Steeve Pierre Zephir: “O Brasil era uma terra de passagem”
Haitiano, 33 anos, administrador, empreendedor.
Por ter um ensino muito caro, o Haiti tem uma cultura de valorização ao estudo, como conta Margarita Rosa Gaviria Mejía em seu artigo, muitos deles vieram ao Brasil por meio de uma bolsa de estudos. E esse foi o caso de Steeve, com o auxílio do Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G) chegou a Porto Alegre em 2007 para cursar Administração na UFRGS.
Desde a época da faculdade já pensava em abrir negócios. Dava aulas de dança africana em vários lugares para conseguir um dinheiro extra. Comecei a empreender em 2010. Em parceria de um amigo, fundamos uma produtora onde realizávamos festas pela cidade. Então inaugurei uma sala de dança no centro, onde dava aulas, mas por falta de base acabei fechando. Mais tarde, criei um projeto onde dava aulas e cursos da dança africana, anga online. O projeto cresceu financeiramente e com isso tive dinheiro para abrir uma academia de musculação na Zona Sul da cidade em 2016. O espaço tinha 300 metros quadrados. Cheguei a alcançar 250 clientes. Para o espaço, com este número de clientes não consegui mante-la. E então tive que fechar o local no dia 3 de setembro deste ano.
Por chegar com visto de estudante, no início não tinha a possibilidade de trabalhar com carteira assinada e sua experiência para o mercado de trabalho veio apenas por estágio voluntário na faculdade. Mais adiante a dança surgiu como uma oportunidade, dar aulas de dança africana foi o que o manteve aqui.
Teaser da academia que Steeve abriu por conta própria em 2016.
A família Pierre Zephir está espalhada entre o Haiti, Estados Unidos e Europa. Com saudade, revela que sonha todas as noites com o país e pelas necessidades da vida a adaptação é necessária. Mas se acomodou muito bem aqui no sul. Tem uma filha de 5 anos e hoje apenas pensa em ter condições financeiras para deixar um legado para ela.