Uma breve história da entrega de comida

Marcos da evolução do delivery e um paralelo com as funcionalidades do iFood

Bruno Polidoro
iFood Tech
7 min readAug 8, 2019

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Nas últimas duas décadas, presenciamos uma explosão de startups com o propósito de rever antigos conceitos e transformar a vida das pessoas. Inúmeras mudanças no sistema de transporte, no sistema financeiro, na saúde, educação e claro, também no universo da alimentação.

E não é somente sobre o que estamos ingerindo. Vai além, por exemplo, da importante conscientização sobre uma alimentação saudável. A facilidade e conveniência de pedir comida está criando uma nova perspectiva cultural que impacta os costumes de milhões de pessoas.

O que antes era um hábito exclusivo dos finais de semana à noite está se tornando uma prática frequente em todos os horários e dias da semana.

Hoje, o iFood conta com dezenas e milhares de restaurantes e uma logística preparada para realizar entregas com excelência e proporcionar a praticidade exigida pela vida moderna.

Fogão e ímãs de geladeira com telefones estão se tornando objetos do passado

Cozinhar a própria refeição está cada vez mais se tornando uma escolha, pois a variedade de opções e preços tem possibilitado o acesso de todas as pessoas ao delivery por aplicativo.

Mas para entender essa revolução e para onde estamos caminhando, também precisamos compreender a evolução do hábito de pedir ou retirar comida no restaurante através da história. Alguns acontecimentos ilustram como chegamos até o cenário atual.

O drive thru da Roma antiga

A vida moderna é bastante atribulada. O tempo escasso faz com que muitas vezes nós optemos pela conveniência de conseguir nossa comida fora de casa.

Mas, na Roma antiga, isso não era uma escolha. Era uma necessidade.

A maioria dos romanos mais pobres não podiam ter uma cozinha privada. Por isso, recorriam aos termopólios. Esses locais são considerados pelos historiadores como precursores dos restaurantes.

Eles provavelmente funcionavam como as cadeias de fast food dos dias atuais. As pessoas que trabalhavam nos termopólios preparavam a comida e a deixavam pronta para o consumo.

Um pequeno balcão em forma de L com jarras de cerâmica embutidas (chamadas de dólios )armazenava e mantinha a comida quente. Os clientes tinham a conveniência da comida fresca que podia ser consumida no próprio termopólio ou retirada para comer em outro lugar.

O termopólio de Asellina, encontrado em Pompéia

Lembra de Pompéia? A cidade foi enterrada sob massas de cinzas vulcânicas quando o Monte Vesúvio entrou em erupção, em 24 de agosto de 79 D.C.

Em suas ruínas foi encontrado o mais bem preservado termopólio, o Termopólio de Asellina. Nele, os arqueólogos acharam jarros, pratos e uma chaleira cheia de água. Também foi encontrado um pote repleto de moedas, totalizando cerca de dois dias de renda.

A função “Retirada” no iFood

O comportamento de fazer um pedido e retirar a comida para comer em outro local ainda se mantém nos dias atuais. Ele ficou conhecido popularmente no Brasil como "pra viagem".

Muitas pessoas preferem a praticidade e a conveniência do aplicativo para pedir e ir até o restaurante retirar a comida. E o fazem, muitas vezes, para aproveitar o trajeto que irão percorrer ou, até mesmo, para economizar o valor da taxa de entrega.

No iFood, a função "Retirada" permite que consumidor tenha a mesma experiência de descoberta de restaurantes, com a nova possibilidade de retirar seu prato no local em vez de esperar a entrega.

A pizza da rainha

Existem mais de 36 mil pizzarias no Brasil hoje, e a maioria delas conta com um sistema de entrega. Até meados de 1950, a pizza só era encontrada em colônias italianas, até se popularizar e se tornar parte da cultura do resto do país.

Mas, afinal, quando realmente surgiu a entrega de pizzas? Não há uma data precisa, mas tudo indica que foi na Itália do século XIX. Ela surgiu junto com um dos sabores de pizza mais populares, num episódio importante da história da gastronomia mundial.

Em 1889, o rei Umberto I e a rainha Margherita da Itália decidiram passar uma temporada em Nápoles, onde havia uma famosa e popular taverna: a Pizzeria di Pietro e Basta Cosi.

A rainha Margherita queria provar um dos pratos de Raffael Esposito, proprietário e pizzaiolo. Evitando uma visita à pizzaria (que não caía bem), o casal real pediu a Raffael para que entregasse suas famosas pizzas no local onde estavam hospedados. O cozinheiro, hoje considerado o pai da pizza moderna, recebeu a encomenda com entusiasmo.

Ele preparou três pizzas, sendo uma delas especialmente dedicada à rainha. As cores dos ingredientes eram relacionadas às cores da bandeira italiana: o vermelho do tomate, o branco do queijo e o verde do manjericão. Em homenagem à rainha e para promover seu estabelecimento, Raffael deu à pizza o nome de Margherita.

A rainha adorou a pizza e escreveu uma carta ao pizzaiolo elogiando o prato.

A carta da Rainha Margherita a Raffael Esposito

Em trecho da carta, a rainha elogia Esposito e suas pizzas:

Ao estimado Raffaele Esposito. Eu confirmo a vocês que os três tipos de Pizza que você preparou para Sua Majestade foram atribuídos como deliciosos…

Tempos depois o restaurante mudou o nome para Pizzeria di Brandi. Raffael aproveitou a oportunidade para promover seu estabelecimento e expôs a carta na parede. Ela talvez possa ser considerada o primeiro review ou avaliação de um restaurante da história.

O sistema de Avaliação no iFood

No iFood, o usuário pode avaliar o pedido e publicar o comentário, que fica disponível para ajudar outras pessoas a saberem mais sobre a qualidade do serviço dos restaurantes.

O sistema de avaliação é de grande importância para auxiliar na tomada de decisão dos compradores.

O próprio restaurante entende que a avaliação é fundamental para sua reputação e qualificação do seu serviço. No iFood, o selo de reputação máxima, que certifica que o estabelecimento não é da realeza mas de grande relevância, é o selo “Super-Restaurante”.

Os coletores de marmita

Na Índia de 1880, Mahadeo Havaji Bachche, vendo a dificuldade de muitos trabalhadores em encontrar lugares econômicos para fazer refeições fora de casa, criou um sistema de coleta e retorno de marmitas.

Hoje, esse sistema sobrevive, e conta com mais de 98% de precisão, ou seja, a chance de uma entrega dar errada é de 0,4% a cada 1 milhão. Os entregadores que trabalham nessa cooperativa são chamados de Dabbawalas ("aquele que carrega a marmita").

Um dabbawala coletando as marmitas

É um sistema complexo de logística, que funciona da seguinte forma: os trabalhadores deixam suas casas e vão para os locais de trabalho, as marmitas são recolhidas pelos entregadores no final da manhã (em sua maioria são preparadas pelas esposas dos trabalhadores) e são levadas de bicicleta e pelo sistema ferroviário até o endereço definido.

Os Dabbawalas são precisos. As marmitas são depositadas nas mesas de trabalho daqueles que os contrataram. Após a hora de almoço, os entregadores retiram as marmitas vazias e fazem o processo de logística reversa.

Mas como, com tantas marmitas para entregar, eles conseguem atingir um nível tão alto de precisão nas entregas?

Cada recipiente de marmita tem todas as informações necessárias para a entrega

Os Dabbawalas contam com um sistema de identificação e coordenada rudimentar porém altamente eficaz. Um dos mais eficientes do planeta, tema de dissertações e teses em universidades ao redor do mundo.

A gestão de expectativa da entrega no iFood

No app do iFood, os usuários podem agendar um horário para a entrega de seus pedidos e acompanhar o trajeto do entregador por um mapa.

Os compradores têm acesso à estimativa do tempo de entrega. Caso algo saia da expectativa, eles podem falar com atendentes prontos para ajudar e intermediar a entrega.

Como os Dabbawalas, as pessoas que entregam iFood também possuem um sistema de coordenadas. Esse sistema, entretanto, é mais sofisticado e envolve um mapa do trajeto com GPS.

Escrevendo a história

No universo da alimentação, os problemas e as necessidades das pessoas persistem através do tempo. As soluções que criamos para lidar com eles, contudo, são diferentes.

Hoje, moldamos novas categorias de serviço, transformando o hábito de milhões de pessoas e um mercado em crescimento. E não é só o hábito de consumo que está mudando. Também muda a forma como as pessoas criam negócios. Novas oportunidades de empreender e trabalhar.

A revolução ainda parece silenciosa, mas temos a certeza de que estamos contribuindo para a escrita da história da alimentação.

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