15 obras de autores negros para ver no Dia pela Eliminação da Discriminação Racial

Da política à arte, os negros ocupam cada vez mais espaços na sociedade. Para o 21 de março, escolhido pelo ONU como Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, elencamos 15 obras de pessoas negras para estimular a reflexão sobre o tema

Nicole Goulart
Iguana Jornalismo
14 min readMar 21, 2020

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Giovanna Parise e Nicole Goulart

Foto: Bailey’s Archives/ONU

Dia 21 de março é o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial. A data, criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) faz referência ao Massacre de Sharpeville.

Nesse dia, em 1960, no bairro de Sharpeville em Joanesburgo, na África do Sul, ocorreu um protesto contra a Lei do Passe, que obrigava a população negra a usar uma caderneta que continha os locais onde era permitida sua circulação. Essa lei fazia parte do sistema de Apartheid.

O protesto, organizado pelo Congresso Pan-Africano (PAC), reuniu cerca de 20 mil pessoas. Apesar de ter sido pacífico, a polícia abriu fogo contra os manifestantes, o que resultou na morte de 69 pessoas e mais 186 feridas.

Para lembrar esse dia, a equipe da Iguana Jornalismo selecionou 15 obras de pessoas negras no mundo do cinema, da literatura e da música.

CINEMA

  1. Moonlight, Barry Jenkins
Foto: Cine Pop

Nascido em Miami, na Flórida, Barry Jenkins é diretor, produtor e roteirista. Formado em Cinema e artes Visuais pela Universidade do Estado da Flórida, começou sua carreira com o curta-metragem My Josephine (2003, 8 min). Em 2008, escreveu e dirigiu Medicine for Melancholy. Jenkins também escreveu e dirigiu Se a Rua Beale Falasse (2018), baseado no livro homônimo de James Baldwin.

Antes, em 2016, o cineasta também escreveu e produziu o longa-metragem Moonlight (2016) que é a nossa indicação de filme para o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial.

Foto: Divulgação

Vencedor de três Oscars — Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante para Mahershala Ali e Melhor Roteiro Adaptado para Barry Jenkins e Tarell Alvin McCraney — o filme retrata, em três etapas — infância, adolescência e vida adulta — de Chiron, um jovem negro que mora em uma comunidade pobre de Miami. A história explora as dificuldades que ele enfrenta no processo de reconhecimento de sua identidade e sexualidade.

Baseado na peça de Tarell Alvin McCraney, In Moonlight Black Boys Look Blue, é estrelado por Alex Hibbert, Ashton Sanders e Trevante Rhodes que interpretam Chiron nas três fases. O elenco conta também com André Holland, Mahershala Ali, Janelle Monáe, Jharrel Jerome e Naomie Harris.

Youtube : A24 Films

2. Alma no Olho, Zózimo Bulbul

Foto: Simone Marinho/Agência O Globo

Zózimo Bulbul é o nome artístico de Jorge da Silva, ator, cineasta, roteira e produtor nascido no Rio de Janeiro. Faleceu em 2013 aos 75 anos devido a um infarto. Ele também sofria de câncer no colo do intestino. Começou a carreira encenando peças no Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE), nos anos 1960.

Em 1969, foi o primeiro ator negro a ser protagonista em uma novela brasileira, Vidas em Conflito da TV Excelsior. Atuou nos filmes Ganga Zumba (Dir. Cacá Diegues, 1963), Terra em Transe (Dir. Glauber Rocha, 1967) e A Compadecida (Dir. George Jonas, 1968) — todos pertencentes ao Cinema Novo. Como diretor, Abolição (1988), Pequena África (2002), Renascimento Africano (2010) e muitos outros.

Foto: Reprodução/Youtube

Em 1974, Zózimo Bulbul escreveu, dirigiu, atuou, produziu e montou o curta-metragem em preto e branco, Alma no Olho (11 min) — nossa indicação — é uma metáfora sobre a escravidão e a busca da liberdade através da libertação interna do ser. O filme, inspirado no livro Soul on Ice do Pantera Negra Eldridge Cleaver, é dedicado ao saxofonista e compositor de jazz John Coltrane. Sua música Kulu Sé Mama faz parte da trilha sonora do curta.

Youtube: Karina Pimentel

3. Selma, Ava DuVernay

Foto: Gabriel Goldberg

Ava DuVernay é uma cineasta e roteirista nascida na Califórnia, Estados Unidos. Estudou Inglês e Estudos Afro-Americanos pela Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA).

Começou sua carreira no cinema em 2008, dirigindo o documentário This Is The Life (2008) sobre o movimento alternativo de hip-hop nos anos 90 em Los Angeles. Em 2011, ganhou o prêmio de Melhor Diretora no Festival Sundance de Cinema pelo filme Middle of Nowhere. A 13ª Emenda (2016), Uma Dobra no Tempo (2018) e Olhos que Condenam (2019) são alguns de seus trabalhos.

Foto: Divulgação

Nessa lista, entra a nossa indicação: Selma (2014). O filme é baseado nas marchas da cidade de Selma a capital do Alabama, Montgomery — lideradas por James Bevel, Hosea Williams, Martin Luther King Jr. e John Lewis, em 1965. O elenco conta com David Oyelowo (como Martin Luther King Jr), Stephan James (como John Lewis), Wendell Pierce (como Hosea Williams) e Common (como James Bevel). A apresentadora Oprah Winfrey foi uma das produtoras do longa-metragem e fez o papel da ativista Annie Lee Cooper.

As marchas de Selma a Montgomery fizeram parte do movimento pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, e forma três: a primeira “Domingo Sangrento”, a segunda “Terça-feira da Reviravolta” e a terceira e última marcha foi a caminhada até Montgomery. O resultado do movimento foi a aprovação da Lei dos Direitos ao Voto de 1965.

Youtube: FilmIsNow Movie Trailers International

4. Rainha, Sabrina Fidalgo

Foto: Norbert Kuepper

Sabrina Fidalgo é cineasta, roteirista, atriz e produtora nascida no Rio de Janeiro. Começou sua carreira como atriz-mirim, dos dois aos oito anos de idade, no Teatro Profissional do Negro (TEPRON).

Estudou Teoria do Teatro e Artes-Cênicas na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), depois foi para Munique, Alemanha, onde estudou na Escola de TV e Cinema e fez especialização em roteiro na Universidade de Córdoba, na Espanha.

Ela é diretora e produtora na Fidalgo Produções, produtora independente de cinema, fundada junto com sua mãe, a atriz de teatro, Alzira Fidalgo.

No cinema, começou escrevendo, dirigindo e atuando no curta-metragem Sonar 2006 — Special Report (2006). Seguiu o mesmo processo nos curtas Das Gesetz des Staerkeren (2007), Black Berlim (2009), Cinema Mudo (2012) e Personal Vivator (2014). Ainda em 2014, fez o documentário de média-metragem Rio Encantado.

Foto: Divulgação

Em 2016, dirigiu o curta-metragem Rainha (30 min) — nossa indicação para lembrar esta data. A atriz Ana Flávia Cavalcanti interpreta Rita, uma jovem que sempre sonhou em ser rainha de bateria da escola de samba de sua comunidade.

Quando finalmente consegue o feito, passa a enfrentar situações obscuras em sua vida. O elenco conta também com Ana Chagas, Marília Coelho, Bianca Joy Porte, Jerry Gilli, Eduarda Teixeira, Marcos Andrade, além da própria Sabrina.

Em 2019, Sabrina Fidalgo lançou o curta-metragem Alfazema, o segundo na Trilogia do Carnaval que começou com Rainha.

Youtube: Hysteria

5. Atlantique, Mati Diop

Foto: Yves Salmon

Mati Diop é uma atriz e diretora de cinema nascida em Paris, França, e de origem senegalesa. Ela treinou no Estúdio Nacional de Arte Contemporânea Le Fresnoy e no centro de arte contemporânea Palais de Tokyo, ambos na França.

Atuou no filme 35 Doses de Rum (2008). Fez a sua estreia como diretora com o curta-metragem Last Night (2004) e em 2009, dirigiu outro curta, Atlantique/Atlantics, com o qual ganhou o Tiger Award na categoria Curta-Metragem no Festival Internacional de Cinema de Roterdã (IFFR) em 2010.

Foto: Divulgação

Baseado nesse curta-metragem, Diop escreveu e dirigiu o longa-metragem de mesmo nome lançado ano passado. Atlantique (2019) é a indicação da Iguana para o dia 21 de março , filme que rendeu a Mati Diop o prêmio Grand Prix no Festival de Cannes. Ela concorreu a Palma de Ouro, sendo a primeira mulher negra competindo na categoria, mas o prêmio ficou com o sul-coreano Bong Joon-Ho com Parasita.

Atlantique se passa no subúrbio de Dakar, capital de Senegal, misturando fantasia — através de fantasmas — com a realidade difícil da personagem Ada (Mame Bineta Sane) e seu amor, Souleiman (Ibrahima Traoré), com quem não pode ficar junto. Mati Diop discute no filme questões de classe, refugiados, família e emprego.

Youtube: Netflix Brasil

Sessões extras:

  • Amor Maldito — Adélia Sampaio

Primeiro longa-metragem dirigido no Brasil por uma mulher negra. Lançado em 1984, o filme é baseado em uma história de real. Fernanda, uma executiva, e Sueli, ex-miss, vivem uma história de amor. Reprimida pela família, a ex-miss comete suicídio e Fernanda passa a ser a principal suspeita, sendo julgada por um tribunal preconceituoso.

  • Pioneers of African-American Cinema — Richard Norman, Richard Maurice, Spencer Williams e Oscar Micheaux

A série, lançada em 2015, é uma coletânea de 20 obras — longas e curta-metragens — de pioneiros do cinema negro americano entre 1915 e 1946.

LITERATURA

  1. Quarto de Despejo, Carolina Maria de Jesus
Foto: Carolina Maria de Jesus, 1961 (Divulgação)

Carolina Maria de Jesus foi escritora, catadora de papel, negra e favelada. A mineira, que nasceu em 1914, era filha de pais analfabetos e morou em uma comunidade rural na infância. Apesar de ter sido maltratada, frequentou a escola aos 7 anos e aprender a ler e a escrever.

Seu gosto por leitura, despertado na infância, fez parte de toda a sua vida. Em 1937, perdeu a mãe e mudou-se para São Paulo. Mais tarde, aos 33 anos, engravidou e precisou ir morar na favela do Canindé, pois estava desempregada.

Foto: Capa do livro Quarto de Despejo — Carolina Maria de Jesus

Enquanto trabalhava como catadora de papel, registrava, em seu diário, sua rotina. A partir dessas anotações, surgiu o best-seller Quarto do Despejo — Diário de uma Favela.

O livro foi vendido em 40 países e traduzido para 16 línguas. A autora conseguiu melhorar de vida após o sucesso de sua primeira obra, e ainda publicou o romance Pedaços de Fome e o livro Provérbios.

2. Papéis Avulsos, Machado de Assis

Foto: Projeto Machado de Assis Real

Poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista, crítico literário, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e seu primeiro presidente, carioca e negro. Joaquim Maria Machado de Assis nasceu em 1839 e foi um dos primeiros escritores brasileiros não precedentes de classes sociais mais elevadas.

Acadêmicos costumam dividir sua obra em duas fases, uma “romanesca”, e outra mais realista, que é também a mais famosa. Entre suas obras mais conhecidas estão Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1892) e Dom Casmurro (1899).

Papéis Avulsos foi lançado em 1882, sendo o terceiro de contos do autor. A obra reúne doze contos publicados na imprensa carioca entre 1875 e o ano de publicação do livro. Antes dos contos, Machado de Assis faz uma reflexão sobre reunir os textos em um só livro, afirmando que apesar de serem contos separadas, eles têm algo em comum. Entre eles estão “‘O alienista”, “Teoria do Medalhão”, “Na arca” e “O Espelho”. Assim como seus livros, os contos do autor já foram traduzidos para outros idiomas no mundo inteiro.

Apesar de epilético, Machado morreu de câncer em 1908. O brasileiro é considerado um lembrado na literatura brasileira, latino-americana e mundial. Sua obra é de domínio público, podendo ser acessado aqui

3. Os Intérpretes, Wole Soyinka

Foto: BBC

Wole Soyinka é nigeriano e vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1986 — foi o primeiro africano agraciado na categoria. Estudou na Universidade de Idaban (Nigéria) e na Universidade de Leeds (Inglaterra) em Literatura Inglesa. Em 1967, durante a Guerra Civil Nigeriana, ele foi preso pelo Governo, sendo liberado vinte e dois meses depois.

Foto: site Wook

O autor tem um vasto trabalho, desde de peças de teatro, passando por poesias até roteiros de cinema. Soyinka só escreveu dois romances, um deles é a nossa indicação.

Os Intérpretes (1965) se passa na Nigéria dos anos 1960 e narra a história de cinco personagens — Egbo, Bandele, Sagoe, Sekoni e Kola — que eram amigos no colégio, vão estudar fora do país e voltam como intelectuais que buscam interpretar a si mesmos e a sociedade.

4. Ponciá Vicêncio, Conceição Evaristo

Foto: Léo Martins

Conceição Evaristo é escritora, nascida em Belo Horizonte. A segunda de nove irmãos, foi a primeira a conseguir um diploma universitário. Migrou para o Rio de Janeiro em 1970, onde estudou Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mestre em Literatura Brasileira pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e Doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Trabalhou como professora na rede pública de ensino.

Estreou como escritora em 1990, com contos e poemas na série Cadernos Negros — organizado pelo grupo Quilombhoje. Em 2003, publicou o romance Ponciá Vicêncio e três anos depois, Becos da Memória. Também escreveu contos como Insubmissas lágrimas de mulheres (2011), Olhos d`água (2014) e Histórias de leves enganos e parecenças (2016).

Foto: Divulgação

Em seu primeiro romance, Ponciá Vicêncio, a autora narra — em terceira pessoa e sem linearidade temporal — a história de Ponciá, uma mulher negra, da infância a vida adulta. Junto com os conflitos internos de identidade e perdas, Conceição Evaristo traz o escravidão, a pobreza e o racismo para a narrativa através da aflição e dos questionamentos da personagem.

Traduzido para o inglês e o francês, o livro já foi incluído nas listas de leituras obrigatórias para vestibulares e tema de artigos e dissertações no mundo acadêmico.

5. Se a Rua Beale Falasse, James Baldwin

Foto: Allan Warren

James Baldwin é um estadunidense, que nasceu em 1924, no bairro negro de Manhattan, chamado Harlem. Viveu no período em que as leis de segregação racial vigoravam no sul dos Estados Unidos.

Baldwin abordou temas como a questão racial, a bissexualidade, a homossexualidade, as relações violentas, o encarceramento em massa, entre outros existentes tanto no contexto estadunidense (ao qual ele fazia parte), quanto no brasileiro. O escritor faleceu em 1987, vítima de um câncer.

Foto: TAG Livros, divulgação

Nossa indicação, Se a Rua Beale Falasse (1974) é um romance que se passa nos anos 1970 no bairro nova-iorquino de Harlem. A história narra a luta de Tish para provar a inocência de seu noivo Fonny, que é acusado de ter estuprado uma porto-riquenha, mas sem nenhuma prova que o incrimine. Tish mobiliza sua família e advogados para libertá-lo da prisão.

O livro foi adaptado em 2018 para o longa-metragem de mesmo nome, dirigido por Barry Jenkins — indicamos o filme Moonlight do diretor.

Leituras extras:

  • Quem tem medo do feminismo negro? — Djamila Ribeiro

Publicado em 2018, esse longo ensaio autobiográfico inédito e artigos publicados no blog da revista Carta Capital, a filósofa Djamila Ribeiro recupera memórias de sua infância, adolescência e vida adulta para discutir sua identidade negra. Ela também traz em sua obra conceitos de feminismo, empoderamento, cotas raciais, além das origens do feminismo negro nos Estados Unidos e no Brasil.

  • Meio Sol Amarelo — Chimamanda Ngozi Adichie

O livro foi publicado em 2006 e a narrativa se desenrola no contexto da Guerra Nigéria-Biafra (1967–1970). Nele, a escritora nigeriana conta a história das gêmeas de família rica Olanna e Kainene. Olanna recusa os planos de seu pai para sua vida e passar a lecionar em uma universidade local, sua irmã Kainene assume seu lugar. Com vidas opostas, elas representam os dois lados da Nigéria na guerra que foi uma tentativa de secessão e criação do estado independente da Biafra.

MÚSICA

  1. A Mulher do Fim do Mundo — Elza Soares
Foto: Elizabeth Martins Campos

Elza Soares é uma sobrevivente. Na infância, passou fome. Aos 12, foi obrigada a casar-se e, aos 13, foi mãe. Perdeu quatro dos seus sete filhos. Relacionou-se com o jogador Garrincha por 15 anos.

Quando o relacionamento começou, Garrincha ainda era casado, e Elza foi hostilizada. Durante o casamento, o jogador tornou-se alcoólatra e violento. Além disso, Elza também teve de ficar exilada com o marido, na Europa, durante a ditadura.

A música A Mulher do Fim do Mundo, com 4'37", também dá nome ao álbum lançado em 2015 e que é um verdadeiro grito de resistência.

Youtube: Elza Soares

2. Leal — Djonga

Foto: Daniel Assis, G1 (divulgação)

Gustavo Pereira, ou melhor, Djonga nasceu em Belo Horizonte no dia 4 de junho de 1994. O rapper e compositor ganhou evidência em 2017, com seu álbum de estreia “Heresia”.

Em suas letras, Djonga traz fortes críticas sociais, principalmente em relação à questão racial.

A música Leal, tem 3'33", e foi lançada dentro do álbum Ladrão, em março 2019, que conta com mais nove músicas. O álbum foi considerado o melhor do ano segundo a Rolling Stones.

Youtube: Djonga

3. Não Adianta — Liniker

Foto: Júlia Rodrigues, revista CLAÚDIA

Liniker é uma cantora negra, mulher trans e de origem periférica. A artista compõe e canta músicas de gênero soul e black music. Por cinco anos, ela fez parte da banda Liniker e os Caramelows, da qual anunciou separação neste ano.

Liniker foi capa da Revista Claudia no mês da mulher, este ano, tornando-se a primeira mulher trans e negra a estampar uma edição. A música Não Adianta tem 4'19" de duração e faz parte do álbum Acorda Amor, lançado janeiro de 2020.

4. Ponta de Lança — Rincon Sapiência

Foto: Fernando Cavalcanti

Danilo Albert Ambrosio, conhecido como Rincon Sapiência, é um rapper e cantor brasileiro. Nascido em São Paulo, ele começou sua carreira em 2000 e adquiriu sucesso em 2009 com o lançamento do single “Elegância”.

Em 2005, participou do Fórum Social Mundial, onde realizou freestyle rap de microfone aberto e venceu o campeonato de improviso que ocorreu no local. Seu disco solo Galanga Livre foi eleito o melhor disco brasileiro de 2017 pela revista Rolling Stone Brasil.

Presente neste álbum, está a música Ponta de Lança, com 3'35", que, assim como outras do álbum, mistura o funk com ritmos africanos, sem deixar de lado as críticas sociais.

Youtube: Rincon Sapiência

5. Origens — Rimas & Melodias

Foto: Divulgação

Rimas & Melodias é um grupo musical de hip hop e Soul feminino formado em 2015 pelas integrantes Alt Niss, Drik Barbosa, Karol de Souza, Mayra Maldjian, Stefanie, Tássia Reis e Tatiana Bispo.

O coletivo tem a proposta de desconstruir padrões e fortalecer a presença feminina, sobretudo no hip-hop.

Com um videoclipe de quase oito minutos, a música Origens foi o primeiro single do álbum Rimas e Melodias, lançado em 2017.

Youtube: Rimas & Melodias

Faixas extras:

  • Bluesman — Baco Exu do Blues
Youtube: 999

A música, de 2'53" foi lançada no álbum homônimo em 2018. Com um clipe de 8 minutos em formato de curta-metragem, o cantor ganhou o prêmio da categoria Entertainment for Music do festival Cannes Lions ano passado.

Youtube: TantanBrown

A música com duração de 2'30", foi lançada em 1967, dentro do álbum I Never Loved A Man The Way I Love You. Em 2004, a revista Rolling Stones colocou esse sucesso como a quinta melhor canção de todos os tempos. A cantora transformou a letra em um hino político e feminista.

Giovanna Parise e Nicole Goulart

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