Tudo que não sei

Letícia
Imediatismos
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2 min readJul 21, 2020

Hoje, influenciada por um podcast, parei para pensar sobre tudo que não sei.

São tantas as opções que não poderia mencionar a todas tanto pela quantidade quanto por nem saber quais são todas essas coisas que não sei. Não sei física, não sei química e nem muito de biologia. Não sei nem uma minúscula parcela de todas as línguas que existem e nem mesmo de todas as palavras da minha língua materna. Não conheço todos os sentidos e nem muito menos todos os sentimentos. Quantas vezes eu apenas senti sem entender muito bem o quê, sem ter um conceito ou um nome para a sensação!

A única coisa da qual sei muito é a minha própria ignorância. E como a amo! Dentro dela sou animalzinho protegido, criança abraçada. The Age of Innocence.

Fico imaginando como seria se eu soubesse de todas as coisas. Se em minhas sinapses carregasse a sabedoria do tudo, quanto tempo será que eu duraria antes de explodir em mim mesma? Talvez durasse alguns segundos enquanto todas as conexões eram ativadas, todos os assuntos completavam uns aos outros e toda a cronologia da História se construía em enciclopédia na minha mente. Talvez durasse alguns segundos e então, logo em seguida, eu não mais saberia nada.

Passaria a saber menos do que antes sabia porque a arrogância de saber tudo por esse instante me tirou a sabedoria da minha ignorância. Na minha mente e nos meus olhos ficariam o branco de Saramago. Cega pelo clarão ofuscante de tudo saber.

Se nascesse sabendo tudo também nada saberia. Nada saberia porque não poderia compreender tudo o que sei. Nem sequer poderia compreender o significado de sabedoria. Saber e ser sábio não são sinônimos e nem mesmo primos, eu diria. Sabendo tudo eu nunca entenderia o não saber.

Tudo o que sei é apenas uma estrelinha como vista daqui da Terra. Um pontinho cercado pelo mar do não saber.

E o quão bonito é isso tudo, no fim das contas… que o pontinho brilhante de saber de cada um forme a colcha de luz do universo!

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