Os melhores do mundo ao longo do tempo

Thiago Barone
Imponderável FC
Published in
6 min readOct 29, 2017

A eleição dos melhores jogadores do mundo, feita semana passada na sede da FIFA, em Zurique, e que elegeu Cristiano Ronaldo pela quinta vez como o top dos tops, me despertou uma vontade de olhar um pouco além do jogador e dos três primeiros colocados.

Antes de começar para valer, é bom ressaltar que essa análise é muito mais quantitativa, ou seja, mostrarei números e mais números, que, apesar de na maioria das vezes não provarem muita coisa, podem ajudar a entender certas tendências. Fiz uma divisão no post, ora falando de jogadores, ora de países, ora de clubes…

Analisando todos os ranqueados pelas votações da FIFA, o que se percebe é que no ano da Copa do Mundo, há uma tendência a um maior número de atletas do país que é campeão.

Em 2014, por exemplo, a lista dos 10 melhores jogadores do mundo trouxe uma forte presença de atletas alemães, quatro no total (Neuer em terceiro, Müller em quinto, Lahm em sexto e Kroos em nono), igualando o Brasil de 1994, que colocou o mesmo número de atletas no top 10 (Romário como melhor do mundo, Bebeto em sexto, Dunga em oitavo e Mauro Silva em nono). Apesar desse bom desempenho, o recorde ainda é da Espanha, que, após ser campeã mundial em 2010, colocou cinco atletas na lista (Iniesta em segundo, Xavi em terceiro, Casillas em sétimo, Villa em oitavo, e Xabi Alonso em décimo).

Verificando os nomes de um ano antes do mundial, nota-se que não há, necessariamente, uma relação entre o número de indicados aos melhores do mundo com o resultado final na Copa. Em 1993, o Brasil havia colocado três jogadores na lista (Romário em segundo, Bebeto em sétimo e Raí em décimo). Já em 1997, ano que antecedeu o título mundial da França, havia apenas Zinedine Zidane entre os 10 mais — e na quarta colocação. Em 2001, a não-tendência se repetiu. Apesar do brilho de diversos jogadores no mundial de 2002, o Brasil teve apenas Rivaldo na lista de melhores — quinto colocado.

Quatro anos depois, na véspera do Mundial da Alemanha, a Itália também contava com apenas um atleta entre os 10 melhores do mundo — Paolo Maldini ocupou a nona posição naquele ano. Já em 2009, a Espanha repetiu o resultado brasileiro de 1993, colocando três atletas na lista (Xavi em terceiro, Iniesta em quinto e Fernando Torres em sétimo). Em 2013 não havia nenhum jogador alemão no Top 10.

Países

Nesses 23 anos de premiações, atletas de 29 países (18 de Europa, 4 da América do Sul e 7 da África) estiveram entre os 10 melhores jogadores do mundo. O Brasil, com 44 indicações, sendo 15 atletas únicos, é o líder nas duas categorias.

Se olharmos apenas o número de indicações, a Espanha é a segunda colocada, com 28 nomeações, seguida da Itália, que tem 26, e a França, com 24. Porém, considerando apenas o número de jogadores únicos, o segundo lugar fica com a Alemanha e a Itália, com 11 jogadores cada, tendo na cola a Holanda, com 9. A Inglaterra aparece em quarto, com 8 jogadores.

Clubes

O clube com maior número de jogadores presentes no Top 10 mundial é o Barcelona, com 55 atletas nos últimos 26 anos. Em segundo lugar vem o Real Madrid, com 50 — ambos são os únicos clubes a estarem presentes em todas as premiações desde 2006, com vantagem para o time catalão, que coloca ao menos dois jogadores em cada edição. Em terceiro lugar vem o Milan, com 28 indicações, mas que não emplaca ninguém entre os primeiros desde 2008.

Neste duelo espanhol, porém, o Real leva vantagem no número de atletas presentes em uma única edição, cinco em 2003 (Zidane como o melhor, Ronaldo em terceiro, Roberto Carlos em quinto, Beckham em sétimo e Raul em oitavo). Já o Barça conseguiu colocar quatro jogadores em três edições, em 2008 (Messi em segundo, Xavi em quinto, Eto’o em sétimo e Iniesta em nono), em 2010 (Messi em primeiro, Iniesta em segundo, Xavi em terceiro, e Villa em oitavo) e em 2016 (Messi em segundo, Neymar em quarto, Luis Suarez em quinto e Iniesta em nono).

Em 2010, aliás, o Barcelona ainda quebrou um recorde — único time a colocar três jogadores como os três melhores do mundo. Esse feito quase foi conseguido pelo clube em outras três edições. A primeira em 1994 (Romário em primeiro, Stoichkov em segundo e Hagi em quarto — Roberto Baggio, jogador da Juventus na época, foi o terceiro). A segunda vez foi em 2011, com Messi levando o título novamente, Xavi em terceiro e Iniesta em quarto (Cristiano Ronaldo, já no Real Madrid, ficou em segundo naquele ano). A terceira vez foi em 2012, com os mesmos jogadores, tendo apenas Xavi e Iniesta invertido suas posições.

Não muito atrás, o Real Madrid também já quase conseguiu esse feito por duas vezes. A primeira foi em 2001 (Figo, que havia se transferido do Barcelona para o clube merengue e ficou com o título, Raul em terceiro e Zidane em quarto — Beckham, na época no Manchester United, ficou em segundo). A segunda vez foi no ano seguinte, com Ronaldo, recém-chegado da Inter de Milão, em primeiro, Zidane em terceiro e Roberto Carlos em quarto (Oliver Kahn, do Bayern de Munique, foi o segundo colocado).

Ao todo, a Itália é o país que tem maior número de clubes com jogadores entre os indicados — 9 no total. Em segundo vem a Inglaterra, com 8, seguida da Espanha, que tem 6. A Alemanha aparece em quarto lugar, com 4 times.

No geral, 13 clubes tiveram apenas uma indicação a melhor jogador do mundo. A Sampdoria (com Gianluca Vialli em nono) e o Torino (com Enzo Scifo em décimo) tiveram seus indicados em 1991. O Ajax viu Dennis Bergkamp ser indicado ao prêmio e ficar em sétimo lugar em 1992, e o Monaco teve Jürgen Klinsmann em nono.

O Eintracht Frankfurt teve Tony Yeboah em nono lugar, em 1993. O Stuttgart teve sua única nomeação em 1994, com Dunga, que terminou em oitavo. Já o Middlesbrough teve em 1995, sendo o brasileiro Juninho Paulista o nomeado — terminou em oitavo. O Flamengo, também em 1995, foi o primeiro clube fora da Europa a colocar um jogador entre os 10 melhores do mundo — Romário, que terminou em quarto*.

Em 2000, Alessandro Nesta ficou em oitavo lugar enquanto atuava pela Lazio. Em 2011, Neymar ficou em décimo jogando pelo Santos e, neste mesmo ano, o Anzhi viu Eto’o ficar em oitavo lugar na lista dos melhores jogadores do mundo. Mais recentemente, em 2016, o Leicester emplacou Mahrez na sétima posição.

Jogadores

Sou da época em que achávamos um absurdo Zidane e Ronaldo estarem quase sempre entre os três melhores do mundo. Mal sabíamos que Messi e Cristiano Ronaldo elevariam o tom da conversa, tendo o argentino aparecido oito vezes, e o português, sete vezes. No entanto, se ampliarmos a análise para quantas vezes cada um apareceu no Top 10, CR7 leva vantagem sobre Lionel, vencendo por doze a onze.

Voltando no tempo, Zidane e Ronaldo aparecem no Top 10 por 9 e 6 vezes, respectivamente, e entre os três melhores do mundo cinco vezes cada um. Mas, abrindo espaço para o momento especulação, o brasileiro pode ter uma vantagem.

De 1999 a 2001, o Fenômeno atuou muito pouco devido as lesões que teve no joelho. Considerando que, enquanto esteve em condições de jogo, Ronaldo se manteve entre os três melhores do mundo (período de 1996 a 1997, e depois de 2002 a 2004**), não é absurdo imaginar que em algumas dessas premiações ele pudesse estar como um dos finalistas e, com isso, fazer frente a Cristiano Ronaldo e Messi.

Posições

A posição com maior número de indicação a melhor do mundo é o ataque, com 51. Meias foram indicados 31 vezes. Zagueiros e Volantes empata, com 9 indicações . Goleiros surgiram 5 vezes na lista enquanto os laterais apareceram 3 vezes.

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