Lobisomem: a lenda que se mantém com o passar dos séculos

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3 min readNov 12, 2018

Lenda de origem europeia faz sucesso em terras latino-americanas. No Brasil, todo mundo tem uma história diferente para contar.

Joanópolis, capital do Lobisomem, faz dessa lenda um atrativo rentável para o turismo local.
Foto: Barbara Quadrini

Barbara Quadrini, Nathália Léo Castilho e Sabrina Moretti

O lobisomem é uma criatura folclórica conhecida mundialmente. A lenda, de origem europeia, ganhou popularidade por volta do século XVI. De acordo com a história, quando uma mulher tem sete filhas e um filho, o último corre risco de tornar-se lobisomem.

Há relatos que tais crianças costumam ter as orelhas pontudas, são magras, pálidas e a manifestação ocorre na primeira noite de terça ou sexta-feira, após o menino completar 13 anos de idade. O bicho tem o costume de assustar animais, apagar as luzes e uivar de forma ameaçadora. Além disso, segundo o conto, após a primeira transformação o fenômeno se torna perpétuo na vida do sujeito.

De acordo com o mito, o lobisomem caça animais e pessoas para alimentar-se do sangue de suas presas, dando preferência a recém-nascidos que ainda não tenham sido batizados. O fato foi motivo de pânico nas famílias da época, fazendo que todos realizassem os batismos o mais breve possível, a fim de protegerem seus pequenos. Ainda segundo a crença, para acabar com a maldição é necessário o uso de uma bala de prata ou estaca no coração do animal. Vale ressaltar que o conto pode mudar de acordo com cada país e região em que é propagado.

Iraci Maiolli, residente da cidade de Piracaia há 47 anos, conta que seu primeiro contato com a lenda foi na infância, pelos relatos dos seus pais. Porém, ela acreditava que não passavam de fantasias, até que em uma plena sexta-feira 13 do mês de agosto teve o seu primeiro contato com a fera.

A mulher lembra que saiu de carro com o seu marido, pois ia levá-lo ao trabalho durante a madrugada, e viu uma espécie de cachorro muito grande, bem magro, alto, pardo, uma face assustadora e com pelo por todo o corpo. Na curiosidade do momento eles seguiram o lobo para vê-lo mais de perto.

Rua Marechal Deodoro, onde a fera foi vista pela primeira vez por Dona Iraci.
Foto: Natália Castilho

Dona Iraci relata que ficou com muito medo de todo ocorrido, fechando as janelas da casa com lençóis e pregos em toda a volta. Ao amanhecer, procurou entidades religiosas para amenizar o trauma causado. Ela ainda relata que sua filha já tinha passado pela mesma experiência há alguns anos, enquanto observava o marido entrar com o carro na garagem.

Além do mais, outras pessoas da cidade também relataram que suas criações de galinhas e patos, mesmo dentro dos respectivos viveiros, estavam amanhecendo mortos. Mas o que impressionou foi que tais aves estavam com os corpos intactos, apenas o sangue foi consumido pelo predador. Depois, na estrada para Joanópolis, também foram encontradas galinhas nessa mesma situação. Confira a história de Dona Araci:

A propagação do mito foi tão grande que a cidade de Joanópolis, no interior do estado de São Paulo, ficou conhecida como a capital do Lobisomem. Até hoje muitos turistas e curiosos são atraídos para a cidade em busca do monstro. Muitos moradores antigos garantem já terem visto a figura em noites de lua cheia.

Hoje o município tem a Associação dos Criadores de Lobisomens, localizada na Casa do Artesão, com diversos materiais ligados a história, confeccionados e comercializados ao público, além da casinha do bebê lobisomem que é um forte atrativo para as crianças.

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