Ilusões intergalácticas

E com tantos lugares possíveis para os extraterrestres virem nos visitar (e com isso digo desertos, florestas, oceanos, helipontos no meio das grandes metrópoles ou a boa e velha fazenda no meio do nada), eles escolhem justo a piscina, em pleno feriadão ensolarado.

É pra acabar.

O condomínio se encheu de jornalistas e curiosos de todo tipo, com suas câmeras e smartphones apontados direto para aquela cápsula que planava há dias na água. Deviam saber o que estavam fazendo, os ETs. Digo, eles deviam ser anfíbios ou sabe-se lá o quê que goste de água.

Os malditos esperaram até a segunda de manhã para darem o ar de sua graça. Eu estava no trabalho, mas não faltaram vídeos praticamente em tempo real da abertura da cápsula lotando a memória do meu celular.

A cena que se seguiu pode ser vista e revista em qualquer canal aberto, e foi o que eu fiz. Dei uma parada no corredor e olhei meio de esguelha para a sala de espera, onde uma TV de 50 polegadas transmitia o primeiro extraterrestre dando o primeiro passo registrado no nosso planetinha caipira. Finalmente, depois de tantas dúvidas acerca da existência de vida inteligente (dentro e) fora da Terra, haviam provas irrefutáveis do contrário. Que intenções traria consigo? Que informações poderia compartilhar? A comoção era geral.

E então, a criatura se dissolveu completamente na água. Em segundos.

É, não foi dessa vez, amigo.