Cem dias de paixão, design e outros ingredientes
Neste texto divido os meus primeiros meses como Head de Design do iFood.
Meu nome é Renan Manço e tenho trinta anos. Sou nascido e criado em Pirituba, um bairro simples da cidade de São Paulo.
Sempre estudei em colégio público. Nunca fui destaque durante a vida escolar. Só despertei meu desejo pelos estudos de fato quando entrei na minha primeira faculdade, de design digital.
Mas sempre ouvi os meus pais, e eles sempre foram as maiores inspirações da minha vida. Com eles, aprendi que deveria ouvir mais, arriscar mais e, se tudo desse errado, eu saberia exatamente para onde voltar, porque eles estariam lá.
Você só colhe o que plantou e cuidou
Eu gostaria que você aí desse lado da tela se conectasse com uma frase muito importante para mim. Eu a carrego por toda a minha vida:
“Nunca se esqueça de onde você veio, porque se você se esquecer de onde você veio, você jamais saberá para onde vai”.
Por nunca esquecer de onde vim, eu sempre soube para onde eu iria.
Minha carreira começou no dia 12 de Setembro de 2007, na AgênciaClick. Na época eu era Arquiteto de Informação, nome dado aos profissionais que desenhavam suas plantas baixas e tornavam as vidas dos usuários mais simples através de fluxos e experiências digitais.
De 2007 para cá, passei por empresas super legais como: Digitas, Buscapé, iG, Oppa, Walmart e 99. Desde então, muita coisa mudou, mas algumas perguntas fundamentais do meu trabalho como designer permanecem:
1) Quais problemas eu estou resolvendo de fato?
2) Isso é realmente simples de usar?
3) Os meus pais entenderiam isso?
Essas questões estão totalmente relacionadas com relações interpessoais. Pra mim, a melhor definição de design é a de que o design deve ser para as pessoas.
E eu sou apaixonado por design e pessoas.
Um crush e dois mentores
Minha relação com o iFood começou em meados de 2016, quando eu ainda estava no Walmart e fiz minha primeira entrevista na maior food tech da América Latina. Foi amor à primeira vista.
Eu ainda não sabia o tamanho do desafio de criar um produto com o propósito de revolucionar o universo da alimentação por uma vida mais prática e prazerosa, para milhões de pessoas. Mas queria estar aqui. Por diversas razões, isso só acabou acontecendo dois anos depois, em 24 de julho de 2018, quando eu cheguei a convite de dois caras chamados Henrique Iwamoto e Flávio Stecca.
O Henrique (também conhecido como “Hico”) foi uma pessoa que mudou a minha trajetória em 2016, quando nós estávamos no Walmart. Ele me ensinou muito do que sei sobre gestão de pessoas e resultados. Tenho um carinho enorme por esse cara, pois ele transformou a minha vida.
Foi ele que me apresentou ao Stecca, outro cara com quem eu aprendo todos os dias desde que cheguei. O Stecca é o CTO do iFood. Posso dizer que em seis meses esse cara também me transformou completamente.
Por isso, tenha mentores e uma cabeça aberta para aprender todos os dias. Vai por mim, não vai falhar.
Acolhendo qualquer fome de desafio
No iFood, nós fazemos questão de cuidar pessoalmente com muito carinho da chegada de cada novo FoodLover. E eu senti esse clima de acolhimento desde o primeiro dia.
Somos corresponsáveis pelas vindas (e pela vidas!) de cada uma dessas pessoas que acreditam no nosso projeto. Por isso, fazemos questão de receber todos da mesma forma como nós mesmos gostaríamos de ser recebidos no nosso primeiro dia de trabalho.
Na mesa tem balão, a máquina já está configurada com o melhor equipamento possível para você fazer seu trabalho, e você recebe um kit de boas vindas com adesivos, caderno, camiseta e uma carta. Sim, uma carta escrita à mão por todos do time dando as boas vindas a quem está chegando.
Na minha chegada, eu passei — como todo mundo — pelo processo de onboarding. São dois dias com um banho de informações sobre a história e cultura da empresa.
Dando um pouco de contexto: o iFood foi fundado em 2011 e tem como seu principal investidor a Movile, um grupo fantástico do qual eu tenho a honra de pertencer. Basicamente nosso negócio acontece em três pilares: Consumidores, Restaurantes e Entregadores.
Passado um mês de trabalho, cada novo funcionário participa do chamado Delivery de Conhecimento. O programa é coordenado pelo time do RH, que cuidadosamente organiza palestras sobre todas as áreas da empresa para que os líderes possam contar um pouco como é o dia a dia.
Você aprende como o app que você cria é operado pelas pessoas que pilotam a performance do produto. Entende como o negócio é dividido e a importância dos diferentes papéis. Aprende sobre onde está, ganhando dimensão real do tamanho do negócio de que faz parte.
E percebe o quanto a gente realmente muda as vidas das pessoas.
Uma seleção de 30 titulares
Voltando um pouco na minha linha do tempo: no dia seguinte ao meu onboarding, foi o momento de conhecer o meu time.
Algumas pessoas já conhecia de longa data, outras não. Tinha clareza de que a minha chegada causava certa ansiedade.
Mas fui muito feliz desde o primeiro momento. Logo vi que tinha um dream team nas mãos! Apenas precisava entender as dores, identificar as skills e potencializar o melhor de cada um, respeitando as individualidades e procurando encaixar todos nas melhores posições, como um time de futebol.
Liderança, goleiro, laterais e defesa fazendo uma base extremamente forte e sólida. Um meio de campo brilhante com a bola nos pés. Pronto, rapidamente a bola passou a chegar ao ataque, e esse time começou a treinar melhor, estruturar-se com mais eficiência e fazer mais gols.
Hoje somos trinta designers. Trinta cabeças completamente diferentes e complementares, como um grupo deve ser.
E nós temos uma seleção de design quase completa. O time de Consumer — que é como chamamos o pessoal que lida diretamente com o app vermelhinho mais amado do Brasa — é composto por 19 pessoas. Outras 11 pessoas ficam no time de Restaurante, trazendo toda a base de sustentação do negócio.
Mas, afinal, todo esse pessoal é designer? Sim.
Temos três perfis hoje no time: Product Designers, UX Researchers e Content Designers. O mais interessante desse time é que ele é de fato muito complementar. Temos pessoas formadas em design digital, publicidade, psicologia e jornalismo.
Eles que fazem essa mistura de ingredientes dar liga, que harmonizam tudo perfeitamente, brincando e criando pratos incríveis para transformar a vida das pessoas.
Cultivando o sonho grande
No iFood, descobri rapidamente que nossa cultura foi o que nos trouxe até aqui. Por isso, não abrimos mão dela por nada. Sonhar grande com brilho nos olhos faz parte da nossa vida todos os dias.
A barra é alta, a gestão é feita pelo exemplo. Responsabilidades claras, com prazos claros, com disciplina de acompanhamento e a mais forte e verdadeira cultura de resultados e meritocracia que eu já presenciei.
Os que mais se destacam obviamente são mais reconhecidos por isso, e ponto.
Nossos projetos são acompanhados em rotinas diárias, semanais e mensais através de syncs entre times e áreas. Absolutamente tudo tem responsável, farol e data para cada projeto. Se não tem data, se existe mais de um responsável, absolutamente não é prioridade e não será feito naquele momento.
Levamos a nossa cultura tão a sério que tanto ela quanto nossos sonhos pessoais e profissionais estão estampados nas paredes, expostos para que todos vejam. E, quando batemos alguma meta, sempre comemoramos, porque acreditamos que vida é feita de sonhos e realizações.
Não deixe de sonhar e muito! Afinal, sonhar grande ou pequeno dá o mesmo trabalho.
O ótimo líder inspira, o péssimo carrega no colo
Existem dois tipos de líderes. Um deles inspira e influencia as pessoas a tomarem decisões melhores, direciona para os caminhos mais férteis e as deixa voar em busca dos resultados. O outro, carrega no colo, faz microgerenciamento e empodera pouco, com medo de perder espaço. Esse último perfil definitivamente não é no que eu acredito.
Hoje eu tenho líderes muito fodas no meu time. E veja bem, quando eu digo FODA, eu estou falando de pessoas que realmente fazem a diferença no iFood. Bel, Bruno, Mateus e Beto são pessoas que todos os dias buscam excelência e exercem influência em todas as áreas.
O cara do RH sabe o que a gente faz, o cara de Facilities sabe o impacto do nosso trabalho dentro e fora do iFood. Você pode ser uma pessoa inacreditavelmente boa no palco, com poder de persuasão, pode contar mil histórias, mas se não impactar a empresa em que trabalha, não adianta nada.
Eu confio no meu time. Sugiro a você o mesmo: confie no seu time, onde quer que esteja. Lembra do que eu falei sobre pessoas? Seja apaixonado pelas pessoas.
Contrate gente muito melhor do que você. Só assim você terá de fato um time de alta performance, com pessoas felizes, empoderadas e confiantes para fazer um trabalho transformador. Não queira ser um super-herói solitário: vai dar merda e você vai errar.
A história começa de dentro pra fora, não de fora pra dentro. Não se esqueça das pessoas.
Leituras para seguir sonhando
Ao entrar no iFood, trouxe na bagagem livros que me marcaram como profissional e também conheci alguns outros que ainda estão ressoando forte dentro de mim. Compartilho alguns deles com você:
1) Pega a visão (Buzz Editora). Rick Chesther é um brasileiro inspirador. Um cara que chegou lá. Batalhador, foi de vendedor de água na praia de Copacabana à palestrante em Harvard. Em um dos seus vídeos mais conhecidos ele faz uma provocação: “Se vender água não é para você, então a crise não está no Brasil, ela está dentro de você”.
2) Sonho grande (Ed. Primeira Pessoa). Leitura obrigatória para pensar grande. Conta como Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira ergueram o maior império do capitalismo brasileiro. ‘Sonho grande’ é um livro sobre cultura, fazer acontecer e causar impacto de verdade.
3) O lado difícil das situações difíceis (Martins Fontes). Uma história sobre dirigir, comprar e vender empresas, com tomada de decisões reais. Decisões as quais geralmente são difíceis e dolorosas, porém, necessárias.
4) Mindset: a nova psicologia do sucesso (Ed. Objetiva). Uma quebra de paradigmas sobre como tomamos decisões no hoje em nossa vida profissional e pessoal e como podemos pensar diferente para que elas impactem outras formas em nossa vida. O pensamento otimista versus o pensamento pessimista.
5) Steve Jobs: A biografia (Cia das Letras). Dispensa apresentações. Leia.
Um novo capítulo
Isso está só começando. Mas, em apenas cento e poucos dias de iFood, vivenciei experiências que jamais imaginei vivenciar.
Compramos empresas e recebemos o maior investimento da história do Brasil em uma empresa de tecnologia. Eu aprendi na prática a importância do employer branding e, como time, desenvolvemos os primeiros líderes de design do iFood e multiplicamos nossa energia para quem já estava dentro e para os que chegaram.
Agradeço imensamente ao iFood por me proporcionar os momentos mais inacreditáveis e especiais da minha vida. Mas eu não poderia encerrar esse texto sem lembrar da minha família, junto comigo nessa jornada desde o começo. Érika, Theo e Oreo, vocês são as coisas mais importantes da minha vida.
Lembre-se: “se você se esquecer de onde veio, jamais saberá para onde vai”. Forte abraço.
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