Os 4 Ps de Data: o recheio é contexto e relevância

Como garantir que meu trabalho faça sentido para mim e para a empresa

Lucas Pedote
iFood Tech
5 min readJun 25, 2020

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“Me vê um pastel?”

Todo bom profissional de Tech tem arrepios ao ouvir a palavra pastel. E não foi, na maioria das vezes, por conta de uma intoxicação alimentar!

Esta iguaria culinária virou jargão na indústria e representa pedidos de tarefas curtas, ajustes “pequenos” (na visão do cliente) e que surgem atravessando as sprints.

Esses pedidos, como um bom pastel, precisam ser fritos na hora, caso contrário, não serve mais.

O grande problema que esta prática traz é a falta de priorização e cadência lógica das tarefas. Como dito pelo investidor Shawn Carolan: “Startups don’t starve, they drown” (Startups não morrem de fome, elas morrem afogadas). O trabalho a ser feito sempre existe — e sempre em abundância. Ao não sabermos priorizá-lo, acabamos afogados em demandas, sem agregar valor no negócio e, com isso, a empresa morre.

Pastel sabor Data

Trazendo para a realidade do time de Data Analysis no iFood, o nosso pedido clássico de pastel é “pode fazer um dash?”. No qual basicamente o cliente interno quer ter visibilidade de uma informação ou analisar um tema que lhe veio à cabeça.

E longe de mim falar que distribuir informações para o business é algo ruim, muito pelo contrário! Faz parte da missão da nossa área. Porém, assim como criações e alterações de features nos produtos, informações e visualizações a serem feitas são infinitas e não obrigatoriamente agregarão valor para o negócio.

Esta quantidade de pedidos curtos, sem contexto e, algumas vezes, “carteirados”,* é uma dor latente nos times de Data de diversas empresas e desmotiva os profissionais por não saberem o que/porque estão fazendo algo.

*Alguém de cargo mais alto pede algo com urgência e você simplesmente faz o que mandaram.

Chega de pastel de vento!

Buscando garantir uma melhor priorização, identificamos que o que falta na nossa empresa não são ferramentas de gestão e acompanhamento de tarefas, e sim uma mudança de mentalidade! Toda análise demandada tem um valor intrínseco que precisa ser revelado!

Então, a nossa proposta é transformar este tipo de diálogo:

“Pode fazer um dash?” → “Ok…”

em “Pode fazer um dash?” → “Opa! vamos lá. Quais são os 4Ps?

E o que raios são esses Ps?? Vamos a eles!

Problema

  • Toda solicitação de demanda precisa começar aqui! Explicando qual a dor que busca ser resolvida;
  • Quem ela impacta? Quando ela acontece? Qual o contexto de negócio envolvido?
  • Isto já traz o/a Data Analyst para a mesa pra pensar junto. Ele(a) ganha conhecimento e um motivo pelo qual fazer algo.

Potencial

  • Uma vez entendido este problema, é a hora de mensurar qual o potencial de resolvê-lo;
  • É neste momento que evitamos morrer afogados ao direcionar nossas braçadas para o lado com maior potencial de nos levar ao destino final;
  • Não é só porque um problema foi entendido que ele precisa ser resolvido agora;
  • A capacidade de priorizar por impacto e não por decibéis do solicitante¹ ou por índice de afetividade mútua² é absolutamente transformadora.

¹ Quem grita mais alto

² Quem é mais meu amigo

Produto

  • Uma vez entendido o problema e tendo clareza de que há potencial, é a hora de perguntar: qual o melhor entregável?
  • Não obrigatoriamente o que foi solicitado como entregável (um dash, no caso) é o produto correto para resolver aquela dor;
  • No cenário de Data, um produto pode ser uma simples resposta (cresceu/diminuiu), uma tabela via query ou uma metodologia de metrificação nova, entre outros;
  • É imperativo ter clareza e discutir isto antes de “sair fritando”;
  • Isso turbina a nossa eficiência e evita retrabalhos.

Proposta

  • Este último P nós colocamos como a cereja do bolo do(a) Data Analyst;
  • Se queremos que nosso trabalho seja muito mais do que apenas “fazer dashes”, está na nossa mão agregar valor e inteligência no que entregamos!
  • Por isso, o que cobramos no iFood é que todo Data Product saia com uma camada de inteligência, uma proposta de ação a ser tomada a partir deste;
  • Desta forma, nos forçamos a garantir que o produto gerado efetivamente tem valor para o negócio;
  • Um dash no qual nenhuma ação é tomada, está fadado a ir pra gaveta.

Puts, mais um formulário…?

Não! =D

O grande objetivo da metodologia não é ser um blocker burocrático para ser preenchido nos JIRAs da vida. Queremos um alinhador de comunicação para garantir que estamos falando a mesma língua (Data, Tech, Business, todos), nadando para o mesmo lado e enfrentando os problemas que fazem sentido.

Quando alguém diz:

“Opa, vamos lá. Quais são os 4Ps?, a outra parte precisa entender “Opa, vamos lá. Me dá contexto e relevância?”

E ambos construírem a partir disso!

Quando a demanda deixa de ser atravessada, sem sentido e sem sabor, ela ganha recheio! E um pastel recheadaço, cremoso e bem feito dá água na boca, não mais arrepios!

Fechou! Tá pronto?

Criar uma linguagem comum e mudar uma cultura são trabalhos de longo prazo que envolvem criatividade, perseverança e presença! Esta metodologia, que ganhou vida em maio de 2019, já nos rende muitos frutos, mas ainda é um caminho em construção!

Me enche de orgulho e aquece o coração ouvir, em um comitê de avaliação de desempenho, a frase “Fulano ainda precisa absorver os 4Ps” e todos na sala entenderem o que isso significa!

Estamos desenvolvendo profissionais capazes de dialogar com seus clientes, de entender sobre o negócio em que estão inseridos, agregar valor por suas entregas e (muito importante também) não morrerem afogados! rsrs

Cada dia é mais nítido como o time de Data do iFood está assumindo o papel de co-protagonismo em nossa empresa e deixando para trás os dias de “fazedores de dashes”.

E espero que este artigo ajude você, sua área e sua empresa a seguirem para a mudança de mentalidade que nos leva a crescer e surfar nas melhores ondas!

#RecheieSeuPastel

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