CONSIDERAÇÕES SOBRE A POLÍTICA

Denise da Mata Lula
IEPP
Published in
3 min readNov 2, 2020

A quem a política interessa?

Ao longo de todos esses milênios em que as sociedades exclusivamente humanas se estabeleceram na Terra, as formas de organização social foram se estabelecendo sempre um tanto quanto distorcidas e adoentadas. O que podemos esperar de uma organização coletiva de seres doentes? Uma estrutura apodrecida, óbvio.

As diversas gerações passam sem que um número suficientemente grande de seres humanos desperte minimamente para suas responsabilidades sociais, a ponto de ser possível a reestruturação social saudável.

Existem forças (nem tão invisíveis assim) que possuem todo o interesse em manter a população alheia à política. Para isso, semeia-se ou o ódio partidário, ou o descaso quanto à cidadania. A grande maioria das pessoas está encaixada em um desses dois padrões: ou perdem seu tempo em discursos de ódio e ignorância frutos de uma bipolaridade burra; ou silenciam, se calam e ignoram todas as forças que comandam a sociedade como se isso não lhes interessasse.

A quem a política interessa?

Absolutamente a todos! Tudo a nossa volta: a comida que temos na mesa, as contas de água e luz que pagamos, o dinheiro com o qual sobrevivemos (ou não), nossa saúde, educação, cultura, laser, religião, tudo o que importa ao ser humano, que é essencialmente um ser coletivo, tudo isso é fruto do modo como a política se estrutura no planeta, no país e em nosso município.

Precisamos de seres humanos minimamente saudáveis que se proponham a construir novas estruturas, novos pensamentos e uma nova política, pois que o que temos atualmente já há muito está falido. Pode ser um tanto utópico pensar que tudo isso ainda pode melhorar? Sim, talvez seja. Mas não parece absurdo demais que a maior parte de nós simplesmente aceite a estrutura doente e errada em que estamos inseridos sem nada fazer?

Que tal semear melhores ideias? Que tal questionar o modo como as coisas são? Que tal pararmos de reclamar na frente da TV para exercer nossa cidadania nem que seja no bairro em que moramos?

Poderíamos começar por enxergar o quanto essa bipolaridade cega e extremista tem prejudicado a todos. Honesto ou desonesto, correto ou não, são conceitos presentes em todos os partidos, todas as religiões, todos os times de futebol e por aí vai. Caráter não é prerrogativa de grupos políticos, mas é inerente ao indivíduo. Que tal olharmos os seres humanos como são, analisando o que têm produzido de belo ou feio em sua vida pública, pensando em propostas novas, que revolucionem com sabedoria, consciência e planejamento?

Que tal decidirmos, sim, nos envolver na política, nem que seja estabelecendo a honestidade em nossa própria conduta e o compartilhamento de conhecimento como filosofia de ação em nossa vida? Somos capazes de nos educar e educar os demais? Refletir, analisar, questionar ideologias, sejam elas quais forem? A única regra absoluta para todos nós não deveria ser a ética e os valores humanos? Tudo o mais que afrontasse os princípios filosóficos da humanidade, não deveria ser colocado de lado?

Vamos refletir a respeito e agir dentro do que está a nosso alcance. Quem sabe assim um dia possamos amadurecer enquanto seres coletivos, a partir da cura das individualidades que somos? Vamos ousando semear, já que é o que temos a nosso alcance por hora.

Por Denise da Mata

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