A triste verdade da sua vida. E da minha.

Igor Saraiva
Igor Saraiva
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3 min readOct 13, 2016

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Essa imagem me chamou taaaanto a atenção… Olha que legal: se a gente trocar seu real sentido e fizer uma nova interpretação, ela demonstra direitinho que vivemos dentro de um mundo virtual, como o Matrix.

E esse mundo falso gira em torno das 3 maiores redes sociais: Facebook, Instagram e WhatsApp (estes dois últimos, adquiridos pelo Facebook). Quase que com certeza absoluta, é neles que passamos a maior parte do nosso tempo online, seja no computador ou no mobile.

O LADO RUIM

Alimentamos nosso cérebro com gente reclamando de tudo: da economia, da política, da violência, do futebol, daquela empresa que não fez o que você esperava. Alimentamo-nos com desinformação sobre tudo: gente que acha que sabe e gente que re-posta sem checar as fontes, acontece inclusive com os veículos famosos. Com bobagens, besteirol e pílulas de entretenimento. São pessoas indignadas, são indiretas, são desabafos, são tragédias, são chutes-no-estômago o tempo todo. De modo geral, é tipo um telejornal: só desgraça, só referência ruim.

O desabafo gira em torno de um desejo humano de suporte: "Quero colo, apoio, quero ser ouvido".

O LADO BOM

Mas tem muita gente postando foto de neném sorridente no meio da família feliz. Tem gente de barriga tanquinho, de bíceps-grande ou com bumbum-na-nuca nas academias. Tem muita gente viajando pelo mundo, com cada click que parece foto do National Geographic. Tem foto de pratos em restaurantes chiques. Tem roupas fashionistas em modeletes pra todo o lado. Tem foto de carro, moto, relógio, lancha, tênis, vestido, jóia, bolsa, creme, perfume. De modo geral, é tipo um shopping center: a falsa realidade que gera mais e mais desejos.

A conquista gira em torno do desejo humano de show-off: "Olha como eu sou feliz, mereço os parabéns"

O CAMINHO DO MEIO

Num domingo desses eu estava assistindo um documentário sobre a vida de Buddha e tinha um trecho em que ele ouve uma conversa e tem o seguinte insight sobre Equilíbrio:

"Se você apertar demais, a corda arrebenta. Se você deixar muito frouxa, a corda não faz som. O caminho do meio é a resposta para que se tenha música."

As redes sociais nos fazem MAL. Ora elas nos alimentam com energias ruins, outrora com desejos via referência da grama sempre verde do vizinho.

Por um mundo com + vida real

Cadê as fotos de comida de mãe ou com o PF de Padoca com arroz, feijão e batata frita?

Cadê alguém falando para adotar um mendigo ao invés de um cachorro/gato abandonado?

Cadê os textões de pais exaustos por terem que arrumar a bagunça depois que a família foi embora no Dia das Crianças?

Cadê alguém dando a receita de como conseguiu curar seu filho com uma vitamina ao invés de um remédio?

Cadê aquelas dicas de como cuidar melhor do próprio dinheiro das pessoas que são boas nisso, ou daquelas que já se fude$#m antes?

Cadê pessoas falando mais sobre Espiritualidade e menos sobre Religiões?

Cadê gente postando sobre um livro fodarástico que leu ao invés de um clipe novo da Rihanna ou Luan Santana?

A vida de verdade acontece entre esses momentos de RAIVA ou ALEGRIA. Entre esses momentos de RECLAMAÇÃO ou de ÊXTASE. Estes momentos que escolhemos postar ocorrem em 20% da nossa vida. Por quê não trocamos ideias sobre aquilo que acontece nos 80% do tempo, ou seja, vida real?

A TRISTE VERDADE

A decepção é descobrir que essas plataformas nunca foram as culpadas. Elas apenas estão aí para serem alimentadas com o que a humanidade tem a oferecer. Então cabe a nós o papel de refletir e pensar "Como eu gostaria de contribuir? Que mensagem eu acho interessante passar adiante? Como eu dou exemplo para fazer uma sociedade melhor?"

Até mesmo ficar calado (ou não participar), é colaborar para que a vida falsa que vivemos hoje se espalhe até se tornar o default da nossa geração. :-(

A revolução acontecerá quando a rede social for menos sobre a gente e mais sobre os outros. Afinal, o que tem de social quando falamos de nós mesmos?

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Igor Saraiva
Igor Saraiva

Design Director na Fjord Brasil (Accenture). Palestrante de Futurismo e Inovação. Desenha & Escreve pra explicar pra si mesmo.