Sociólogo atua para assegurar os direitos dos imigrantes

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2 min readSep 29, 2018

Vanito Bonandji veio de Guiné Bissau para o Brasil. A história dele é uma pouco diferente da maioria dos imigrantes que chegam ao país. Ele foi incentivado a mudar de país por conta de uma bolsa de estudos em Porto Alegre.. Foi uma professora brasileira que lhe mostrou a oportunidade. Vanito é formado em Ciências Sociais pela UFRGS e possui mestrado em serviço social e política social. Ele também é um dos organizadores do Fórum de Mobilidade Urbana, evento que trata de questões relacionadas a imigração.

Houve uma mudança recente (março de 2017) na legislação sobre imigrantes no Brasil. Ela trouxe avanços?
Na década de 80, a constituição tratava o imigrante como uma ameaça. Hoje, a nova legislação protege e defende o direito dos imigrantes. A nova lei trouxe avanços, apesar de ainda conter muitas falhas. Houve avanços do ponto de vista humanitário, mas por outro lado, a lei ainda visa o imigrante como uma mão de obra.

Do ponto de vista sociológico, como você analisa o preconceito que os imigrantes sofrem?
O africano é quase sempre retratado de forma negativa. Muitos jornalistas, ao abordarem o povo africano em reportagens, só destacam questões como guerra civil e fome. As coisas positivas não aparecem nos jornais tradicionais. Isso tudo ajuda a construir uma visão criminalizada do africano.

Como você enxerga as oportunidades de emprego para os imigrantes que chegam ao Brasil?
No Brasil, a burocracia dificulta muita a vinda dos imigrantes. Muitos dos que vêm para cá demoram para ter a situação regularizada. Não existe imigrante ilegal. O que existe é uma pessoa que não teve sua situação jurídica regularizada. Os imigrantes lutam pela regularização, mas existe muita burocracia. Em vez de facilitar, a burocracia brasileira dificulta o processo, cobrando documentos caros, além de demorar muito tempo. Muitos imigrantes são qualificados, falam diversas línguas, mas não são devidamente valorizados mesmo tendo capacidade para desempenhar uma determinada profissão. Para quem chega em Guiné Bissau, por exemplo, é muito mais tranquilo. O processo de burocracia dura em torno de um mês para a oficialização dos documentos.

O Estado brasileiro ajuda o imigrante de alguma forma?O ser humano tem o direito de migrar, mas muitas vezes o Estado acaba interferindo nos direitos dos próprios imigrantes, não trazendo benefícios na questão de cidadania. Mesmo com uma legislação que os protege, os imigrantes não possuem os mesmos direitos que os cidadãos naturalizados.

A esquerda se encontra Vanito participando do segundo congresso de Direitos Humanos e Migrações forçadas na PUCRS

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Iniciativa destinada a compartilhar narrativas sobre a história de imigrantes que chegam ao RS em busca de oportunidades

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