Comunidade do Morro da Cruz recebe Virada Sustentável
A Virada Sustentável de Porto Alegre ocorreu entre os dias 5 e 7 de abril. Enquanto a maior parte dos olhares estavam voltados para as ações realizadas no centro da capital, a programação também chegou à periferia. A comunidade do Morro da Cruz, na Travessa São José, recebeu uma agenda de atividades socioambientais durante o sábado (6), com o tema “Ressignificando o Lixo”.
Entre as ações promovidas, houve palestras sobre reciclagem, rodas de conversa a respeito de sustentabilidade e a organização de mutirões de limpeza. Dezenas de famílias participaram das atividades.
As crianças do Morro realizaram uma oficina fotográfica com a temática “lixo versus natureza”. As fotos produzidas no projeto foram expostas ao longo da programação, juntamente com uma roda de conversa sobre o processo de produção. Para muitos dos participantes, essa foi a primeira experiência na fotografia.
“Foi o primeiro contato que tive com uma câmera fotográfica. Para mim, foi uma oportunidade muito diferente”, conta Kemilly, de 13 anos. Sua colega, Evellyn, de 12, fala sobre o mutirão de limpeza realizado com duas amigas. “Tivemos essa iniciativa pois não gostamos de ver um lugar tão bonito com lixo no chão. Só nós três já conseguimos juntar quatro sacos de material reciclável”.
Houve oficinas de robótica e construção de brinquedos a partir de materiais recicláveis. Além disso, foi realizado um desfile de moda sustentável, com roupas produzidas por costureiras da comunidade. As mulheres do Morro participaram de uma palestra sobre violência de gênero, e os jovens realizaram batalhas de slam.
Além de sustentabilidade e cultura, a Virada Cultural também promoveu qualidade de vida para o Morro da Cruz. Os grupos voluntários Engenheiros Sem Fronteiras e Brasil Sem Frestas realizaram uma ação de climatização de residências reaproveitando caixinhas de leite.
O Projeto Brasil Sem Frestas é pioneiro em Passo Fundo, e ao todo, já contemplou cerca de 215 casas com a climatização através de caixas de leite. Para a ação no Morro da Cruz, o grupo contou com o apoio do Núcleo Porto Alegre dos Engenheiros Sem Fronteiras, ONG que está presente em dezenas de países ao redor do mundo.
A instalação das placas pode ser realizada para aquecer durante o inverno ou refrescar durante o calor, além de impedir a entrada de chuva e pequenos animais através de frestas. Desta vez, a climatização foi realizada em uma pequena loja de roupas da comunidade, e na peça de uma residência.
“A minha lojinha estava cheia de buracos. Quando me fizeram a proposta de forrar com caixas de leite, achei muito legal. Agora, sem as frestas, ficou muito melhor”, conta Elisandra. Sua irmã, Greyce Kelly, também foi beneficiada com a instalação das caixinhas. “Entrava muito vento na minha peça. Agora, já consigo perceber uma grande diferença”.
A Virada Sustentável no Morro da Cruz foi realizada através da organização de coletivos, movimentos sociais, voluntários e da participação dos próprios moradores. A ONG Misturaí liderou a programação, que também contou com o apoio de grupos como Brincar & Criar, Aro Meia Zero, Atelier da Cruz, Clube de Reciclagem Morro da Cruz, Coletivo Autônomo e Cooperativa Paulo Freire, além dos Engenheiros Sem Fronteiras, Brasil Sem Frestas e da Associação Comunitária do Morro da Cruz.
As ações da Virada ocorrem no Brasil desde 2011, e em 2019, foram realizadas em seis municípios do país. O objetivo do movimento é promover informação sobre sustentabilidade através da participação coletiva, tendo como base os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, definidos pela ONU. Em Porto Alegre, também foram realizadas ações no Parque da Redenção, no Parque Germania, no Centro Cultural da UFRGS, e diversos outros espaços da capital.
Rafael Pereira
