Voando com Francisco

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Igreja Hoje
4 min readApr 23, 2016

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A tripulação da American Airlines fala sobre o voo com o Papa

Por Anna M. Tinsley

Foi um voo que mudou a vida de Jeff Gross.

O comissário de bordo de 47 anos foi uma das várias dezenas de funcionários da American Airlines escolhidos para trabalhar no avião fretado que transportou o Papa Francisco pelos Estados Unidos — e de volta a Roma — no mês passado.

“Quando ele entrou na cabine, era como se estivesse vendo Deus”, disse Gross, nascido na cidade de Euless, que ajudou na equipe da cabine principal nos voos do Papa durante sua rápida viagem pelos Estados Unidos.

Em um ponto da parte final da viagem, quando o Boeing 777–200 em que estavam partiu para Roma, o Papa convidou todos os membros da tripulação a se colocarem em fila para e se encontrarem com ele.

Gross, que era o segundo da fila, disse que estava um pouco nervoso e fez uma oração antes da sua vez.

Quando ele se viu frente a frente com o Papa, pediu a bênção e proteção.

“Ele me abençoou e segurou minha mão”, disse Gross, que não é católico, mas pediu ao Papa para abençoar as cruzes e contas do rosário que carregava. “Foi uma experiência espiritual”.

“Na verdade, era como olhar nos olhos de Deus.”

Até seu retorno de volta para casa, Gross ficou tomado pela alegria e contentamento.

“Apesar de estar fazendo o meu trabalho, eu quase me senti numa jornada sagrada”, disse ele. “Foi a experiência de mudança de vida mais incrível que já tive. Foi o auge da minha carreira”.

Gross estava entre os funcionários da American Airlines — pilotos, comissários de bordo, funcionários de segurança, técnicos, e outros — que foram recrutados em todo o país e escolhidos a dedo para trabalhar neste voo. Todos foram autorizados pelo Serviço Secreto dos Estados Unidos.

O avião fretado pela Conferência dos Bispos dos EUA levou o Papa da Base Andrews, em Maryland, para o Aeroporto Internacional John F. Kennedy, em Nova York, depois para a Filadélfia e, finalmente, para Roma.

O Capitão George Griffin, um piloto de 53 anos de idade, de Flower Mound, foi o comandante da viagem.

Ele disse que cumprimentava pessoalmente o Papa Francisco toda vez que ele embarcava na aeronave. A movimentada viagem incluiu uma reunião com o presidente Barack Obama, mensagens ao Congresso e à ONU, celebrações de missas, almoço com sem-tetos, reunião com presidiários, e muito mais.

Os dois tiveram algumas oportunidades para passar alguns minutos juntos, o que significava muito para Griffin, que é católico.

A certa altura, Griffin deu um presente da American Airlines para o Papa. Mas não pode revelar o que era.

Enquanto o avião estava indo para a Filadélfia, Griffin disse que pediu ao Papa Francisco que abençoasse a aterrissagem.

O Papa disse que o faria, desde que em troca Griffin orasse por ele, para que tudo desse certo na Filadélfia.

Mais tarde, na viagem, Griffin pediu ao Papa que abençoasse a ele e a sua família, assim como algumas cruzes e rosários que levava consigo.

Francisco consentiu e Griffin disse que realmente não tinha palavras para descrever a experiência.

“Quando você está na presença do Papa, … é um sentimento muito poderoso”, disse ele. “Eu me senti muito abençoado”.

Tom Howard está entre aqueles que ajudaram a planejar a viagem.

Ele disse que o trabalho de planejamento do voo começou em janeiro, depois da escolha da American Airlines como a companhia aérea da viagem papal.

Os arranjos incluíram a escolha de uma aeronave, tripulação, equipes de manutenção, e muito mais — certificando-se de que tudo e todos haviam recebido autorização federal para estar no voo.

“O Papa não queria nenhum tipo de serviço especial”, disse Howard, de 59 anos, um especialista do Centro Integrado de Operações e que estava no voo. “Ele queria que todos no avião tivessem os mesmos serviços”.

Mas tudo tomou tempo.

Só para se conseguir a aprovação do avião que transportaria o Papa, chamado de “Pastor Um”, levou meses e montanhas de documentos.

Apenas algumas alterações temporárias foram feitas no avião para a viagem.

Bandeiras da Cidade do Vaticano e o selo papal foram adicionados à aeronave para torná-la formalmente “o avião do Papa”. E algumas cortinas retiradas de outro avião foram incluídas à área da primeira classe, onde o Papa se sentou.

“O Santo Padre não queria quaisquer modificações no avião que custasse dinheiro extra”, disse Howard.

Howard disse que pediu ao Papa para que abençoasse o avião e ele consentiu.

“Eu não conseguia ouvir o que estava dizendo, mas … ele fez o sinal da cruz.”

Howard, que é católico e tem nove irmãos, trouxe uma mala de itens — incluindo rosários, cruzes e livros — os quais pediu que o Papa abençoasse.

Ele concordou em abençoar a mala e os itens dentro dela.

“Mas agora você tem que fazer uma coisa”, e Howard lembrou-se do pedido do Papa. “Reze por mim”.

Aquele momento, e toda a viagem, disse Howard, foi inspirador e impactante.

“É indescritível”, disse ele.

Agora Howard está concentrado em sua próxima missão: reservar voos charter para o time de beisebol do Texas Rangers nos jogos das finais do campeonato.

Infelizmente, não poderá reservar o Boeing 777–200 que foi abençoado e usado pelo Papa.

Esse avião é maior do que o que o time do Texas Rangers precisa — e já está de volta ao serviço como um avião regular de passageiros (com o selo papal e bandeiras removidos).

Mas Howard disse que espera que o avião que ele vai escolher para os Rangers vai trazer-lhes boa sorte.

“Felizmente, nós os traremos de volta … com o troféu.”

(Texto publicado em 07/10/2015 na revista Crux.)

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