A troca

Baquiones
Imagine S.A.
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2 min readMar 2, 2018

Tédio, sensação chata que insiste em ficar por um tempo até que, de tão entediante, deixa de existir. Isso era o que aquele rapaz estava sentindo enquanto seu contato não chegava e ele continuava no banco em frente ao colégio.

O trato era que a pessoa chegasse junto com a saída das crianças. Um bom jeito de se infiltrar naquela muvuca de pais e filhos. A chance perfeita para eles.

Mas a hora chegou e nada. Ele já estava pensando que não tinha sido boa ideia confiar naquele sujeito. Tipinho estranho, um olhar confiante demais, mas, pelo menos, tinha dinheiro vivo. Isso compensava aquela cara dele.

Será que valia a pena continuar por ali sendo visto pelo guardinha e o povo que passava na rua? Mais dez minutos não fariam mal e também renderiam o resto da grana.

Alguém veio. Não era o mesmo cara de antes, mas deu o sinal. E carregava alguma coisa na mão esquerda. Devia ser o pacote.

Mas não era. Não aquele pacote. Era uma pistola. E apontava diretamente em direção ao rapaz que, no susto, não soube o que fazer, e caiu depois de seis tiros seguidos. Enquanto ele sangrava, o atirador se aproximava de seu corpo. Várias pessoas se reuniam ao redor querendo saber o que acontecia. O atirador continuava impassível enquanto revistava o morto.

Quando, de repente, ele encontrou um envelope e de dentro dele tirou um conjunto de fotos. Passou uma por uma, se enfurecendo cada vez mais. E então sacou um isqueiro, queimou todas e voltou de onde veio.

Algumas pessoas tentaram pegar o que sobrou das cinzas. E uma mulher deu um suspiro profundo quando identificou o que eram. No mesmo instante, o atirador passava de carro em frente a eles e, no banco de trás, uma criança olhava pela janela. Diferente das fotos, dessa vez ela não estava amarrada e nua.

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