. Então, todo o estudo que fiz fora me deu embasamento para chegar aqui não tão do zero, não tão crua.

Da idwall para fora levei a questão de entender um pouco mais a complexidade que existe na humanidade. E também essa ideia do convencimento, da didática. O Comitê me ajudou nesse processo de entender que, muitas vezes, quando uma pessoa tem um comportamento que não condiz com o ambiente, ela também tem o contexto dela.

Especialmente no atual contexto político e social que nós estamos vivendo e que justifica ainda mais o nosso trabalho. Pode ser que exista uma onda maior de opressão sobre grupos minoritários, pode ser que que eles percam ainda mais espaço. Esse trabalho no Comitê também é uma das minhas formas me resistir. É como eu falei: para mim, é um privilégio conseguir fazer disso o meu trabalho. Independentemente do contexto, temos aqui um espaço onde podemos continuar nossas ações. O futuro próximo do Comitê aguarda muitas ações e novidades para as quais estou ansiosa e otimista.

Leia também a parte 2, escrita pelo Andrei Oliveira!

Com a colaboração de Mariana González.

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