UX ou Consultor de Negócios? As novas demandas do mercado fazem sentido — e MUITO

Vanessa Marques
ILA18
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3 min readOct 8, 2018
Dillan Gillis/Unsplash

Uma coisa já sabemos: aquele UX focado única e exclusivamente em interface não existe mais. Es muerto. Sua existência em algum momento da história parece ter sido um equívoco, afinal de contas nunca foi possível dissociar uma solução de interface de um objetivo de negócio. O fato é que trabalhamos assim por muito tempo — e algumas empresas continuam tratando UX como uma disciplina encapsulada em um momento específico do projeto. Já vi casos de designers que sequer tiveram a oportunidade de discutir os porquês de certas escolhas junto ao cliente: simplesmente receberam um briefing pronto e trataram de traduzi-lo em caixinhas, botões e drop-downs. Quando se vira a esquina, os erros desse tipo de processo podem ser fatais, mesmo com uma boa ideia de produto digital em mãos. O designer precisa estar disposto a sair do seu quadrado para discutir a fundo as tomadas de decisão — e isso deixou de ser uma qualidade bônus para ser mandatória.

Na prática, sair do quadrado significa mergulhar nos objetivos de negócio do cliente e, principalmente, entender de onde eles vêm e como a empresa enxerga este caminho para atingi-los. Empresas mais maduras em termos de customer experience costumam ter objetivos traçados de forma melhor costurada às necessidades de seu público alvo, o que facilita bastante a vida do UX envolvido no projeto. Mas, em muitos casos, nosso cliente é um dinossauro das antigas que traça suas metas anuais olhando única e exclusivamente para planilhas, sem levar em conta cada uma das pontas soltas deste novelo. Neste segundo caso nosso papel fica muito mais complexo. É preciso abrir caminho no matagal que encobre o lugar onde precisamos chegar.

Algumas empresas ainda têm resistência em compartilhar com o UX designer suas diretrizes por trás de certos pedidos e solicitações, mas deixou de ser o cenário mais comum. Cada vez mais é possível termos voz e entendimento do panorama de forma mais abrangente, e em alguns casos podemos inclusive questionar os próprios modelos de negócio, como acontece com as startups que ainda estão nascendo. O designer precisa passar a se posicionar de forma muito mais madura e complexa, e isso obviamente exige um repertório proveniente do mundo dos negócios. Um bom jeito de iniciar essa base de conhecimento é pelos livros. Deixo aqui algumas dicas para quem precisa de um ponto de partida:

A Startup Enxuta
Eric Ries

O Lado Difícil das Situações Difíceis
Bem Horowitz

O Estilo Startup
Eric Ries

Quebre as Regras e Reinvente
Seth Godin

Não existe uma receita simples, mas é preciso ocupar este espaço nas mesas de discussão. O tempo vai permitir que você se sinta mais seguro sobre os questionamentos a serem feitos e identificará com mais facilidade os momentos oportunos para colocar cada polêmica ou provocação. O fato é: nosso trabalho vai muito além das telas. Suas bases são profundas e precisam ser investigadas cuidadosamente. A pesquisa com seu usuário final permitirá que você tenha em mãos as informações necessárias dentro de um dos pilares, mas é preciso entrelaçar todas as variáveis dessa equação — e muitos dos seus clientes já esperam isso de você. É uma necessidade presente, e não futura.

Você, como designer, está pronto para ser um consultor de negócios? Compartilhe com a gente suas experiências. :-)

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Vanessa Marques
ILA18
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UX & Service Designer Expert. Co-founder at Plurix Strategic Design.